Nem o Chavez morre nem a gente almoça...
Quantas vezes já se disse que Hugo Chavez tinha morrido, ou estava para morrer em breve, ou estava em fase terminal? São tantas que já ninguém acredita. Daí o título deste post, que é uma variação de um provérbio português, cujo significado é evidente.
Este culto da "quase morte" de Hugo Chavez já dura há mais de ano e meio. Foi no já longínquo ano de 2011 que se soube que Chavez tinha um cancro, e que ia ser tratado. Pouco tempo depois, lá foi ele a correr para Havana, para perto do seu amigo Fidel e dos médicos cubanos, que pelos vistos são muito melhores do que os venezuelanos.
A dada altura, já não consigo precisar quando, pois isto tem sido muito confuso, correu o rumor de que Chavez tinha morrido em Havana. Mas, logo depois houve um desmentido, afinal não era verdade, ele estava vivo!
A confusão não parou por aqui. Houve até um momento em que circulou uma fotografia na net, supostamente de Chavez em estado terminal, já careca e em péssimo estado, só que no dia seguinte houve outro desmentido, e provou-se que a foto não era de Hugo Chavez, mas de outro qualquer pobre coitado.
Entretanto, continuaram as operações e os tratamentos a Chavez, e continuaram também as viagens, de Caracas para Havana, e de Havana para Caracas. Neste momento, por exemplo, alguém sabe onde Chavez está? Sim, pense uns segundos sobre o assunto! Ele está em Havana a ser tratado, ou em Caracas, também a ser tratado? Eu não me lembrava.
Segundo consegui perceber, hoje está em Caracas, num hospital, mas amanhã pode ser que já esteja em Havana. E está melhor ou está pior? Segundo as notícias, hoje está muito pior, quase a morrer, mas como se sabe no caso de Chavez, pode ser que amanhã já esteja melhor.
Se pensam que estou a brincar, fiquem a saber que o estado de saúde de Chavez é um assunto político sério, e o vice-presidente que o está a substituir já disse que não vai admitir "terrorismo político" sobre as notícias relativas à saúde de Chavez. Não se percebe bem a que tipo de "terrorismo" ele refere, mas é uma declaração impetuosa e relevante.
Talvez a causa disto tudo seja mais simples. Desde que iniciou os seus tratamentos, em 2011, Chavez proibiu qualquer relatório médico de ser revelado em público. Ou seja, não há cá informação científica sobre a sua doença. O que há são rumores, propaganda, contra-propaganda, uma história que nunca mais acaba e onde nunca se sabe o que é verdade e o que é mentira, excelente alimento para este culto da "quase morte" de Chavez .
Se ele morrer um dia destes, vamos finalmente poder almoçar, como diz o provérbio. Nós e os venezuelanos, que já devem estar um bocado fartos desta lengalenga infindável.