Segunda-feira, 10.12.12

Portugal ainda existe?

Por vezes, tenho a sensação estranha de que Portugal já não existe. Sim, ainda temos bandeira e hino, e seleções nacionais em muitos deportos, mas fora isso, será que ainda somos um país independente, uma nação autónoma? 

Não se trata apenas de uma questão conjuntural. Não digo isto porque estamos numa crise económica, num programa de resgate financeiro, sem grande autonomia para escolher o nosso prórpio caminho. É evidente que isso agrava a sensação de impotência, mas não a esgota, bem pelo contrário.

Na verdade, somos já uma espécie de Arkansas, um estado dentro de uma estrutura política maior, que tem os mesmos 10 milhões de pessoas a viver que o Arkansas, mas que não é independente, nem sequer vale muito em influência ou em PIB.

O nosso caminho é tornarmo-nos um estado pequeno dentro de uma comunidade cada vez maior de estados. Para o euro sobreviver, e para a União Europeia ter futuro, vai ser necessária cada vez mais integração, política e económica.

Hoje fala-se numa "união bancária", apresentada com essencial para o fim da crise, mas depois será necessária uma união fiscal e orçamental, com impostos europeus; e a seguir teremos de ter uma Segurança Social europeia; e depois virá uma união política, com eleições directas para a presidência da Europa.

Para que a Europa exista, vai ser preciso que os países morram, deixem de ser países como os conhecíamos, para passarem à mera condição de estados federados, ou outra coisa qualquer. Além de não termos moeda, não teremos também grande possibilidade para nos governar, pois será a Europa a fazê-lo por nós.

Se será mau ou bom, só o futuro o dirá, mas a verdade é que cada passo dado nesse caminho é um passo para o fim de Portugal como o conhecemos.

Sim, restará uma bandeira, um hino, uma língua, um sentimento geral, uma História, seleções nacionais, mas a verdade é que, seja na economia, seja na política, o pouco que ainda éramos vai em breve desaparecer. Portugal vai acabar, e o que vier será outro Portugal, mas já não o mesmo.

publicado por Domingos Amaral às 12:07 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 07.12.12

O mundo é um gigante jogo de vídeo

Em casa de um amigo meu, sempre se havia jogado muito. A avó praticava o bridge com as amigas, o pai apostava nas corridas de cavalos inglesas, ele crescera a lançar os dados do Monopólio. Porém, nunca vira nada como isto. Quando entrou na sala e olhou para a família, não havia um único deles que não estivesse a jogar. 

O irmão jogava partypoker, no notebook que recebera nos anos. Adorava, tornara-se um especialista, e já ganhara dinheiro várias vezes. A cunhada por vezes protestava, mas como também jogava muito Tetris no seu iPad, tinha pouca legitimidade. Era o caso, no momento. 

Já a sua mulher estava com o laptop aberto, em cima da mesa, conectada no Facebook, a jogar Cityville. Todos os dias, dezenas de amigos "convidavam-nos" para jogar jogos com nomes extraodinários como Bubble Safari, Gardens of Time, Ruby Blast Adventures, que ela ia experimentando à vez. 

A um canto da sala, a sua filha mais velha teclava o Angry Birds furiosamente no seu telemóvel, como se o futuro dela dependesse dos resultados. E em frente à televisão, o seu filho, com o primo ao lado, girava os comandos da Playstation 3 com imensa perícia, conduzindo o seu automóvel no jogo Grand Theft Auto 5, a última coqueluche, que os obrigara a uma viagem específica ao centro comercial. 

Quando informou a família de que eram horas de jantar, pois estava cheio de fome, nenhum deles levantou sequer a cabeça. O irmão virava cartas, a mulher dava ao dedo, a cunhada premia botões, a filha murmurava improprérios, o filho mexia os braços e o sobrinho admirava o ecran da televisão, mas ninguém queria jantar. 

Jantar era uma coisa do passado, já ninguém jantava à mesa, nem conversava. Era capaz de até haver jogos sobre isso, bem melhores que a realidade. Portanto, foi para o quarto e abriu o seu computador. Com sorte, ainda ganhava mais que o irmão...

publicado por Domingos Amaral às 15:56 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 06.12.12

Gabriela e a infidelidade das mulheres

Está quase a acontecer a traição de Gabriela ao marido Nacib! Pé ante pé, o ardiloso Tonico Bastos tem vindo a seduzir a moça com mimos e presentes, e ela está prestes a render-se, colocando um terrível par de cornos no dono do bar de Ilhéus.

Da história de amor que é que Gabriela, há alguns ensinamentos a retirar. O principal é: nunca proiba a sua mulher de dançar! Foi aí que o descalabro começou, quando Nacib impediu Gabriela de ir bambolear-se ao som da música na rua. O desejo do árabe em que ela se tornasse uma "dama da sociedade" era tão grande, que atrofiou Gabriela numa teia de obrigações, matando a sua felicidade.

É essa a moral da história: marido que proibe a mulher de fazer o que gosta, dá-se mal no fim, e não escapa ao par de cornos. Gabriela, antes do casamento, era uma mulher livre, sorridente, feliz, e extraordinariamente apaixonada por Nacib. Porém, mal se casou com ela, Nacib começou a obrigá-la a ser diferente, a negar a sua natureza livre, pura e infantil.

Mandou-a calçar sapatos quando ela gostava era de andar descalça, proibiu-a de brincar na rua com as crianças, impôs os vestidos apertados e os chapéus, e não descansou enquanto não a levou para as reuniões sociais das damas de Ilhéus, para a missa, ou para chatíssimos recitais de poesia.

Um dia, chegou mesmo a oferecer a Gabriela um pássaro numa gaiola, uma metáfora perfeita do desentendimento entre os dois. Para Nacib, o pássaro na gaiola era uma companhia; para Gabriela, era uma tortura impensável prender uma ave que nascera para voar!

E assim os dois se foram afastando. Gabriela, às escondidas, soltou o pássaro. Nacib enfureceu-se e nesse dia o principe encantado de Gabriela transformou-se  num sapo, chato e incómodo.

É neste alçapão de amargura e infelicidade feminina que entra o manhoso Tonico, cujo único objetivo é deitar-se com Gabriela, mas que topou que a ternura lhe atingiria o coração carente, e portanto o sexo, pois nas mulheres o sexo e o coração são quase sempre o mesmo órgão. E assim Gabriela irá sucumbir, traindo Nacib.

Portanto, nós, homens do mundo, temos de perceber esta profunda verdade: quando mais prendermos as mulheres, mais depressa nos crescem os cornos.

publicado por Domingos Amaral às 12:07 | link do post | comentar | ver comentários (5)

Messi é o rato Mickey do Barcelona

A Disney tem o rato Mickey e o Barcelona tem Messi, é uma das conclusões a que chego no meu novo livro "Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?". Mas ontem, o rato do Barça teve pela frente um grande guarda-redes, Artur, que o impediu de brilhar!

Espectacular, a forma como Artur mergulhou aos pés de Messi e lhe desviou a bola, impedindo-o de marcar um golo quase certo, e conseguindo ainda recuperar a posição e defender o segundo remate de Messi, em cima da linha de golo. É de jogadores assim que o Benfica precisa, e Artur é o melhor guarda-redes do Benfica desde Preudhomme.

Infelizmente, lá na frente não estivemos tão inspirados. Rodrigo falhou, Lima também, o mesmo se passou com Ola John, Nolito e Maxi Pereira, e assim o Benfica vai para a Liga Europa, e não conseguiu dar a estocada num Barcelona muito desfalcado.

Por um lado, é pena, pois era bom ter ganho e continuar na Champions. Por outro, até é bom, pois parece-me que este Benfica tem bem mais possibilidades de chegar longe na Liga Europa do que na Champions. O mínimo que se exige é a meia-final, até porque não podemos desconcentrar do campeonato, que este ano é possível de conseguir.

No meu livro, mostro que quem paga salários mais altos é normalmente campeão. Ora, este ano a diferença entre FC Porto e Benfica é muito pequena. Segundo os relatórios trimestrais das SADs dos dois clubes, o FC Porto gastou no primeiro trimestre 11,7 milhões de euros em salários e o Benfica gastou 11,2, ou seja, estão mesmo muito perto e portanto ambos têm hipóteses de vencer no final. Se continuarmos concentrados, podemos ser campeões!

publicado por Domingos Amaral às 11:39 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quarta-feira, 05.12.12

Uma Alemanha fortíssima numa Europa fraquíssima

Angela Merkel é adorada na Alemanha, mas poucos gostam dela no resto da Europa. Não admira. Enquanto a Alemanha se encontra forte e em grande forma, à sua volta espalha-se uma crise gravíssima. Merkel foi ontem reeleita líder pela sua CDU, que a aplaudiu de pé durante oito minutos, mas fora das suas fronteiras a apreciação é diferente.

É o que acontece a quem se especializou em dizer "Não" a tudo. Desde 2009, ano em que foi reeleita para chanceler da Alemanha, Merkel esteve sempre contra as mudanças necessárias para a Europa sair da crise. Não, não e não, foi a sua resposta inicial a qualquer ideia que pudesse ajudar a Europa. Foi essa a política da Alemanha: dizer Não, mesmo que uns meses depois fosse quase sempre obrigada a aceitar mudanças.

É importante recordar o seu primeiro Não. Foi em 2009, quando disse que a Alemanha não garantia a dívida dos outros países. Esta declaração, talvez a mais grave de todas, gerou uma crise de confiança nos mercados da dívida soberana. Se a Alemanha, o país mais rico e mais poderoso do euro, não ajudava, então quem ajudava? As taxas de juro de países como Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Chipre, Itália, e mesmo França e Bélgica, desataram a subir. A crise rebentou.

No início de 2010, Merkel disse o seu segundo Não: não queria um resgate europeu à Grécia. A Grécia afundou cada vez mais, e em meados desse ano, a Europa inteira e o FMI lá acabaram por reconhecer que não havia outra solução, e a Grécia foi mesmo resgatada, embora em condições terríveis e com juros altíssimos, o preço imposto pela Alemanha para aceitar esta contrariedade.

Com a Irlanda e com Portugal, o mesmo filme: primeiro Não, depois lá teve de ser o Sim, com imensa relutância e ferozes cláusulas. E o mesmo se passou com os mecanismos europeus de financiamento aos países, o FEEF e o MEE. Primeiro, a Alemanha disse Não, mas lá acabou por dizer que sim, sempre contrariada.

Situação semelhante se aplicou ao Banco Central Europeu. Quando Mario Monti falou na possibilidade do BCE comprar dívida soberana nos mercados secundários, logo a Alemanha disse Não! Meses mais tarde, aceitaria o sim. Para a união bancária, a mesma reação. Primeiro um rotundo Não, depois um lento e complexo sim, sempre cheio de travões e condicionantes.

Ao longo de três penosos anos, a Alemanha nunca teve uma visão política para a Europa, que pudesse corrigir as deficiências da união monetária e ultrapassar a crise. Manteve-se obstinada nos seus Nãos, limitando-se depois a fazer o mínimo necessário para que o euro não implodisse. Com isso, perdeu-se tempo, e a crise assentou arraiais na Europa do Sul, ameaçando agora a chegar à França e à Alemanha.

Esta postura de Merkel teve naturalmente o aplauso dos alemães. Na verdade, ela colocou sempre o interesse da Alemanha à frente de tudo e de todos. E o seu interesse pessoal também, pois como todos os políticos ela quer ser reeleita em Setembro de 2013. O único problema é que, para ser amada na Alemanha, ela irá pagar um alto preço, pois a crise na Europa não tem fim à vista.

É pena que Merkel não seja, como Kohl ou Adenauer, seus heróis da CDU, uma chanceler alemã que olhe para a Europa não como um bando de países irresponsáveis que a Alemanha tem de meter na ordem, e de aturar a contragosto, mas como uma união essencial para o mundo e, sobretudo, para todos os europeus.

publicado por Domingos Amaral às 12:02 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Terça-feira, 04.12.12

Um Governo subserviente aos alemães e desorientado com os portugueses

Se há coisa que incomoda neste Governo é a subserviência à Alemanha, que é todos os dias evidente. Na semana passada, depois do Eurogrupo ter tomado importantes decisões sobre a Grécia, muitas delas contra a vontade da Alemanha, vieram logo Passos e Gaspar dizer, com alegria e entusiasmo, que Portugal ia beneficiar dessas decisões, talvez com descidas de juros e mais tempo.

Mas, logo nos dias seguintes, e apesar da fanfarra dos jornais em Portugal, começaram a ouvir-se vozes europeias e dizer que não eram bem assim. Ontem, foi a vez do ministro alemão Schauble "desaconselhar" Portugal a ir por esse caminho. A Alemanha falou, e o que se viu logo? Passos Coelho e Vítor Gaspar corrigiram de imediato o discurso, dizendo que afinal não queriam nada as condições da Grécia!

A Alemanha manda, Portugal diz amen, é a estratégia do Governo em todo o seu esplendor, mesmo que isso implique que Passos e Gaspar se tenham de contradizer a si próprios, apenas sete dias depois. Esta impressão de subserviência é fatal para a credibilidade interna do governo, embora possa ser muito importante para ficarmos "bem vistos" aos olhos do alemães, o que parece ser o principal e único objectivo do Governo.

Mas, os sinais deste tipo de desorientação são cada vez mais evidentes, e não só na questão internacional. Veja-se por exemplo na Educação. Na entrevista à TVI, Passos disse que as famílias iriam ter de partilhar o financiamento da educação pública. No dia seguinte, o ministro Crato negou tal ideia, e uns dias depois, o mesmo Passos proclamou que nunca falara em tal coisa, os chamados co-pagamentos. Em que é que ficamos?

E nem vale a pena referir a RTP, sobre a qual há mais ideias do que canais. Primeiro era a privatização total, depois era só a de um canal (a RTP 2), depois ouvimos o magnífico António Borges lançar a ideia mirabolante da concessão; e agora já vamos na privatização parcial (só 49%) mas entregando a gestão a privados! Enfim, para a semana ou coisa assim deve haver uma ideia nova, não vale a pena preocuparmo-nos de mais.

Mais valia perguntar ao Sr. Schauble o que ele pensa da educação pública paga e da privatização da RTP! Assim sempre sabíamos o que pensa quem realmente manda em Portugal, e acabava-se esta cacofonia permanente de palavras ocas!

publicado por Domingos Amaral às 12:28 | link do post | comentar

Alimente esta ideia!

Agora que estamos a aproximar-nos do Natal, é sempre bom pensarmos um bocado em quem está muito pior do que nós e que precisa de ajuda. É por isso que aqui deixo hoje uma sugestão, muito simples e fácil. Na realidade, trata-se de realizar doações de bens online, e podemos todos fazê-lo até ao dia 9 de Dezembro.

O processo é o seguinte: vá a www.alimentestaideia.net e depois escolha qual o tipo de produtos que quer doar e quais as quantidades. Pode igualmente escolher fazer a doação para qualquer um dos 20 Banco Alimentares que existem em actividade em Portugal, continente e ilhas. Por fim, tem apenas que preencher os  seus dados e pagar, através de homebanking ou ATM (multibanco e VISA). 

As novas tecnologias servem também para isto, e neste caso trata-se de uma boa oportunidade para quem não tem por hábito ir ao supermercado, e também para as comunidades emigrantes que estão lá fora, mas que querem ajudar os portugueses da região onde nasceram. 

Esta é mais uma excelente iniciativa do Banco Alimentar Contra a Fome, que só no passado fim-de-semana recolheu em Portugal 2.914 toneladas de géneros alimentares, na campanha realizada em 1688 superfícies comerciais do país. Esta campanha foi realizada com voluntários, que este ano foram 38 mil e quinhentos, um recorde absoluto, e que disponibilizaram o seu tempo para participarem na recolha. Os géneros alimentares serão distribuídos em seguida da 2373 instituições de Solidariedade Social, que os irão entregar a cerca de 373 mil pessoas carenciadas. 

Portanto, e até dia 9, se puder ajude. 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:07 | link do post | comentar
Segunda-feira, 03.12.12

Cortar na despesa não é nada fácil!

Já alguma vez experimentou cortar a sério nas suas despesas pessoais e familiares? A maior parte das pessoas, e ainda bem, não têm de executar este penoso exercício, o que é sinal que não passam por problemas económicos graves. No entanto, nos últimos tempos e devido à crise económica, muitos são os que foram obrigados a esta dura tarefa. Ora, como já devem ter descoberto, não é nada fácil.

Começa-se por cortar onde? Naturalmente, naquilo que é supérfluo, os nossos pequenos luxos contemporâneos. As pessoas compram menos viagens, vão menos vezes jantar fora, compram menos roupa, dvds, coisas assim, e vão menos vezes ao cinema. No entanto, como rapidamente irão perceber, essas não são as principais despesas, e representam pouco no orçamento mensal de cada um, talvez cinco por cento do total.

É aqui que a coisa se complica. Para a maioria das pessoas, existem depois três grandes despesas: a casa, os filhos, e a despesa individual. Ora, é extremamente difícil cortar nestas despesas. Comece-se pela casa. Bem, se há uma prestação ao banco, é complicado renegociá-la, não é certo que o banco aceite, e qualquer alteração demora algum tempo e dá trabalho. No caso em que a casa é alugada, pode-se falar com o senhorio, mas é preciso a sua boa vontade para baixar a renda. É certo que muitos senhorios têm sido compreensivos, mas as poupanças são incertas e limitadas.

E no resto, é ainda mais difícil. Como poupar na água, na luz, no gás? Por mais que uma família se esforçe em apagar as luzes quando não está ninguém naquele quarto; por mais água que se poupe, é difícil conseguir poupanças relevantes. Talvez 10 ou 15 euros em cada conta, de dois em dois meses, mas é pouco.

Acrescente-se as despesas de alimentação, outro agregado fundamental. Bem, é claro que quem fazia compras no El Corte Inglés pode mudar-se para o Minipreço, e poupará certamente bastante dinheiro por mês, talvez 200 euros ou mais, mas a partir daí é difícil baixar. O volume de alimentação de uma família é mais ou menos o mesmo todos os meses, e só com soluções mais drásticas - deixa de haver uma refeição à noite e só se come sopa - é que se conseguirá descer esta despesa de forma considerável.

Para quem tem empregada, há sempre a possibilidade de a dispensar, mas depois a limpeza da casa terá de ser feita pelas pessoas que lá vivem, e as resistências e os conflitos que nascem com essa decisão são enormes. 

Resta a televisão. Quem tem canais pagos, pode sempre cortá-los, mas quem já só tem o serviço básico vai fazer o quê, ficar só com a TDT e os 4 canais abertos que existem? Havendo pouco dinheiro para diversões, a televisão é das poucas coisas com que se podem contar, por isso...

Passemos aos filhos. Se tem os seus filhos no ensino público, a despesa é baixa, são apenas os livros e os transportes. Mas, se já está aí, também não pode cortar mais, certo? E para quem tem os filhos em colégios privados, a escolha é dura: ou os tira de lá, e poupa muito dinheiro por mês (500 a 600 euros por filho); ou os mantém no colégio e não poupa nada. Contudo, tirar os filhos do colégio é uma decisão complicada, pois vai prejudicá-los, retirá-los do seu grupo de amigos habitual, além de ser socialmente difícil de explicar. 

Restam as actividades extra-curriculares das crianças. Mas quem é que tem coragem para dizer à filha que já não há dinheiro para o balllet, ou ao filho de que já não há dinheiro para o rugby? Estas coisas não são nada simples...

Avancemos para o último grupo, as despesas individuais: carro, gasolina, portagens, telemóveis. Como poupar: vende-se o carro e passa-se a andar de autocarro? Ou muda-se para um carro mais baratinho, mas continua-se vulnerável às subidas do preço da gasolina? O mesmo se passa com o telemóvel: quem é que consegue dispensá-lo e voltar ao telefone fixo?

Como se vê, cortar nos custos não é nada fácil. Às vezes, quando toda a gente diz que é essencial cortar na despesa do Estado, eu penso nisto. Se já é tão difícil cada um de nós cortar as nossas despesas, imagine-se num Estado com 700 mil funcionários...

publicado por Domingos Amaral às 12:11 | link do post | comentar | ver comentários (6)
 

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