Detroit pode, mas Portugal não
A cidade de Detroit, nos Estados Unidos da América, foi à falência.
Com menos população, com menos receitas fiscais, com muita despesa extra e desnecessária e muita corrupção, teve um fim desagradável, o estoiro das contas.
Mas, e essa é a novidade, quando na América uma cidade ou um estado, ou uma grande empresa, vão à falência, há leis especiais que entram de imediato em funcionamento.
Para as empresas, é o famoso capítulo 11. Para as cidades, como Detroit, é o capítulo 9.
Ambos protegem as instituições contra a voracidade dos credores, permitindo-lhes executarem planos de recuperação financeira que passam, eis a palavra mágica, pela "reestruturação da dívida".
Eis como, em países civilizados, se resolvem problemas difíceis.
Porém, na Europa não há disto.
Não há um capítulo 11 ou um capítulo 9 para países que estão aflitos.
Ninguém aceita o princípio da "reestruturação das dívidas", ninguém aceita que os credores percam dinheiro.
Sobretudo porque esses credores são alemães.
É uma infelicidade para a Europa. Enquanto na América as coisas se resolvem depressa e com soluções inteligentes, por cá andamos aos solavancos, afundados numa austeridade estúpida que nada resolve.
A Europa continua mergulhada na armadilha da dívida.
Já a América avança.