Terça-feira, 11.09.12

As 50 sombras de Grey (episódio 2)

Acabei ontem à noite a leitura de "As cinquenta sombras de Grey" e deixem-me dizer que percebo perfeitamente o sucesso do livro. No fundo, tudo se resume a isto: as mulheres adoram o desafio de "mudar um homem". As mulheres olham para nós como uma espécie de homens das cavernas, uns seres animalescos, um bocado abrutalhados, e que elas têm a certeza que, com ajudinha feminina, se tornariam em pessoas muito melhores e mais correctas. Sim, elas apaixonam-se por nós, com os defeitos e as lacunas, as taras e as manias, as falhas e as limitações, a acham sinceramente que elas, com os seus talentos, serão capazes de nos mudar. É assim com Grey, que Anastasia tem a certeza que vai conseguir mudar. "Ele tem lá as suas taras, gosta de dar palmadas nas mulheres, chicotadas e fiveladas, mas no fundo é bom rapaz, e eu vou ser capaz de mudá-lo", é isso que a rapariga pensa desde o início, mesmo sabendo que é difícil. Para tal, até está disposta a ir com ele para o Quarto Vermelho da Dor, pois às vezes é preciso as mulheres serem manhosas e fazer de conta que estão a fazer o que gostam, dando de caminho a ilusão ao homem amado de que estão a fazer o que ele gosta, para no final o conseguirem mudar e acabarem com aquele disparate dos cabedais e das algemas. Eu por mim acho bem, é importante que as mulheres pensem isso, mesmo que no fim a maioria delas se desiluda...Assim como assim, sempre tiveram bom sexo, não se podem queixar demais!  
publicado por Domingos Amaral às 11:57 | link do post | comentar | ver comentários (4)

Drogas e Dívidas

Os países que têm dívidas a mais são uma espécie de "drogados", e a austeridade é uma espécie de "cura de desintoxicação"? Tenho ouvido muitas vezes esta comparação. Na ânsia de justificar esta "cura", apresentam-se os países como "viciados em dívidas", seres descontrolados que perderam a capacidade de contenção financeira, e que precisam de ser afastados da "dívida" como os drogados são afastados das suas drogas, fechados em clínicas de desintoxicação para se libertarem do jugo, para deixarem de ser "agarrados". Ora, não me parece nada inteligente a comparação. Afinal, aquilo que os portugueses, os gregos e muitos outros estão a fazer não é a "deixarem as dívidas", mas sim a sacrificarem-se para, em 2014, poderem drogar-se de novo com mais dívidas. Se as "dívidas" fossem drogas, a ideia não seria certamente sacrificarmo-nos hoje para voltarmos a drogar-nos amanhã, pois não? Quando alguém se liberta da droga, procura libertar-se para sempre e nunca mais tocar em drogas. Não é isso que se passa com os países. Então eles estão a fazer sacrifícios brutais durante dois ou três anos, para depois voltarem a drogar-se em 2014? Ganhar "credibilidade" através da austeridade, para depois voltar aos mercados em 2014, é como fazer uma cura de desintoxicação de dois anos e depois voltar ao mesmo regabofe! Além de que, nós não deixámos de nos "drogar", apenas trocámos de fornecedor. Antes eram "os mercados", agora é a "troika"! Portanto, comparar "dívidas" a "drogas" é um erro, mas lá que há muita gente a pensar assim, lá isso há.

publicado por Domingos Amaral às 11:38 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 10.09.12

As 50 sombras de Grey (episódio 1)

As mulheres gostam de homens dominadores? É uma pergunta à qual tenciono responder nos próximos dias, aqui neste blog. Estou a ler "As Cinquenta Sombras de Grey", o grande sucesso literário do ano, uma história sobre como um homem dominador atrai e seduz uma rapariga virgem e a transporta para um universo de prazer sexual radical, com muitas algemas e chicotes pelo caminho. Como ainda não terminei o livro, não quero dar já uma opinião, apenas me fico pelas perguntas e por uma constatação, a de que um livro destes só podia ser escrito por uma mulher, e com um ponto de vista feminino. Se fosse um homem dominador a escrever, as feministas e muitas mulheres dariam cabo dele, chamando-lhe porco, sexista, maligno e muito mais. Mas, como é uma mulher a escrever, há uma certa condescendência nestes temas. Regresso à minha pergunta inicial: será que as mulheres gostam de homens dominadores? Pelo que tenho visto e ouvido, parece-me que sim, que gostam de homens que mandem nelas, que lhes saibam dar ordens, que as subjuguem, e esse é um dos segredos do sucesso de Grey e dos seus brinquedos. Mas amanhã falo mais sobre isto...

publicado por Domingos Amaral às 12:39 | link do post | comentar | ver comentários (22)

As 50 sombras de Passos

Foi inesperado, à bruta, aquele anúncio de sexta-feira, em que Passos Coelho informou o país de que ia trazer mais sombras às nossas vidas. Houve algo de sádico naquelas decisões, que pareciam menos dolorosas antes das contas serem feitas, mas depois se revelaram uma monstruosidade. Passos ainda não sabe, mas já perdeu o país. A partir de sexta-feira, o jogo mudou, a opinião pública virou, e as explosões de raiva vão germinar, como num ovo de uma serpente germina o perigo. Os portugueses estão a fartar-se deste jogo de sado-masoquismo a que o governo e a Europa nos estão a submeter. A destruição de toda e qualquer expectativa para o futuro dá cabo dos nossos sonhos, deprime-nos e subjuga-nos. Passos encheu-nos de sombras, e muito mais do que cinquenta sombras vão cair sobre nós. No entanto, o masoquismo com que os portugueses têm vivido estes tempos, onde interiorizámos a culpa, chicoteando-nos nas costas por termos vivido "acima das nossas possibilidades", como diz o discurso do poder, esse masoquismo está a terminar. Infelizmente, o sadismo não está a terminar, antes pelo contrário, ganhou na sexta-feira uma dimensão diferente e perigosíssima. O chicote austero do governo, a chibata que nos fustiga, rasgou as feridas definitivamente, e agora vão nascer as revoltas e as cobras. Nenhum povo pode aguentar calado e quieto tanta e tão desnecessária brutalidade. Há outro caminho, há sempre outro caminho, e só os dormentes ou os estúpidos suportam a destruição permanente dos seus sonhos. A política Sado-Masoch continua, mas só os escravos têm de aguentar calados... 

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Os Meninos do Rio

Grande "party" no sábado á noite, num dos mais simpáticos locais de Lisboa, os "Meninos do Rio"! O meu grande amigo Luís comemorava os seus 45 anos e mais uma vez brindou os convivas com um inesquecível festão! Gente gira, música agradável, boa bebida, e aquela noite que foi uma dádiva dos céus. As noites quentes de Lisboa são sempre noites especiais, noites de fazer inveja aos deuses, que lá em cima roem as unhas, a ver-nos cá em baixo divertidos demais. São noites únicas, em que todos querem companhia mas ninguém tem pressa em ir para o quentinho, pois está bom cá fora. As camas podem esperar, o resto da vida pode esperar, há sempre vontade de dançar mais, beber mais, engatar mais. Lisboa em frente ao rio é a mais bela e a mais fascinante cidade de mundo, e os "Meninos do Rio" são uma das portas para a felicidade. Há precisamente cinco anos conheci a Sofia, numa festa assim, e estou cada vez mais feliz. Obrigado Luís, sem as tuas festas a vida de muitos de nós não era a mesma! 

publicado por Domingos Amaral às 11:38 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 07.09.12

Boa, Diário Económico!

O Diário Económico lançou um manifesto contra a subida de impostos, o que é uma excelente ideia que deve ser aplaudida e apoiada. Mais impostos só vão trazer mais do mesmo: quebra na actividade económica, contração do consumo, recessão generalizada e isso tem como consequência a quebra das receitas fiscais e o aumento do deficit. Portanto, mais impostos é igual a mais deficit, e só não vê quem não quer ver. Era fundamental que os impostos não subissem mais, como defende o Diário Económico, mas eu vou mesmo mais longe e sugiro que se desçam já certos impostos. É que se mais impostos é igual a mais deficit, então menos impostos deve ser igual a menos deficit. Um "choquezinho fiscal", em especial no IVA, poderia gerar mais actividade e ajudar-nos a sair da recessão, e pelo caminho voltavam a subir as receitas fiscais e a diminuir o deficit. Mas isso, é claro, era ousado demais para ser levado à prática, por isso lutemos para que, pelo menos, os impostos não subam mais.

publicado por Domingos Amaral às 11:44 | link do post | comentar | ver comentários (2)

A Lufthansa em greve?

Quem diria? A maior companhia europeia e uma das maiores do mundo, a companhia alemã Lufthansa, que tanto orgulha os compadres da Sra Merkl, foi por estes dias colocada de joelhos por uma greve do seu pessoal de cabine! Sim, leram bem, não foi a Tap, nem a Air France ou a Alitália, muito menos uma companhia grega, foi a Lufthansa! Mais de mil voos cancelados num dia, centenas de milhares de pessoas em terra, milhões e milhões de euros de prejuízo, naquela que foi a maior greve de sempre da história da aviação na Alemanha. Afinal, não há só greves nos países do sul, esses irresponsáveis e preguiçosos povos, como os alemães dizem, que trabalham pouco e andam sempre na sorna, como os alemães dizem. Afinal, também no coração da Europa, nesse país fabuloso e organizado que é a Alemanha, também há greves! Este mundo está mesmo de pernas para o ar, qualquer dia os alemães começam também a ter dívidas...

publicado por Domingos Amaral às 11:34 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Até que enfim, BCE!

Mais de três anos passados desde o início da crise financeira na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu finalmente tornar sua política oficial a compra de dívida pública dos países que estejam com problemas financeiros graves. Três anos! Foram precisos três dramáticos anos, durante os quais se degradou brutalmente a economia da zona euro, e afocinharam numa recessão grave vários países, como a Grécia, a Irlanda, Portugal, a Espanha ou a Itália, para que o BCE aprovasse finalmente o que muitos diziam, desde o ínicio, ser uma fórmula alternativa para sair da crise. Três anos é muito tempo, e muito se destruiu, mas é sempre bom verificar que as boas ideias acabam por prevalecer e as más por ser abandonadas. Esperemos que, talvez daqui a um ou dois anos, os países europeus cheguem também à conclusão que os programas de austeridade draconianos que foram impostos a certos países pela "troika" foram uma fórmula errada de resolver o problema, e mudem as políticas. Só os teimosos persistem obstinadamente por caminhos errados, os inteligentes sabem mudar de ideias a tempo.

publicado por Domingos Amaral às 11:20 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 06.09.12

Adoro queijos

Adoro queijos, adoro todos os queijos, e considero o queijo uma das mais extraordinárias criações da humanidade. O peixe, a carne, a fruta, são alimentos maravilhosos, mas não são criados por nós. Os bolos são por vezes demasiado trabalhados e os pães são muito dependentes das farinhas para serem todos bons. Os queijos não, os queijos são obras de arte de simplicidade que nos são oferecidos pelos humanos-deuses que os fabricam. Para mim, não há queijos maus, há é dias em que não somos capazes de provar certos queijos. Gosto de todos os tipos de queijos. O serra e o camenbert, o brie e de Azeitão, os queijos frescos e os requeijões, os flamengos e os gruyéres, os brie e os roquefort, os cheddar e os de niza, os mozzarella e os emmental, os de cabra e os de ovelha, os la vache que rie e os das vacas que não riem mas dão leite, os chévre, oh meus deus os chévre!, e mil e outros queijos que por esse mundo existem e que me fazem endoidecer só de pensar neles. Duros ou moles, redondos ou triangulares, ralados ou em tirinhas, líquidos ou sólidos, com buracos ou com recheios, com alho ou com ervas, todos os queijos do mundo me entusiasmam. Não sei se De Gaulle tinha razão quando exclamou que era impossível governar a França, por ser um país com mais de 800 queijos diferentes, mas a mim pouco me interessa o governo do mundo desde que possa comer um bocadinho de queijo...  

publicado por Domingos Amaral às 13:00 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Gabriela, Cravo e Canela

Tremo de excitação sempre que na SIC aparece a promoção do remake "Gabriela", a telenovela brasileira. É que para mim a "Gabriela" é um marco, um mito, uma lenda. A "Gabriela" foi "o" ato fundador da nossa televisão, onde tudo começou, há muitos anos. Foi a primeira telenovela que Portugal viu, estreou-se em 1975, e era um portento de erotismo, sexualidade e emoção, mas também uma belíssima narrativa. Baseada no romance de Jorge Amado, "Gabriela, Cravo e Canela", conta a história de uma mulher lindíssima e selvagem que se casa um comerciante árabe, o famoso Sr. Nassib, que entre outras coisas a obriga a calçar sapatos, o que ela rejeita com aquela que se tornou talvez a mais famosa frase nacional daqueles tempos: "sapato não, sô Nassib!" Gabriela, interpretada pela fogosa e misteriosa Sónia Braga, que tinha o sexo estampado no sorriso, era um hino à perdição, e lá em casa rapidamente os meus pais decidiram que as crianças não podiam ver aquilo. Foi a única proibição televisiva de que me lembro, mas não foi muito eficaz. Quase sempre eu e o meu irmão, com oito ou nove anos, conseguíamos furar o embargo parental e espreitar a televisão, onde se desenrolavam mil e uma intrigas, muitas delas em redor do famoso e inesquecível "Bataclan", o mais entusiasmante cabaret da história de televisão. Nem Hollywood conseguiu inventar um local tão mítico como o "Bataclan" e eu tenho pena de nunca na vida ter encontrado um sítio como aquele. Gabriela foi um hino à subversão, mas foi também provavelmente a melhor telenovela de sempre que a Globo produziu. Depois dela, vi muitas. Vi "O Casarão", vi "O Astro", "Dancing Days", "Águia Viva", e muitas mais, incluindo as mais recentes, mas só "Roque Santeiro" chegou ao mesmo patamar de qualidade, ao mesmo Olimpo televisivo, onde vive e viverá sempre "Gabriela". "O que fazemos na vida faz eco na eternidade" e só Gabriela e Roque Santeiro serão eternas e imortais. Nunca mais ninguém tomou conta do ecran como Sónia Braga tomava, nunca mais se viu uma mulher felina como ela a deixar os homens de cabeça perdida e as mulheres a rezar, com medo que ela lhes roubasse os maridos. Estou ansioso para ver o "remake" e espero que Juliana Paes esteja à altura. Pelas imagens que tenho visto agrada-me, embora seja uma ousadia atrevida fazer concorrência aos mitos. Mas não vou perder, ai isso não vou. E vou estar lá, no "Bataclan", todas as noites, fiel freguês de um mundo fascinante e imaginário, que nos enfeitiçou para sempre.     

publicado por Domingos Amaral às 12:33 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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