Bei a 2 de Julho de 2012 às 07:32
Antes da Srª Merkel estar lá no seu poleiro, já nós andávamos há muito a cavar a nossa tumba. E continuamos. A famosa austeridade é selectiva, é só para alguns. É a seleçcão natural na sua mais perversa versão economico-financeira. Atacam-se os mais fracos, para que os mais fortes possam manter as suas mordomias. As secretarias de estado, as empresas públicas, os institutos públicos e um longo etc., já para não falar na própia Assembleia da República, são o sorvedouro da riqueza nacional. É a Merkel que tem culpa disto?
É a Merkel que tem culpa de que haja uma justiça à medida do poder, da fortuna e da influência cada um? O que tem a Merkel a ver com os casos Casa Pia, Secretas, Freeport, Portucale, ...?
Na realidade, esta "derrota", como lhe chama o Domingos Amaral, em nada vai favorecer Portugal, somente Espanha e Itália.
Ainda assim, mesmo que a Alemanha e os grandes da Europa contribuíssem com algo para nos tirar da crise, esse algo ia ser comido pelos parasitas do costume e, quando chegasse a altura de retribuir, lá tínhamos outra vez o Zé Pagante espremido, prensado e centrifugado, para lhe sacarem tudo, até ao último cêntimo.
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Agora, uma palavrinha àqueles que, declarada ou implicitamente, me chamam salazarista. Criticar os governos que tivemos desde o 25 de Abril, não é, necessariamente, afirmar que o que tínhamos antes é que era bom. Esse racicínio falacioso é o resultado de uma eficaz campanha de demonização do salazarismo, levada a cabo por quantos exerceram o poder ou, de algum modo, beneficiaram com a mudança de regime, para mascarar a sua própria inépcia governativa e a pouca fidelidade aos princípios que afirmam defender.
O golpe de estado de 25 de Abril de 1974 foi levado a cabo por um grupo de militares do exército português que preferiam polir cadeiras com o seu distinto nalgueiro a combater. Aconteceu que a única força política relativamente organizada, na altura, era o Partido Comunista. Foi, portanto, a opção natural para tomar as rédeas do Estado.
Houve, entretanto, alguma personagens sinistras, muitas das quais, então, exiladas, que, só por serem contra o regime, mas sem nada terem feito para o derrubar, se acharam no direito de pendurar ao pescoço as medalhas de "revolucionário" ou "combatente pela liberdade". O que estas personagens, sua descendência e seus sequazes fizeram foi instalar-se no poder o mais depressa que puderam, acautelar os seus interesses pessoais e tirar o máximo proveito da situação.
De facto, nada mudou. Os que continuam a pagar e a sofrer são os mesmos: ex-combatentes, retornados, operários, pequenos empresários, etc., enfim, a arraia miúda.
Ditosa pátria, que tais filhos tens!