Sexta-feira, 17.08.12

As Pussy Riot

Sinceramente, não entendo o grande clamor internacional contra a Rússia a propósito das Pussy Riot, uma banda feminina. Há muitas, imensas razões, para criticar o regime de Putin, as perseguições que faz aos críticos, a falta de liberdades políticas, a invasão de territórios que querem a independência, e muitas mais que seria fastidioso enumerar, mas criticar a Rússia por querer julgar uma banda que invadiu uma igreja para cantar músicas ofensivas a essa mesma igreja não é uma boa razão. É que o que as Pussy Riot fizeram é crime, e é crime em todos os países ocidentais, da América à Europa, passando pelo Japão. É um acto de vandalismo com apelo ao ódio religioso, e seria evidentemente julgado também nesses mesmos países. Podemos achar que a Rússia é mais violenta na condenação, ou que tudo isto não passa de uma patética comédia, mas não podemos criticar a Rússia por querer ser como nós. É que o princípio do respeito pela religião é um princípio fundamental das democracias. Ou não?

publicado por Domingos Amaral às 12:34 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quinta-feira, 16.08.12

A melhor praia de Portugal

Conheço muitas praias de Portugal mas não conheço nenhuma tão apaixonante como Vale Figueiras. Quilómetros de areia, plana como poucas praias em Portugal são planas, sem fundões ou quebra-cocos, ladeada por falésias que não tombam e a defendem dos ventos, criando um micro-clima único; um mar com sabor a mar, salgado como poucos, o iodo a envolver-nos sempre, a regenerar-nos; as ondas nem muito perto nem muito longe. É boa para o surf mas também para banhos tranquilos, boa para adultos mas também para crianças; boa para caminhadas longas, corridas ao fim da tarde; boa para caçar às rochas mexilhões e perceves; boa para ler, para dormir, para construir castelos ou lagos na areia. Além disso, há comunidades estranhas, seitas ou nudistas, pescadores ou escolas de surf, e há lugar para todos no areal imenso cujo fim é distante, mutante com a maré e misterioso. Quem nunca se apaixonou por esta praia é porque não gosta de praias, mas para mim não há outra igual. Como tudo o que tem valor, é uma praia difícil, inacessível como uma princesa no alto da torre de um castelo. Para lá chegarmos é preciso saber, é preciso não se perder, é preciso atravessar o pó e as pedras, é preciso caminhar, deixar o carro longe quando se chega tarde. Vale Figueiras é um desafio e um prémio e fica para sempre dentro de nós.

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Aldeia da Pedralva

Perdida nos confins de uma serra algarvia, entre a Carrapateira e Vila do Bispo, fica a simpática aldeia da Pedralva, uma ideia turística original. No passado, a aldeia estava praticamente abandonada e os autores de ideia começaram a comprar aos poucos as pequenas casas. Hoje, já têm a grande maioria delas e gerem-nas como um hotel, alugando-as ao dia ou à semana. O resultado é muito agradável: a aldeia enche-se de turistas, da famílias e de crianças, que passeiam divertidos em correrias pelas pequenas ruas onde os carros não podem circular, e vive-se ali um ambiente "cool" e muito tranquilo de verão. Quando cai a noite há pequenas festas nas pracetas, vendinhas hippies, coisas desse género e há também uma boa pizzaria, e uma recepção com um serviço de café e restaurante, num ambiente descontraído. As casas são pequenas mas muito confortáveis, e chamo a atenção para a elevada qualidade das camas e dos colchões, excelentes e melhores que os de muitos hotéis de Portugal. Aqui descansa-se. Fiquei freguês. 

publicado por Domingos Amaral às 12:22 | link do post | comentar

Outra vez Luisão

Já toda a gente percebeu que Luisão vai ser castigado durante uns tempos pelo encostão que levou um árbitro ao chão. Porém, o que me parece estranho é que não se considerem as condições atenuantes da situação. Primeiro, não há uma agressão, nem sequer uma tentativa de agressão, embora possa existir uma ofensa corporal não intencional. Em segundo lugar, há evidentemente um exagero de consequência, pois o árbitro teatralizou intencionalmente, ao ponto do ridículo, as suas maleitas. Em terceiro lugar, há uma recusa clara e não justificada do árbitro em prosseguir o jogo. Já vimos situações de agressões mais graves a árbitros e eles prosseguiram o seu trabalho, não se recolheram aos balneários amuados. Esse acto do árbitro era escusado mas é da sua responsabilidade e não de Luisão. Esperemos que os orgãos competentes saibam distinguir o trigo do joio e sejam justos. O que me parece lamentável é a imprensa desportiva portuguesa tentar transformar uma comédia numa tragédia. De facto, o Benfica tem contra si forças muito poderosas e já perdeu a batalha mediática há muitos anos, embora ainda não o tenha percebido. Luís Filipe Vieira devia aproveitar as próximas eleições para dar uma "vassourada" na lamentável comunicação do clube. 

publicado por Domingos Amaral às 12:07 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Domingo, 12.08.12

O futebol não é para meninas!

Ninguém avisou os jogadores do Benfica, mas o árbitro do jogo de ontem era uma donzela frágil e abonecada, embora maliciosa e cheia de estratagemas. Primeiro, apanhou uma fúria e preparava-se para expulsar um jogador do Benfica, mas pelo caminho albalroou um outro, Maxi Pereira, a quem deu uma valente cotovelada. Depois, ao ver o enorme Luisão a avançar para ele, assustou-se, e mais ainda quando o capitão do Benfica chocou contra ele. Vai daí, qual donzela atarantada, atirou-se para o chão, num desmaio teatral e forçado, como fazem as moças em certos musicais, operetas ou peças de teatro. E ali ficou, de braços abertos, falso como Judas, num patético exercício que ninguém entendeu. Depois, quando voltou a si, a donzela, desonrada e envergonhada, resolveu amuar e não mais arbitrou. Alguém o devia ter avisado que o futebol não é para meninas.

publicado por Domingos Amaral às 13:39 | link do post | comentar
Sexta-feira, 10.08.12

Bolt: campeão mas pouco

Usain Bolt venceu os 200m mas a mim não me convenceu. Sim, partiu muito forte e correu muito bem, mostrando ao mundo inteiro que era o melhor e merecia o ouro, mas aquela forma de cortar a meta foi tudo menos a de um grande campeão. A três passadas do fim, Bolt sabia que já tinha ganho e começou a travar e a olhar para trás, como que gozando com a distância a que tinha deixado o seu compatriota Blake, dando um exemplo de desprezo pelo seu adversário directo, a quem aliás humilhou ao passar na meta, virando-se para ele e colocando o dedo na boca, como que a dizer "caladinho, que eu sou o maior". Foi um péssimo exemplo, a negação da atitute olímpica, pois ao fazer isto Bolt perdeu igualmente a possibilidade de bater o recorde olímpico e mesmo talvez o recorde do mundo, esquecendo-se que estava ali para correr e não para teatralizar uma desforra fútil. De um vencedor olímpico espera-se que seja magnânimo, honrado e respeitador dos que acabou de vencer e não que os despreze e subjugue em cima da meta. Bolt pode ser um grande atleta mas não é um grande campeão, e não é certamente um cavalheiro. É um vencedor com valor mas sem valores.

publicado por Domingos Amaral às 12:31 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quinta-feira, 09.08.12

A Nelo e as medalhas

Alguém já deu os parabéns à Nelo, a fabricante de canoas e kayaks que conquista mais medalhas no mundo? É verdade, Portugal pode ter ganho apenas uma medalha de prata, mas a Nelo já ganhou mais de 30 em vários jogos olímpicos, de Atenas a Londres. É uma empresa de excelência, a melhor do mundo na sua área, e é a grande responsável pela expansão da modalidade em Portugal. Fundada em 1978, com o nome de Mar Kayaks, transformou-se com o tempo na mais reputada empresa mundial da sua área e tem neste momento uma fábrica com 7000 m2 e mais de 100 trabalhadores, que produzem os magníficos exemplares de embarcações que vemos nas provas de canoagem de Londres. Além disso, tem já quatro centros de treino, três em Portugal - Montemor, Cinfães e Portimão - e um em Espanha - Málaga - onde tem impulsionado a modalidade, e onde aparecem para treinar os melhores do mundo. Se Portugal pode hoje concorrer com os melhores, muito se deve à Nelo, e devíamos dar-lhe os parabéns. Além dos remadores, o barco também conta e em Londres quase todos os que estão em competição são portugueses, o que é um motivo de orgulho.  

publicado por Domingos Amaral às 11:36 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quarta-feira, 08.08.12

Os Olímpicos e os pêlos

Este ano, os pêlos foram finalmente banidos dos Jogos Olímpicos. Que eu me lembre, ainda não vi nenhum atleta, mulher ou mesmo homem, com pêlos nas axilas. Tenho observado com bastante atenção e é possível verificar este facto no início de cada prova, quando eles são apresentados. "E na pista 5, Janette Simmons", e nesse momento a Jannete sorri para a câmara e levanta os braços, mostrando ao mundo o esplendor dos seus sovacos depiladas. É verdade, não há um único pêlo para amostra, foram todos cuidadosamente removidos, provavelmente com cêra patrocinada. Nem os africanos, de países mais pobres, nem os de leste, de países mais frios, que usavam os pêlos para se protegerem das intempéries; nem sequer os belgas, que aqui há décadas eram considerados o povo menos higiénico da Europa e nem desodorizante usavam; nenhuns deles têm pêlos. O pêlo foi expulso dos Jogos Olímpicos como se fosse um país ditatorial, houve um massacre que aniquilou todos os pêlos, um verdadeiro genocídio! Embora se possa dizer que ganhámos em estética, e já não se vejam aqueles tufos de antigamente, molhadinhos de suor, espalmados contra a pele no final das provas, tenho alguma nostalgia nacionalista do tempo em que existiam pêlos nos sovacos dos campeões. É que antigamente, quando o pêlo era estimado, os nossos atletas venciam medalhas de ouro. Quem não se recorda dos maravilhosos pêlos de Carlos Lopes, mas sobretudo dos tufinhos olímpicos de Rosa Mota? Quando os vimos, o nosso coração encheu-se de orgulho luso. Ao longo da nossa história, pêlo no sovaco foi sinal de ouro para Portugal! Sem pêlos, está visto que o país não se safa!   

publicado por Domingos Amaral às 11:38 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Os labradores e os pêlos

Os labradores são dos cães mais amáveis e fiéis que se podem ter. Simpáticos e brincalhões, são grandes amigos das crianças e dos adultos, e têm muito pouca agressividade, o que os leva a também serem bons amigos dos outros cães, com quem apenas desejam partilhar umas boas folganças. O único problema grave dos labradores é o pêlo. Em especial quando são negros, como o meu querido Benji. O pêlo do labrador é uma verdadeira tortura para os donos. Cai por todo o lado, em tufos, espalha-se alegremente esvoaçando pelo chão da casa, entranha-se nos tapetes, e mesmo quando impedimos o cão de subir uma pata que seja para cima de um sofá, o sofá enche-se de pêlos. Há, em cada compartimento de minha casa, uma dose considerável de pêlo, e por vezes nem com duas aspirações diárias eles desaparecem. Mesmo que eu escove muito o meu cão, a sua produção de pêlos é superior às minhas capacidades de subtraí-los. No final deste combate permanente, o pêlo do Benji vence sempre e ao final da noite nós limitamo-nos a baixar os braços, olhando com cansaço para o chão, onde estão mais alguns pêlos que ele acabou de deixar cair...

publicado por Domingos Amaral às 11:26 | link do post | comentar | ver comentários (7)
Terça-feira, 07.08.12

O coelhinho branco

Todas as noites tenho por hábito contar uma história à minha filha Leonor. Aos três anos, as crianças gostam ainda que a história seja sempre a mesma todos os dias, e assim é com ela. A que lhe conto é sobre um coelhinho branco que anda à procura de uma coelhinha branca, mas que no local onde habitualmente passeia nunca a consegue encontrar. Um dia decide aventurar-se para outro sítio, para tentar encontrá-la, o que acontece sempre. No momento em que o coelhinho vê umas orelhas brancas atrás de uma árvore, a excitação dele transforma-se na excitação da minha filha, que todas as noites celebra esse encontro colocando as suas mãozinhas no alto da cabeça, imitando as orelhas da coelhinha. Depois, o coelhinho e a coelhinha abraçam-se, dançam e vão viver felizes para sempre, não sem antes dar um beijinho, e nesse a momento a Leonor pergunta "onde?" e eu lá respondo "na boca", e ela fica feliz e diz que eles são namorados, e aceita finalmente que é chegada a hora de adormecer. É destes rituais que se faz a vida dos pais.                       

publicado por Domingos Amaral às 11:30 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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