Sexta-feira, 16.05.14

Vem aí a recessão em W?

Muitos economistas falam dela, mas poucos a viram!

Chama-se recessão em W, e é um fenómeno económico raro, mas possível de acontecer em Portugal por estes tempos.

Observem um W.

No início, há uma queda abrupta descendo pelo primeiro V abaixo.

Foi o que se passou em 2012, com uma contração económica violenta em Portugal, aumento do desemprego e tudo a falhar.

Depois, toca-se no fundo e volta-se a subir, acompanhando o V.

Foi o que se passou em Portugal durante o ano de 2013, com melhorias claras da situação económica, queda no desemprego e crescimento do PIB.

No entanto, em vez de se continuar a melhorar, há de repente uma inversão económica, e volta-se a descer, caindo no segundo V.

É a chamada recessão em W, que no fundo é uma dupla recessão.

 

Será que isso nos vai acontecer em 2014?

A julgar pelos números do primeiro trimestre isso pode já estar a acontecer, pois o crescimento voltou a ser negativo.

A economia voltou a parar um pouco, e os bons resultados parecem estar a diminuir.

As exportações também desceram, e aqui há um dado curioso: sempre que alguém falava que o crescimento da exportações se devia à Galp e à Autoeuropa, o Governo enfurecia-se, e dizia que era toda a economia que estava a exportar mais!

Agora que houve uma queda nas exportações como a explica o Governo?

Foram a refinaria da Galp e a Autoeuropa que caíram de produção...

O argumento é válido para o mal, mas não para o bem.

Estranho conceito...

 

Mas voltemos à recessão. Será que vamos cair a pique em 2014?

As previsões não apontavam para aí, mas sabemos que muitas vezes as previsões são mais desejos que realidades.

O Governo, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu, o Banco de Portugal, a OCDE, todos eles desejam ardentemente que Portugal cresça e recupere, e por isso fazem previsões entusiasmantes.

Porém, como todos sabemos, todas as previsões destas magnas instituições já falharam redondamente no passado, sobretudo em 2012 e 2013.

Falharam para cima, e falharam para baixo, e portanto não é certo que não voltem a falhar.

Para mais, a situação na Europa não está nada melhor, ao contrário do que apregoa Barroso por aí.

A crise europeia não acabou, a Europa não cresce, os preços estão a cair e há deflação, a banca continua cheia de problemas e sem poder dar crédito.

Em finais de Maio, haverá eleições europeias, e sabe-se lá o que vai sair dali. 

E a Leste, entre a Ucrânia e a Rússia, há instabilidade também. 

 

Deveria ser absolutamente evidente para todos a necessidade de uma política europeia mais activa, fosse do BCE, fosse da Comissão.

O BCE tem de intervir em força, com estímulos monetários; e os Governos têm de abandonar esta nefasta via da austeridade, e depressa. 

Se isso não for feito, a Europa continuará a patinar, anémica e sem força para se levantar, e os seus cidadãos continuarão desiludidos.

Por cá, as pessoas que não pensem que só porque saímos do programa de ajustamento terminou o calvário.

Não terminou, e pode até ter aumentado muito o risco de tudo piorar.

Lembrem-se uma coisa: a velocidade a que tudo muda é muito grande.

Há um ano, ninguém pensava em "saída limpa".

Daqui a um ano, quem sabe se não estaremos a lamentar a "entrada suja"...

 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:09 | link do post | comentar
Quarta-feira, 26.02.14

Subir o IRS foi bom para a economia portuguesa

Os números da execução orçamental, que ontem foram revelados, são contundentes: a receita fiscal subiu bastante, e a despesa desceu pouco.

Ou seja, o deficit está claramente a diminuir porque as receitas dos impostos estão a subir, o que é muito bom sinal.

Ao contrário do que dizem a direita e a esquerda portuguesa, que nisso têm a mesma opinião, a subida de impostos foi boa para economia, e não má.

A economia portuguesa adaptou-se muito melhor à subida de impostos de 2013 e 2014, do que aos cortes profundas na despesa de 2012.

 

É evidente que esta realidade é impopular.

À direita, é muito mais popular dizer que se deve cortar na despesa e descer os impostos.

É o que dizem Passos Coelho e Portas, e os seus fiéis estão totalmente de acordo.

À esquerda comete-se erro semelhante.

Seguro ataca o Governo porque subiu os impostos, e ataca o Governo porque cortou na despesa.

Não quer nem uma coisa, nem outra, o que é absurdo.

Estão ambos errados.

 

A direita convenceu-se que é sempre melhor cortar na despesa e baixar os impostos, e não olha para a realidade dos números.

A verdade é que o corte profundo na despesa, realizado em 2012, com cortes dos subsídios e das despesas intermédias, provocou efeitos desastrosos em Portugal.

A recessão instalou-se, o desemprego cresceu muito, houve uma profunda quebra das receitas fiscais, e tudo parecia perdido.

Porém, com a forte subida do IRS em 2013, o que se verificou?

A economia voltou a crescer, o desemprego começou a baixar, as receitas fiscais subiram, e o deficit diminui muito mais!

A conclusão devia ser óbvia: a economia portuguesa absorveu muito bem a subida de impostos, e saiu da crise mais rapidamente.

 

É lamentável que ninguém aceite este facto, e que a direita passe os seus dias a dizer que vai descer os impostos e cortar mais na despesa, o que seria grave para a economia, e a esquerda passe os seus dias a dizer que quer aumentar a despesa e cortar os impostos, o que seria igualmente grave.

Ninguém parece perceber que os portugueses preferem pagar mais impostos e não executar tantos cortes nas despesas, nos salários ou nas pensões.

Ou seja, os portugueses estão dispostos a pagar mais impostos para manterem o Estado Social como está.

É essa a conclusão desta crise, e esquerda e direita deviam percebê-lo. 

Mas, é sempre mais popular dizer que se quer descer impostos ou aumentar despesa, e os políticos que temos caiem sempre nessa tentação da popularidade fácil e rápida. 

A verdade é que, se desde 2004 tivessemos todos pago mais impostos, o país não tinha acumulado os deficits que acumulou...

publicado por Domingos Amaral às 10:42 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Quarta-feira, 13.11.13

Dr. Passos, isto não é uma questão de pessimismo!

Com um triunfalismo um pouco excessivo, Passos Ceolho afirmou que "o tempo do pessimismo está a acabar"!

Por vezes, tenho a sensação que está na moda este uso de explicações psicológicas e sentimentais para explicar as flutuações da economia.

É como se tudo se reduzisse a "estados de alma", "emoções", "comportamentos desviantes", coisas assim.

É evidente que a psicologia e as expectativas dos povos têm efeitos sobre a economia, mas convinha não exagerar.

A nossa crise não foi uma crise de pessimismo, nem de pessimistas.

A crise portuguesa existiu por muitas e variadas razões, e nenhuma delas foi psicológica.

Existiu porque houve uma terrível crise financeira internacional, em 2008.

Existiu porque essa crise gerou outra, uma crise do euro, a partir de 2009.

Existiu porque a crise do euro gerou a crise das dívidas soberanas, lançando muitas dúvidas sobre a capacidade de certos países conseguirem pagar as suas dívidas, e as taxas de juro subiram.

E existiu porque a linha que as troikas escolheram, e que Passos aplicou como aluno empenhado, provocou uma recessão brutal!

Reduzir tudo isso a "pessimismo" é um doce engano.

As pessoas não deixaram de consumir apenas porque estivessem "apreensivas" ou "pessimistas"!

As pessoas deixaram de consumir sobretudo porque pura e simplesmente têm muito menos dinheiro disponível agora, ou porque foram parar ao desemprego, o que é bem diferente de pessimismo...

Quem pensar que é com excitações psicológicas que tira o país da crise, está a alimentar uma estranha ilusão.

A melhoria recente da economia portuguesa não se deve a uma diminuição do pessimismo, ou a um súbito aumento de optimismo.

A verdade é que houve mais turismo, mais exportações, e taxas de juro um pouco mais baixas.

Ou seja, quem está optimista são os estrangeiros, os turistas que nos vêm visitar, os países que nos compram as exportações, e os investidores que compram a nossa dívida pública nos mercados internacionais.

Esses sim, já não estão pessimistas!

E isso melhora um pouco a nossa vida, mas não muito.

A verdade é que os portugueses, em geral, ainda não sentem grandes melhorias na sua vida.

Optimistas ou pessimistas, o pilim no final do mês continua curto.

E enquanto for assim, não há psicologia que nos valha...  

publicado por Domingos Amaral às 12:23 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Segunda-feira, 11.11.13

Governo: há as boas notícias...e há o Rui Machete!

O Governo só pode andar contente com as últimas notícias.

O desemprego baixou um pouco, o que é bom.

Pode ser por más razões (emigração), pode ser passageiro (sazonalidade), ou por boas razões (mais turismo).

Mas, ninguém no seu juízo perfeito pode considerar isso mau para Portugal.

As exportações também continuam a crescer bem, o que é bom.

Pode ser porque há uma nova fábrica da Galp, ou porque China está a aumentar a procura, mas ninguém no seu juízo perfeito pode dizer que isso é mau, para Portugal.

As taxas de juro da dívida pública também estão a descer, o que é muito relevante.

Pode ser porque o Banco Central Europeu desceu as taxas, pode ser porque algumas agências de rating mudaram um pouco a sua opinião sobre o nosso país, ou porque o Governo é visto como mais credível.

Mas, ninguém no seu juízo perfeito pode dizer que isso é mau para Portugal.

Embora estes sinais positivos não sejam, nem de perto nem de longe, um "milagre económico", são positivos.

Porém, e infelizmente, o Governo não parece perceber três coisas.

A primeira é que a estratégia para 2013, aumentar o IRS cortando menos da despesa, parece ter sido bem menos negativa do que a estratégia de 2012, onde se cortou salários e pensões.

Ou seja, a austeridade do lado dos impostos é menos gravosa para a economia.

A segunda coisa que o Governo não percebe, é que repetir para 2014 a mesma estratégia de 2012 (cortes fortes nos salários e nas pensões), será um risco muito forte, pois pode gerar uma nova recessão.

Para quê provocar nova recessão quando os sinais de recuperação são relevantes?

Não será, digo eu, pouco inteligente voltar a cometer o mesmo erro que se cometeu em 2012?

Por fim, a terceira coisa que este Governo não parece perceber é que Rui Machete é uma tragédia de relações públicas permanentes!

Este Governo, pelos vistos, precisa de ter sempre uma maçã podre, que vai degradando a sua imagem, sem pressa, mas também sem pausas.

Na primeira fase, foi o inimitável Miguel Relvas.

Agora, é o sempre incompreensível Machete. O pobre ministro não acerta uma!

Agora até se aventurou a falar em taxas de juro, como se fosse ministro da economia ou das finanças! 

É um marreta, que só diz inconveniências, como se fosse uma tia velha que já não tem a noção das coisas...

E curiosamente, Passos parece aturá-lo exactamente como se atura uma tia velha.

Por mera caridade, não o expulsa da sala e não o mete num lar de idosos.

publicado por Domingos Amaral às 14:20 | link do post | comentar
Quinta-feira, 24.10.13

Portugal e a recessão em W

Os economistas gostam muito de usar as letras do abecedário para classificar as recessões.

Há a recessão em V, com uma queda que é muito profunda, uma estadia curta no fundo, e uma recuperação tão rápida como a queda.

Há a recessão em L, onde há uma queda inicial muito profunda, e depois não há qualquer tipo de recuperação, apenas um prolongamento do fundo.

E depois há a recessão em W, que são duas recessões, dois V seguidos, onde por vezes a zona central do W é menos cavada.

Nesse caso, há uma primeira queda violenta, descendo pelo primeiro V, depois chegamos a uma zona de recuperação, que é mais pequena que a descida.

De seguida, a meio do W, há uma segunda descida para o fundo, que pode ser menos forte que a primeira

Só depois se volta a recuperar fortemente, subindo pelo segundo V acima.

Será isso que irá acontecer em Portugal, uma recessão em W?

Olhando para o que foram os dois últimos anos, podemos admitir que em 2012, com um corte na despesa pública, os efeitos recessivos foram fortes, e caímos pelo primeiro V abaixo.

Depois, em 2013, houve o aumento enorme de impostos, mas a recessão foi bem menos forte.

Não sendo ainda uma subida, foi uma melhoria ligeira, uma subidinha a meio do W.

Contudo, para 2014, o orçamento prevê brutais cortes na despesa e por isso arriscamo-nos a nova recessão.

É muito possível uma nova queda, embora menos grave que a primeira, e que vamos parar a um ponto recessivo semelhante ao acontecido em 2012.

Segue-se depois um crescimento rápido, subindo o segundo V depressa?

É cedo para fazer esse tipo de previsões.

Como diz toda a gente, incluindo Passos Coelho, há muitos "riscos".

Mais do que riscos, ou além deles, há um evidente dilema português.

O que é melhor: tentar corrigir o déficit do Estado, aumentando a recessão?

Ou tentar evitar a recessão, deixando o déficit ser maior do que a troika pede?

Eu pela minha parte, prefiro a segunda opção; mas a Europa e o Governo, é evidente, preferem a primeira.

publicado por Domingos Amaral às 16:34 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Terça-feira, 15.10.13

O orçamento e a armadilha da dívida de Portugal

O orçamento de 2014 é mais uma prova evidente que Portugal está apanhado na "armadilha da dívida". 

Tudo o que o Governo fizer para tentar diminuir o déficit, cortando a despesa do Estado, cortando pensões, cortando salários aos funcionários públicos, pode descer o déficit num primeiro momento, mas irá provocar efeitos recessivos fortes.

Assim, num segundo momento, como se passou em 2012, vai crescer o desemprego, vai diminuir o crescimento económico interno, e isso vai diminuir de novo as receitas fiscais. 

Corta-se na despesa, mas a recessão que se provoca tira-nos uma parte do ganho, pois as receitas do Estado caem, e sobem os custos, se houver mais subsídios de desemprego a pagar.

A melhoria do déficit não é pois muito grande, como se viu nos últimos anos; e ainda por cima, se o PIB cair, o rácio da dívida pode voltar a crescer.

Mas, e esse é um grande sarilho também, tudo o que o Governo fizer para tentar estimular a economia, como por exemplo descer o IRC, vai fazer descer as receitas fiscais, e portanto criar mais déficit.

É claro que, num momento posterior, pode ser bom, pois o investimento pode aumentar, mas inicialmente será mau, pois as receitas diminuem.

É a "armadilha da dívida" em todo o seu esplendor.

Se cortamos na despesa, provocamos recessão; se cortamos os impostos, aumentamos o déficit.

Esta é uma situação muito complexa para qualquer país, e nós não somos caso único.

Há saída para esta armadilha?

Sim, há. Se as exportações crescerem a 20% ao ano, ou se o turismo crescer a 30% ao ano, se calhar saímos da armadilha pelo nosso próprio pé.

Mas, com o crescimento que tem existido, bem mais baixo, isso não é possível.

Só se consegue sair desta aramdilha com ajuda, seja através da reestruturação da dívida, seja através da mutualização da dívida pela Europa.

Só libertando-nos da carga extraordinária de juros que pagamos é que a saída é airosa.

Caso contrário, corremos o risco de andar mais de uma década neste sarilho...

Tal como Sócrates antes deles, Passos e Portas arriscam-se também a acabar trucidados pela armadilha...

publicado por Domingos Amaral às 16:11 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 11.10.13

Portugal tem a direita mais casmurra do mundo ou é só impressão minha?

A direita portuguesa, do PSD e do CDS, é provavelmente uma das direitas mais casmurras e teimosas do mundo.

Pior do que a nossa, só a americana!

A nossa direita anda absolutamente apaixonada pela ideia de que é preciso diminuir a despesa do Estado, e que não há mais nenhuma forma de cumprir as nossas obrigações.

A lógica é simples e límpida.

Se Portugal cortar a despesa, o deficit desce, ganhamos credibilidade, os juros descem, e podemos voltar aos mercados.

Tudo muito limpinho, certinho, tudo a parecer muito verdade, mas...tudo muito duvidoso.

Ora, será que a direita portuguesa não vê o que ela própria fez nos últimos dois anos?

Será que não tira daí algumas lições?

Convém recordar o que se passou, não vá alguém ter-se esquecido.

Em 2012, o Governo cortou drasticamente a despesa do Estado e retirou subsídios aos funcionários públicos.

Qual foi o resultado?

Portugal afocinhou numa recessão gravíssima, o desemprego cresceu vertiginosamente, as receitas fiscais caíram a pique, e o deficit, que era suposto ter diminuído, não diminuiu quase nada! 

O corte na despesa em 2012, de tão recessivo que foi, provocou efeitos bem mais graves do que aqueles que se esperavam.

Embora o Governo se preparasse para repetir a dose, o Tribunal Constitucional disse que esse caminho era ilegal, e então o Governo escolheu outro.

Para 2013, houve o famoso "enorme aumento de impostos", e cortou-se menos na despesa.

Qual foi o resultado?

Bem, o ano ainda não terminou mas parece já evidente que a recessão é muito menos grave do que em 2013, o desemprego até baixou um pouco, e as receitas fiscais subiram muito, fechando mais o deficit do que em 2012.

Ou seja, o aumento de impostos em 2013 foi bem mais eficaz e menos gravoso do que os cortes na despesa em 2012.

É isso que a realidade nos diz, mas o Governo nem pensa.

Alguém tira algumas conclusões inteligentes destes resultados?

Nada disso.

As indicações que temos é de que o Orçamento para 2014 vai trazer mais doses cavalares de austeridade, com muitos "cortes na despesa".

O Governo volta a escolher o caminho mais duro e mais penoso, e prepara-se para provocar mais uma recessão ao país.

Porque é que a nossa direita é tão casmurra?

Será que ainda ninguém percebeu que os cortes na despesas são muito recessivos e contraproducentes, e que mais vale subir um pouco mais os impostos?

Sim, meus amigos, subir os impostos, que parece que em Portugal é um crime, e que qualquer pessoa de direita espuma pela boca de raiva ao ouvir!

É exactamente porque estamos em tempos excepcionais que se devem usar medidas excepcionais.

Eu também gostava de descer impostos, mas se subi-los é a forma mais eficaz e menos dolorosa de sair de um sarilho, talvez se deva escolher essa hipótese, e não os cortes violentos na despesa.

Reformar o Estado não é cortar cegamente e à bruta na despesa.

Isso é casmurrice e cegueira.

Depois não digam que ninguém vos avisou...

 

publicado por Domingos Amaral às 10:22 | link do post | comentar | ver comentários (17)
Sexta-feira, 08.02.13

A Irlanda também já teve o seu perdão de dívida

Depois da Grécia em Dezembro, foi agora a vez da Irlanda. Hoje, foi aceite pelo Banco Central Europeu um monumental reescalonamento da dívida da Irlanda, o que na prática significa um perdão e um adiamento do pagamento de muitos milhões de euros em juros.

Mais de três anos depois da crise financeira do euro ter começado, a Europa aceitou finalmente fazer aquilo que muitos, desde 2009, diziam ser essencial: reestruturar a dívida pública dos países que estavam com excesso de dívida.

Foram precisos três anos para a lenta Sra Merkel aceitar o óbvio: a dívida da Irlanda, tal como a da Grécia e a de Portugal, e provavelmente também a de Espanha, não é pagável com austeridade, e só renegociando a dívida, e com os credores a aceitaram certas perdas e adiamentos longos de pagamentos, é que a situação se podia resolver.

Há três anos, ninguém aceitou este princípio de bom senso, e a Alemanha obrigou a programas de austeridade duríssimos, que obviamente não tornaram os países capazes de pagar as suas dívidas. Não é com milhões de desempregados que se pagam as dívidas excessivas dos países, e a austeridade desmiolada que se praticou provocou uma crise grave na Europa.

Agora, tanto a Grécia como a Irlanda já conseguiram renegociar a dívida. Só falta Portugal. Contudo, o nosso Governo parece bem mais determinado em prosseguir a austeridade fortíssima do que em renegociar a nossa dívida. Passos Coelho e Gaspar não param de falar na necessidade imperiosa de cortar 4 mil milhões de euros em despesa do Estado.

Ora, pergunto eu, porque não renegociar a dívida e baixar a fatura altíssima de juros? Se a Irlanda e a Grécia já o fizeram, porque não o faz Portugal? E, já agora, que sentido faz cortar 4 mil milhões de euros em despesas sociais quando se gastam quase 14 mil milhões nos nossos bancos? A austeridade não se aplica à banca e aos banqueiros?

publicado por Domingos Amaral às 17:45 | link do post | comentar
Sexta-feira, 20.07.12

Cavaco e a recessão

Cavaco Silva tem razão: em vez de pedir mais tempo à troika, deviam era aplicar-se políticas menos recessivas. O choque fiscal brutal que os portugueses têm sofrido - eu recebi o IRS e a sobretaxa que ainda tenho de pagar é elevadíssima - e os cortes nos subsídios e nos salários estão a dar cabo da nossa economia. Há maneiras melhores de reduzir os desequilíbrios mas duvido que os fanáticos das Finanças como o senhor Gaspar queiram dar o braço a torcer.

publicado por Domingos Amaral às 11:20 | link do post | comentar
 

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