Quarta-feira, 26.02.14

Subir o IRS foi bom para a economia portuguesa

Os números da execução orçamental, que ontem foram revelados, são contundentes: a receita fiscal subiu bastante, e a despesa desceu pouco.

Ou seja, o deficit está claramente a diminuir porque as receitas dos impostos estão a subir, o que é muito bom sinal.

Ao contrário do que dizem a direita e a esquerda portuguesa, que nisso têm a mesma opinião, a subida de impostos foi boa para economia, e não má.

A economia portuguesa adaptou-se muito melhor à subida de impostos de 2013 e 2014, do que aos cortes profundas na despesa de 2012.

 

É evidente que esta realidade é impopular.

À direita, é muito mais popular dizer que se deve cortar na despesa e descer os impostos.

É o que dizem Passos Coelho e Portas, e os seus fiéis estão totalmente de acordo.

À esquerda comete-se erro semelhante.

Seguro ataca o Governo porque subiu os impostos, e ataca o Governo porque cortou na despesa.

Não quer nem uma coisa, nem outra, o que é absurdo.

Estão ambos errados.

 

A direita convenceu-se que é sempre melhor cortar na despesa e baixar os impostos, e não olha para a realidade dos números.

A verdade é que o corte profundo na despesa, realizado em 2012, com cortes dos subsídios e das despesas intermédias, provocou efeitos desastrosos em Portugal.

A recessão instalou-se, o desemprego cresceu muito, houve uma profunda quebra das receitas fiscais, e tudo parecia perdido.

Porém, com a forte subida do IRS em 2013, o que se verificou?

A economia voltou a crescer, o desemprego começou a baixar, as receitas fiscais subiram, e o deficit diminui muito mais!

A conclusão devia ser óbvia: a economia portuguesa absorveu muito bem a subida de impostos, e saiu da crise mais rapidamente.

 

É lamentável que ninguém aceite este facto, e que a direita passe os seus dias a dizer que vai descer os impostos e cortar mais na despesa, o que seria grave para a economia, e a esquerda passe os seus dias a dizer que quer aumentar a despesa e cortar os impostos, o que seria igualmente grave.

Ninguém parece perceber que os portugueses preferem pagar mais impostos e não executar tantos cortes nas despesas, nos salários ou nas pensões.

Ou seja, os portugueses estão dispostos a pagar mais impostos para manterem o Estado Social como está.

É essa a conclusão desta crise, e esquerda e direita deviam percebê-lo. 

Mas, é sempre mais popular dizer que se quer descer impostos ou aumentar despesa, e os políticos que temos caiem sempre nessa tentação da popularidade fácil e rápida. 

A verdade é que, se desde 2004 tivessemos todos pago mais impostos, o país não tinha acumulado os deficits que acumulou...

publicado por Domingos Amaral às 10:42 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Quarta-feira, 03.07.13

Conseguirá Passos destruir Portas?

É a grande dúvida do momento! 

Além de ter andado quase um ano a humilhar Paulo Portas de formas mais ou menos subtis, Passos Coelho fez ontem uma sibilina destruição de carácter de Portas.

Quando falou ao país, Passos não mencionou as razões de Portas para a sua demissão. Nem por uma vez referiu o ponto da discórdia: a escolha de uma ministra, uma mera continuadora de Gaspar.

Nada disso. Passos levou as coisas para o plano do carácter.

Deu a entender que Portas era imprevisível, "surpreendera-o com o pedido de demissão"; que era instável, "é preciso manter a serenidade nestes momentos"; e que "não se demitia e não fugia", quando Portas acabara de se demitir.

Por fim, Passos traçou um paralelo terrível entre ele, o "referencial da estabilidade", e Portas, o instável.

Depois dessa hora, os comentadores e os portugueses passaram a discutir, não a substância política das divergências, mas o carácter de Portas.

Este profundo momento de cinismo já era grave, mas Passos foi mais longe.

Na verdade, o que ele fez foi um verdadeiro apelo a um golpe de Estado no CDS. O que ele pretende é decepar a liderança do CDS, ou seja Portas, e substituí-la por outra, fiável e obediente, que salve o Governo de uma morte mil vezes anunciada.

E, ao que tenho ouvido dizer hoje, esse golpe de Estado parece estar prestes a acontecer no CDS.

"Ofendidos", "traídos", "surpreendidos" (como?) pela súbita decisão de Portas, e tremendo de medo e pânico com a chantagem que Passos e os famosos "mercados" estão a fazer, há muitos no CDS dispostos a deixar cair Portas o mais depressa possível.

Conseguirá Portas sobreviver a esta pressão intensa? E como entender um partido que passa os dias a criticar o Governo por tudo e por nada, e agora, no momento da verdade, se corta e acanha, refugiando-se debaixo das saias protectoras de Passos?

Será uma tragédia para Portugal se Portas acabar hoje, e se demitir da presidência do CDS-PP. Mas para o CDS será pior que uma tragédia, será a prova final da sua absoluta irrelevância na sociedade portuguesa. A partir dessa data o CDS será um empregado, submisso e caladinho, de Passos Coelho.

E Passos acabará como o grande vencedor destas "72 horas", desaparecido o seu ministro mais impopular (Gaspar) e o único político que os portugueses respeitam mais do que Passos, que é Portas.

Ainda dizem que isto é uma brincadeira de garotos! Isto é digno de um filme medieval, com Maquiavel no principal papel.  

publicado por Domingos Amaral às 15:36 | link do post | comentar | ver comentários (2)

2ª Carta a Paulo Portas, a louvar a sua coragem

Caro Paulo Portas

Ao contrário de muitos, que te chamam garoto, eu quero aqui escrever publicamente que ontem tiveste uma atitude de grande coragem.

Há pouco mais de 9 meses, escrevi-te a minha primeira carta, a defender que te devias demitir depois da célebre TSU, que Passos e Gaspar queriam aprovar contra a tua vontade.

Na altura, não o fizeste, e deste mais uma oportunidade aos dois. Não estive de acordo mas compreendi. Para ti, ainda era cedo, embora para mim já fosse tarde demais.

E o que se passou nesses 9 meses, entre Setembro de 2012 e Julho de 2013? Muita coisa.

Em vez de Portugal melhorar, a situação económica afundou-se ainda mais. Tivemos o célebre "enorme aumento de impostos", e o que se vê é "um enorme aumento do deficit no primeiro trimestre". A dívida também aumentou e só os cegos acham que estamos melhor agora.

Além disso, a Europa caiu ainda mais na recessão, como muitos avisaram que ia acontecer. Os "austeritários" começaram a perder todos os argumentos, e de Paris a Berlim, passando por Bruxelas ou Roma, já ninguém acredita que a revolução "austeritária" é uma solução viável.

Em apenas 9 meses, a Europa mudou. Não muito, mas já mudou o suficiente para se perceber que esta receita austeritária fracassou rotundamente, e que há que encontrar outra saída para a crise.

Porém, por cá, continua a haver uma cabeça teimosa e cega, que nada ouve, nada aprende e nada muda.

Mesmo depois da confissão de derrota de Vítor Gaspar, a quem chamaram e bem o "arquitecto" da austeridade, Passos Coelho mantém-se obstinado e teimoso, como se nada tivesse acontecido.

Há muitos meses que o CDS vem chamando a atenção para a necessidade de mudança. Fê-lo mantendo até ao limite do possível a solidariedade com Passos.

Contudo, Passos é tão pouco inteligente, que não sabe ler qualquer sinal. Não percebe que a Europa já mudou, não percebe que já perdeu o país há muito, não percebe que a sua estratégia falhou colossalmente.

Como um cego e surdo, Passos caminha em direcção ao abismo sem ouvir ninguém.

Mas, há limites para tudo. 

Há anos que Passos humilha o CDS e te subalterniza ostensivamente. Isso, já de si desagradável, seria suportável se a direcção escolhida fosse a certa. Mas não é. Portanto, nada te obriga a ir agarrado a ele para o abismo.

As pessoas que hoje te chamam garoto têm de perceber que o que se passa, e o que te separa de Passos é uma profunda divergência política. Não é uma birra, nem um amuo. É muito mais do que isso.

Passos continua a acreditar na receita "austeritária" com a limitação intelectual de um fanático, e por isso nomeou a senhora que se seguia. Ora, é precisamente isso que está em causa. Esta política falhou, continuar no mesmo rumo é um puro suicídio.

Talvez tenhas contudo de explicar isso melhor. Talvez não baste um comunicado.

Portugal inteiro precisa de perceber que tu não acreditas mais neste rumo, nesta austeridade que só trouxe miséria e desgraça a Portugal. Tens de explicar a todos que é isso que divide hoje o CDS e o PSD de Passos.

Tal como os patrões, os sindicatos, a oposição ou a Igreja, ninguém acredita neste rumo e só estão nele por puro medo.

Sim, medo. É o medo terrível de ser castigado, o medo do futuro, a chantagem da alta finança, que leva as pessoas a aceitarem este rumo.

Ora, o medo não pode ser o dia a dia de um país. Portugal não pode continuar a viver nesse terror paralisante que leva muitos a quererem aceitar tudo, não vá alguém chatear-se connosco.

É preciso vencer esse medo, superar essa aflição. Sim, vai ser difícil, mas não podemos continuar a viver nesta chantagem.

A receita da Europa falhou, a receita da "troika" falhou, a receita de Passos falhou.

É isso que tem de ser dito, é isso que tem de ser praticado, e nós temos de o saber explicar à Europa.

Portanto, acredita nas tuas convicções, acredita que estás certo, porque estás. 

É evidente que provocar instabilidade tem custos, isso todos o sabemos. Porém, e ao contrário do que muitos para aí dizem, eu acho que neste momento a instabilidade é uma aliada de Portugal.

Quanto mais instabilidade existir agora, mais a Europa muda, e mais depressa muda.

Se, durante este Verão, como prevejo, Portugal, Grécia e talvez até a Irlanda, entrarem em turbilhão, a Europa da Sra Merkel vai ter de perceber que ou muda ou morre.

Há três anos não era assim, mas hoje as coisas mudaram. Merkel tem eleições em Setembro, tudo o que ela não quer é crises em Portugal ou na Grécia.

E é precisamente por isso que esta crise vem no momento certo. Agora, que a Europa já perdeu a fé na revolução "austeritária" e Merkel está em época eleitoral, é que é tempo de provocar uma mudança geral na Europa.

Portugal, com a tua decisão corajosa, será o motor dessa mudança. Através da instabilidade, aterrados com o pânico do colapso geral do euro, todos terão de mudar de política, para que a crise acabe.

Pela minha parte, cresceu mais uma vez a minha admiração por ti.

Não te deixaste vencer pela chantagem do medo, e agora é tempo de falares e dares uma nova esperança ao país. Fala, e explica a todos que não vais mais por esse caminho sinistro da "austeridade" das troikas, dos Passos e dos Gaspares.

Esse tempo acabou e ainda bem que foste tu a provocar uma morte mais do que anunciada.

E, caro Paulo, não tenhas medo que os juros subam. Quanto mais subirem, mais Portugal se torna essencial na Europa, e mais força tem para impor uma mudança geral de políticas.

Coragem é o que te peço, e esperança é o que em ti deposito.

"May the force be with you".

 

publicado por Domingos Amaral às 12:13 | link do post | comentar | ver comentários (29)
Sábado, 09.03.13

Ninguém lixa a troika!

Por mais que os portugueses queiram ver-se livres da troika, isso não está para acontecer, nem para breve! A "troika" decidiu ficar por cá mais uns dias e isso é uma péssima notícia, para Portugal e para o Governo.

Pelos vistos, não vai acontecer aquilo que o Governo queria, que fossem suavizados ou mesmo adiados os famosos cortes de 4 mil milhões de euros na despesa pública. A "troika" não vai deixar, e foi por isso que ficou mais uns dias em Portugal, para impor esses cortes ao Governo e ao país.

Não valeu de nada a tentativa de Paulo Portas e Vítor Gaspar, que há pouco mais de uma semana, no Parlamento, deram a entender que era possível "suavizar" os cortes e adiá-los no tempo. Qual suavização, qual quê! A "troika" não vai deixar que isso aconteça, e Portas e Gaspar andaram a criar expectativas erradas nos portugueses.

É preciso os portugueses todos perceberem finalmente uma coisa: o Governo não manda nada. Quem manda são os patrões de Bruxelas e Berlim, os senhores Rehn e a senhora Merkel, que controlam a "troika" e mandam executar o que desejam, sem os portugueses terem qualquer hipótese de se opor.

Na verdade, como já aqui escrevi, eles são os patrões da quinta. Passos Coelho e Gaspar não passam de meros feitores da quinta, de caseiros que fazem o que os patrões mandam. Os 4 mil milhões são para cortar, queiram eles ou não, e não há nada que Portugal possa fazer para parar esta carnificina que está a acontecer ao país.

Isto não vai ser nada bonito de se ver... 

publicado por Domingos Amaral às 18:24 | link do post | comentar
Quarta-feira, 12.12.12

Lista de Presentes de Natal para o Governo

Para quem esteja com dúvidas sobre o que comprar e o que oferecer a alguns dos nossos governantes no próximo Natal, eis aqui umas sugestões:

 

Pedro Passos Coelho - um coelinho a pilhas da Duracell, que dura, e dura e dura...O livro do prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, com o título "Acabem Com Esta Crise Já!". Um CD do Paulo de Carvalho, com uma gravação da Nini, ao vivo no Coliseu, para se recordar sempre daquela noite. 

 

Vítor Gaspar - Um curso rápido de operador de telemarketing, para ele aprender a falar mais depressa. Um dicionário português-alemão para se entender ainda melhor com o seu congénere Schauble. Um kit de modelismo para ele poder "modelar" as medidas que quisesse. 

 

Paulo Portas - Muito papel de carta e envelopes lacrados, e uma caneta Bic, para nunca lhe faltar com que escrever cartas à "troika". Um vídeo sobre malabarismos em cima do arame, perigosos mas muitas vezes bem sucedidos. 

 

Miguel Relvas - Uma televisão, com home cinema e 200 canais à escolha, para ele matutar sobre todos os modelos possíveis para a RTP. Um par de castanholas para ele actuar mais vezes no rancho fóclórico. Um curso rápido de inglês, fácil de terminar. 

 

Miguel Macedo - Um livro de fábulas de La Fontaine, para se inspirar, e uma embalagem de Baygon para poder eliminar cigarras. E formigas. E melgas.

 

Álvaro Santos Pereira - Um combóio eléctrico, uma retroescavadora e muitos camiões, todos da Playmobil, para ele lançar a reindustrialização do país e da Europa a partir de casa.

 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:32 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 15.10.12

Carta a Paulo Portas

Caro Paulo

 

Recordo com saudade e até alguma nostalgia aqueles anos do jornal "O Independente" em que tínhamos tempo para conversar sobre política e Portugal. Sempre foste um diretor com quem os jornalistas mais novos, como eu, podiam trocar ideias com liberdade e entusiasmo, e aprendi muito naqueles tempos. Nem sempre estava de acordo contigo, mas sempre admirei o ânimo com que defendias aquilo em que acreditavas, e não tinha qualquer dúvida que, mais tarde ou mais cedo, irias entrar na política e cumprir o teu destino.

Ao longe, tenho observado os teus passos e nunca deixei de respeitar a dedicação que colocas em tudo o que fazes na vida pública nacional. É também por isso que hoje te escrevo. Sinto que nestes tempos, estamos todos a viver momentos fundamentais da nossa vida, e tu bem mais do que eu. Por isso aqui vai o que tenho para te dizer, peço-te para leres com atenção e refletires sobre estas palavras. 

Hoje, terás de aprovar um orçamento para o nosso país, mas gostava que não o fizesses, pelas razões que passo a descrever. Em primeiro lugar, é um orçamento que impõe "um aumento enorme" de impostos, o que é só por si uma violência para os portugueses, já tanto fustigados pela terrível situação económica. É em si mesmo um aumento injusto, desproporcional, o maior desde que o país é uma democracia, o que é uma tragédia.

Em segundo lugar, é evidente que este aumento de impostos vai ter fortíssimos efeitos recessivos, atirando muitos portugueses para uma miséria triste e muitos outros para um abismo de dificuldades, e paralisando a já anémica economia do país. Como solução económica para os problemas de Portugal é uma hecatombe a somar à enorme desgraça em que já estamos.

Em terceiro lugar, é a repetição agravada de uma receita que não funcionou, nem em 2011, nem sobretudo em 2012. Parece já evidente para todos os portugueses que as soluções adoptadas, por mais bem intencionadas que fossem, tiveram resultados opostos aos desejados. Infelizmente, Portugal não está melhor do que há um ano e meio, bem pelo contrário, está pior. Ora, as pessoas inteligentes costumam aprender com a realidade, e se verificam que algo não correu como esperavam, devem corrigir o seu rumo, e não persistir numa estratégia teimosa e cega.

Além disso, e em quarto lugar, começam a aparecer sinais cada vez mais fortes de que, seja na Europa, seja entre os membros da "troika", há já uma consciência de que o "fanatismo austeritário" não está a funcionar. Mesmo o FMI, tantas vezes tão criticado, já teve a honestidade de reconhecer que os efeitos da austeridade foram muito mais nefastos do que previra, e que é tempo de adaptar os programas à situação específica com que se confronta cada um dos países em crise. Essa é uma "janela de oportunidade" que Portugal devia aproveitar, para moderar ou "calibrar", como agora se diz, a nossa política orçamental, tornando-a menos draconiana e mais positiva.

Em quinto lugar, apelo aos teus valores políticos, àquilo em que sempre acreditaste e defendeste. O CDS-PP, liderado por ti, sempre teve como bandeira política a luta contra o aumento dos impostos e da carga fiscal. Como pode agora apresentar como solução aos portugueses o maior aumento de impostos de sempre da nossa história? Como pode o CDS-PP tornar-se cúmplice desta política aterradora, quando sempre defendeu o contrário? 

Em sexto lugar, relembro-te que há momentos essenciais na carreira de um líder político, momentos sem dúvida difíceis, mas que definem o futuro. Aqui há uns anos, aceitaste para primeiro-ministro um líder escolhido pelo PSD, Santana Lopes, que não tinha legitimidade para ser primeiro-ministro, pois nem sequer tinha sido eleito deputado. Para seres "responsável", formaste um Governo com ele, e foste atrelado a ele até ao seu colapso. A história teve consequências penosas para ti e para o teu partido, e era importante que não cometesses por estes dias um erro semelhante.

Se não te distanciares deste PSD e deste primeiro-ministro, e do grupo de fundamentalistas da austeridade que o suportam, onde se evidenciam Vítor Gaspar e António Borges, entre outros, irás amarrado a eles para um poço sem fundo, de onde será muito difícil saíres nos próximos anos, pois os portugueses não irão perdoar a quem tanto lhes fez mal.

Lembra-te que Portugal não é uma ideia abstrata. Portugal são os portugueses que cá vivem, todos eles, e por isso não é possível dizer que Portugal está no bom caminho quando todos os portugueses, com as raríssimas excepções do grupo de fanáticos atrás referido, se sentem angustiados, deprimidos e com medo do futuro. Não acredites pois nessa "chantagem" que muitos propõem, que nos obriga a ser "responsáveis" engolindo tudo, porque isso é uma falsidade. Responsabilidade não é obrigar as pessoas a saltarem para um abismo, mas descobrir uma alternativa a esse salto. Responsável é quem, mesmo correndo muitos riscos, é capaz de ter a coragem de dizer não a uma política suicida e inaceitável.

Espero que sejas capaz de recusar o "aumento enorme" de impostos que este primeiro-ministro e este ministro das Finanças querem impôr ao país. Muitos e muitos portugueses te apoiariam se o fizesses.   

 

Um abraço com estima

Domingos Amaral

 

 

 

publicado por Domingos Amaral às 11:47 | link do post | comentar | ver comentários (7)
Quinta-feira, 13.09.12

O CDS e a coluna vertebral

O CDS passou os últimos meses a dizer que não aceitava mais aumentos de impostos. O CDS passou os últimos meses a dizer que a "carga fiscal" sobre os portugueses tinha passado para além dos limites. O CDS passou os últimos meses a dizer que as famílias portuguesas não podiam aceitar mais sacrifícios fiscais. E agora, o que vai o CDS fazer, sabendo que o governo anunciou a subida das contribuições para a segurança social, idêntica a uma subida de impostos, e anunciou também que vai subir as taxas médias do IRS? Sim, o CDS vai trair-se a si próprio e às suas convições e engolir um sapo vivo? E quem é que depois vai acreditar no CDS? Paulo Portas tem por estes dias o seu momento da verdade: ou vende a alma ao Diabo e aceita ficar no governo traindo os seus princípios e as suas convições; ou impõe como condições para ficar a retirada destas impopulares medidas, e caso Passos Coelho não aceite retirá-las, o CDS deve sair do governo e abandonar a coligação. É nos momentos difíceis que se vê o carater e a fibra dos homens, e este é um desses momentos. 

publicado por Domingos Amaral às 12:10 | link do post | comentar | ver comentários (6)
 

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