O Rei do Grelhador
Férias sem grelhador não são férias. E tem de ser daqueles a carvão, à antiga, não essas modernices a gás que por aí vão avançando como hordas de bárbaros modernos. Eu gosto deles de pedra, com tijolo nos bordos. Activar um grelhador desses é como activar uma mulher bonita mas caprichosa. Tem de se lhe dedicar muito tempo, colocar muita lenha, saber atear o fogo no momento certo, saber puxar por ele, saber espalhar o carvão para que ganhe chama até ficar em brasa, mas nunca demais, nunca cedo demais. Para ter a caminha de carvão em brasa prontinha para receber a carne ou o peixe é preciso pelo menos uma hora de atenção e empenho, fugindo às imprevisíveis fagulhas, remexendo nas chamas e nas brasas, alimentando ou quebrando o seu fulgor sempre que necessário. Só depois se pode colocar a carne, devidamente temperada com sal e azeite, às pinceladas. E é vê-la, pingando ainda, começando a grelhar, e logo virá-la, uma ou duas ou três vezes, as que for preciso, para ela se ir entregando a nós, cozinhada finalmente. Ele há poucas coisas que dão mais prazer no verão do que uma jantarada de grelhados!