Quarta-feira, 29.01.14

Francisco: um Papa muito "cool"!

A Igreja Católica estava mesmo a precisar de um homem como o Papa Francisco. 

Foram muitos anos de conservadorismo e moral exagerada vinda do Vaticano, muitos anos sempre a dizer que não a tudo.

A dizer que isto era proibido, e aquilo tinha de ser combatido, e aquelas coisas não podiam ser aceitáveis porque eram impuras, e coisas assim. 

Muito tempo a ouvir ordens, regras, Não, Não e Não e isso cansou as pessoas.
Nos últimos anos, já ninguém se interessava pelo Papa Ratzinger, pelo que ele pensava ou defendia, e eram muito poucos os que ainda o apoiavam.
A Igreja e o seu líder de Roma estavam cada vez mais pequenos, mais insignificantes, mais sozinhos, mais distantes.
E, de repente, surgiu Francisco, um Papa sorridente, humilde, com humor, bem disposto, mas sobretudo um Papa com um humanismo fortíssimo, que dá valor às pessoas, sejam elas quem forem, e não coloca as regras morais acima do coração.
Em poucos meses, Francisco já mudou radicalmente a imagem da Igreja e do papel do Papa.
Agora, já não temos um Papa que passa a vida a dizer-nos o que não podemos fazer, o que é pecado e imoral, mas um Papa que nos mostra como é possível a religião católica aceitar todos os seres humanos, sem uma norma imperativa que exclui muitos.
As suas palavras e as suas ações, seja para com as mães solteiras, seja para com os divorciados, seja para com os homossexuais, seja para com os pobres ou para com os ricos, são um sobressalto emocionante porque representam a coragem de uma mudança profunda, a única mudança que interessa.
É claro que a sua simpatia, a sua simplicidade, a sua boa disposição, ajudam muito, mas mais importante do que isso é a sua liderança nestes actos simbólicos e reais que demonstram a disponibilidade para uma Igreja diferente, que em vez de excluir passa a incluir, que em vez de rejeitar passa a abraçar, que em vez de dizer Não, passa a dizer Sim.
É claro que um homem assim espanta o mundo, e não é de estranhar que a esquerda, seja a europeia, seja a americana, esteja deslubrada com este novo Papa. A capa da revista Rolling Stone, que aqui reproduzo, e o artigo da Rolling Stone sobre o Papa, que aqui podem ler, são um reflexo desse deslumbramento.
E é natural que certa direita mais ideológica, na Europa e na América, esteja entupida e estupefacta com este Papa.
É sempre assim quando alguém muda as coordenadas que regeram o passado, e inventa novos caminhos para o futuro.
Porém, não me parece que seja justo classificar este Papa como um homem de esquerda ou de direita. O humanismo inovador de Francisco ultrapassa as classificações rápidas da política e da ideologia.
Ele prepara-se para mudar o mundo, e quando o mundo muda, mudam as coordenadas de todos, da esquerda ou da direita. 

publicado por Domingos Amaral às 10:45 | link do post | comentar
Segunda-feira, 24.09.12

O filmezinho de Maomé

Sinceramente, já estou completamente farto destes "casos" que involvem a figura de Maomé. Primeiro foram os cartoons, agora é um filmezinho imbecil e logo duas coisas acontecem: de um lado, os "radicais" islâmicos inflamam-se e aproveitam para queimar umas bandeiras, matar umas pessoas e fazer brutalidades à grande. Do outro, lá aparecem os ocidentais muito inflamados, a defender o direito à "liberdade de expressão"! Ora, aqui só entre nós, convinha que alguém explicasse a todos que nem a violência islâmica se justifica por causa de um aborto cinematográfico realizado por trogoloditas, nem a liberdade de expressão é um valor sem limites.

Para quem defende que não há, nem deve haver, limites à liberdade de expressão, eu relembro que eles existem e não são poucos. Há limites constitucionais na América (não se pode defender o comunismo), na Alemanha (não se pode defender Hitler e o nazismo), na Inglaterra (não se pode defender o terrorismo nem a destruição da sociedade, como bem sabem certos sacerdotes islâmicos que foram proibidos de pregar).

Depois, há limites legais em todos os países: não se pode promover o racismo, o genocídio dos povos, e muitas outras coisas que consideramos más e erradas. Para além disto tudo, ainda existem os limites à liberdade de expressão à posteriori, que são o que os tribunais decidem depois de considerar que alguém insultou alguém. Experimentem chamar "assassino" a um político português e verão se não são condenados em tribunal por "abuso de liberdade de expressão".

Portanto, a liberdade de expressão tem limites e defender esse direito como contraposição à violência que vem do Médio Oriente é uma armadilha em que não caio. O filme imbecil sobre Maomé é um acto de provocação óbvia e completamente gratuita contra o Islão, e só não vê quem não quer ver. E é também um filme bastante racista, que achincalha os muçulmanos. Ora, que eu saiba o racismo é um valor que os ocidentais não promovem. Ou será que o racismo ocidental é seletivo, e há raças que devemos respeitar e outras que não é preciso respeitar? 

publicado por Domingos Amaral às 15:55 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 17.08.12

As Pussy Riot

Sinceramente, não entendo o grande clamor internacional contra a Rússia a propósito das Pussy Riot, uma banda feminina. Há muitas, imensas razões, para criticar o regime de Putin, as perseguições que faz aos críticos, a falta de liberdades políticas, a invasão de territórios que querem a independência, e muitas mais que seria fastidioso enumerar, mas criticar a Rússia por querer julgar uma banda que invadiu uma igreja para cantar músicas ofensivas a essa mesma igreja não é uma boa razão. É que o que as Pussy Riot fizeram é crime, e é crime em todos os países ocidentais, da América à Europa, passando pelo Japão. É um acto de vandalismo com apelo ao ódio religioso, e seria evidentemente julgado também nesses mesmos países. Podemos achar que a Rússia é mais violenta na condenação, ou que tudo isto não passa de uma patética comédia, mas não podemos criticar a Rússia por querer ser como nós. É que o princípio do respeito pela religião é um princípio fundamental das democracias. Ou não?

publicado por Domingos Amaral às 12:34 | link do post | comentar | ver comentários (3)
 

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