Penalties falhados
Na final da Liga dos Campeões, Schweinsteiger falhou o último penalty para o Bayern e possibilitou a vitória do Chelsea, pois Olic já falhara também o terceiro penalty da equipa alemã. Mas, na meia-final, em Madrid, também Ronaldo, Kaka e Sergio Ramos haviam falhado, e o Real fora eliminado pelo Bayern.
O que têm em comum todos estes penaltis falhados? À primeira vista, pouca coisa. Ronaldo e Kaka atiraram para a sua esquerda, Schweinsteiger e Olic para a sua direita, e todos deram oportunidades aos guarda-redes Neuer e Peter Chec de brilharem. Ramos, por sua vez, atirou para o céu.
Da mesma forma, não houve semelhanças no número do penalty batido. Para Ronaldo e Kaka, eram o primeiro e segundo penalty; para Ramos o quarto, para Olic o terceiro, e para Schweinsteiger era o quinto.
Mas, se olharmos com mais atenção, verificamos que todos estes penalties falhados têm uma coisa em comum: foram falhados em casa. Schweinsteiger e Olic estavam no Arena de Munique, a casa do Bayern, e o facto da final ser disputada aí servira como grande fonte de motivação para o clube ao longo da Champions. Ronaldo, Kaka e Ramos falharam no Santiago Barnabeu, a casa do Real. Isto era previsível?
Sim, era. No seu estudo "Performance Under Pressure: The case of penalty shootouts in football", os investigadores Kocher, Lenz e Sutter analisaram 95 desempates por penalties na taça da Alemanha, entre 1986 e 2006, e chegaram a resultados muito interessantes.
- De todos os penalties marcados, 74,6% eram convertidos.
- Não existia vantagem casa, pois as equipas da casa só venciam 53% das vezes nos penalties, um número muito abaixo do habitual para as vitórias em casa em jogos, que é de 68% no caso da Bundesliga. A explicação dada é que nos penalties decisivos, a pressão de estar em casa é muito maior, e há mais jogadores que falham nesta situação.
- Não existia qualquer vantagem em ser o primeiro clube a marcar, pois os primeiros a marcar só ganhavam em 48% das vezes.
- Por outro lado, os penalties decisivos, o quarto e o quinto, tinham uma taxa de falhanço menor do que os não decisivos, os primeiros três penalties, nas últimas fases do torneio, meias-finais ou finais. A concentração dos jogadores parece ser maior nos últimos dois penalties do que nos primeiros três.
Perante este estudo, que conclusões podemos retirar?
- A primeira é de que era previsível que, estando a jogar em casa, os jogadores do Real, na meia-final, e do Bayern, na final, sentissem mais pressão e falhassem mais. O Chelsea, na final de Munique, e o Bayern, na meia-final em Madrid, tinham pois uma ligeira vantagem por ter menos pressão.
- Nos dois casos, não houve vantagem em ser o primeiro clube a marcar, pois tanto Real como Bayern foram e perderam.
- Pode dizer-se que foi um erro Ronaldo e Kaká terem marcado os dois primeiros penalties, pois a sua concentração foi menor do que se tivessem marcado o quarto e o quinto penalty. Também se pode dizer que Sergio Ramos, que não é um especialista, não deveria ter marcado o quarto penalty, mas sim um dos primeiros. Parece ter sido um erro a escala dos jogadores do Real na marcação dos penalties.
- Por fim, Schweinsteiger tem mesmo razões para estar deprimido. O seu penalty decisivo, numa final, em princípio seria marcado, ainda por cima por um marcador exímio como ele é. Contudo, a pressão de estar em casa matou-o e ele falhou, oferendo a final ao Chelsea numa bandeja.