Viva o banco central Americano, o FED!
Ontem, para surpresa de muitos, o banco central americano, o FED, decidiu manter o seu programa de compras de obrigações, injectando mais dinheiro na economia.
Há uns tempos, aquando da sua última reunião, o FED tinha dito que ia reduzir o seu programa de compras, até o terminar totalmente em 2014.
Contudo, os resultados foram muito maus.
Não só as bolsas começaram a cair a pique, com receio de menos liquidez; como as taxas de juro dos mercados de obrigações começaram também todas a subir.
Até a alemã subiu, e mesmo tendo o BCE (Banco Central Europeu) decidido que ia manter as taxas de juro, por toda a Europa subiram as taxas das obrigações da dívida pública de todos os países.
Além disso, houve crises graves nos mercados emergentes, como a India, e até o Brasil e a China sofreram com a decisão do FED.
Ao contrário do que muitos esperavam, a economia mundial e também a europeia, ainda não conseguem avançar sozinhas, e precisam de estar apoiadas pela política expansionista do FED.
Por isso, e muito bem, o FED voltou atrás na decisão e continua a estimular a economia.
No entanto, na Europa a conversa da "austeridade" mantém-se.
Merkel promete mais do mesmo, Durão Barroso também, e todos concordam que a única saída para a crise são os cortes na despesa do Estado, e uma muito limitada ajuda do BCE, que não compra obrigações como o FED.
A visão europeia para a saída da crise continua desesperadamente agarrada à crença que a redenção dos pecados se obtém com o sacrifício dos devedores.
Se cortamos a despesa, se fizermos "reformas estruturais", a crise vai passar e vamos sair mais fortes, é esse o mantra europeu.
É óbvio que não vamos. Não se vence a "armadilha da dívida" com mais cortes, mais austeridade, nem tão pouco com as exportações.
Ainda bem que, do lado de lá do Atlântico, há quem perceba mesmo de economia, como o FED e Obama.
Em vez de austeridade, ajuda do Estado e do banco central, para recuperar o crescimento e proteger o emprego.
Em vez de abruptos cortes na despesa, apenas uma subida de impostos para os mais ricos, e cortes mais leves, para não criar tanta recessão.
Só os europeus parecem ainda não ter percebido que Estado e economia privada são gémeos siameses.
Cortar num é cortar no outro, diminuir o Estado é diminuir a economia privada.
Assim, só mantendo a ajuda do Estado é que a economia privada pode recuperar.
A América tem feito o oposto da Europa, e a verdade é que está bem melhor!