E 2014, será melhor ou pior que 2013?
Ontem, escrevi aqui quais penso serem as principais razões, nacionais e internacionais, para que 2013 tenha sido melhor do que 2012.
A economia, embora ainda recessiva, já cresceu um pouco, o desemprego caiu ligeiramente, e as taxas de juro da dívida aliviaram.
2013 foi melhor que 2012 também porque a estratégia orçamental do Governo, subindo o IRS, foi mais eficaz do que a seguida em 2012, com os cortes de subsídios e despesas.
Mas, e para 2014, o que é que se pode esperar?
Aquilo que já se sabe, faz-me pensar que 2014 será mais um ano complicado para a economia portuguesa.
Lá fora, o desanuviamento financeiro deverá continuar.
O FED americano já deu a entender que continuará a sua política monetária expansionista, e o mesmo sucede com o Banco do Japão.
Na Europa, o BCE também manterá as taxas baixas, mas infelizmente não será mais expansionista, pois os alemães não deixam.
De qualquer forma, 2014 deverá ser um ano em que as taxas de juro da dívida se mantém estáveis e até baixas.
A não ser que exista algum grave imponderável, por exemplo com uma decisão do Tribunal Constitucional alemão contrária ao euro, nada de muito catastrófico deverá surgir nessa frente.
Já na economia, as coisas são menos positivas. Embora América e Japão devam continuar a crescer, bem como o Reino Unido, e embora a China possa também dar uma ajuda, o resto da zona euro deverá manter-se bastante anémico, e por isso as nossas exportações terão dificuldade em crescer mais do que já conseguiram em 2013.
Em resumo, para a economia portuguesa, os efeitos externos serão ligeiramente positivos, mas não espectaculares.
E o que é que se passará por cá?
O risco de 2014 é muito mais interno do que externo.
Se o Tribunal Constitucional chumbar o orçamento, o Governo terá de procurar medidas alternativas, para evitar que a percepção internacional do país se agrave, impedindo o fim do programa de ajustamento em Junho.
Nesse caso, é provável que seja inventado mais um imposto, e que suba o IVA, coisas assim.
Haverá efeitos recessivos, mas provavelmente menores do que existirão caso os cortes do Governo fossem implementados.
Assim, se o TC chumbar o orçamento, teremos menos recessão interna, mas arriscamos o segundo resgate, o que é muito mau.
Caso o TC deixe passar as medidas do Governo, teremos menos riscos de ir parar a um segundo resgate, mas a recessão será maior.
Provavelmente, será o caso em que Portugal sofrerá uma recessão em W, sendo que depois da melhoria em 2013, piorávamos de novo em 2014.
Em conclusão: a economia em 2014 ou estará pior, ou estará mais ou menos na mesma que em 2013.
Não acredito em milagres económicos, nem em grandes expansões.
A única hipótese de isso acontecer era a Europa perceber finalmente que estas políticas austeritárias estão muito erradas, e corrigir a rota, aumentando a despesa pública dos países, e mutualizando as dívidas.
Mas, no estado em que vejo a Europa, não me parece que isso vá acontecer, e portanto ficaremos mais um ano nesta terrível crise, com pequenas melhorias que animam o doentinho mas não lhe curam a doença.