Quinta-feira, 06.12.12

Gabriela e a infidelidade das mulheres

Está quase a acontecer a traição de Gabriela ao marido Nacib! Pé ante pé, o ardiloso Tonico Bastos tem vindo a seduzir a moça com mimos e presentes, e ela está prestes a render-se, colocando um terrível par de cornos no dono do bar de Ilhéus.

Da história de amor que é que Gabriela, há alguns ensinamentos a retirar. O principal é: nunca proiba a sua mulher de dançar! Foi aí que o descalabro começou, quando Nacib impediu Gabriela de ir bambolear-se ao som da música na rua. O desejo do árabe em que ela se tornasse uma "dama da sociedade" era tão grande, que atrofiou Gabriela numa teia de obrigações, matando a sua felicidade.

É essa a moral da história: marido que proibe a mulher de fazer o que gosta, dá-se mal no fim, e não escapa ao par de cornos. Gabriela, antes do casamento, era uma mulher livre, sorridente, feliz, e extraordinariamente apaixonada por Nacib. Porém, mal se casou com ela, Nacib começou a obrigá-la a ser diferente, a negar a sua natureza livre, pura e infantil.

Mandou-a calçar sapatos quando ela gostava era de andar descalça, proibiu-a de brincar na rua com as crianças, impôs os vestidos apertados e os chapéus, e não descansou enquanto não a levou para as reuniões sociais das damas de Ilhéus, para a missa, ou para chatíssimos recitais de poesia.

Um dia, chegou mesmo a oferecer a Gabriela um pássaro numa gaiola, uma metáfora perfeita do desentendimento entre os dois. Para Nacib, o pássaro na gaiola era uma companhia; para Gabriela, era uma tortura impensável prender uma ave que nascera para voar!

E assim os dois se foram afastando. Gabriela, às escondidas, soltou o pássaro. Nacib enfureceu-se e nesse dia o principe encantado de Gabriela transformou-se  num sapo, chato e incómodo.

É neste alçapão de amargura e infelicidade feminina que entra o manhoso Tonico, cujo único objetivo é deitar-se com Gabriela, mas que topou que a ternura lhe atingiria o coração carente, e portanto o sexo, pois nas mulheres o sexo e o coração são quase sempre o mesmo órgão. E assim Gabriela irá sucumbir, traindo Nacib.

Portanto, nós, homens do mundo, temos de perceber esta profunda verdade: quando mais prendermos as mulheres, mais depressa nos crescem os cornos.

publicado por Domingos Amaral às 12:07 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Quarta-feira, 22.08.12

Caldos, casos e "fuckfriends"

O que é "um caldo"? Qual a definição técnica? No meu tempo, "caldo" era quando um homem e uma mulher andavam a sair juntos, enrolados, às vezes nos amassos mas outras já no sexo. Contudo, recentemente descobri que muitas vezes, em especial para as mulheres, a definição de "caldo" não era tão vasta, e tratava-se apenas de andar a sair com alguém, com quem há um certo clima, uma possbilidade de algo acontecer, nada mais. "Caldo" não incluía sexo, nem sequer beijos na boca, era pré-físico. Não era apenas amizade, mas também não era engate, ficava ali num limbo, simpático mas nada carnal. E também não era um "caso".

Um "caso" é uma situação de alguma gravidade. Um "caso" não é um caldo, nem é um "engate", porque um "caso" tem implícito um certo perigo, uma transgressão qualquer. "Caso" é quando existe um triângulo amoroso e nós somos um dos ângulos. "Caso" é o que têm as mulheres quando se envolvem com homens casados; mas não os homens, que nunca têm "casos", limitam-se a dizer que "andam a comer uma gaja", como se não fossem também comidos por ela. "Caso" tem cornos, traição, infidelidade, potencial de perturbação social. "Caso" tem sexo rápido, a seguir ao almoço, em motel de estrada na periferia ou dentro do carro. "Caso" tem consequências, alguém chora no fim, normalmente a mulher.

São portanto coisas distintas: "caldo", "caso"e "engate". "Engate" é coisa que acontece normalmente à noite, é excitante e rápido, é um "caldo" que passa a "caso" num abrir e fechar de braguilhas; mas também pode ser um "caldo" que passa a "namorico" em poucas horas. Um "namorico" pode nascer de um "caldo" que evoluiu bem, mas também de um "engate" sortudo, onde se caçou alguém verdadeiramente interessante, que não vale apenas pela "queca". Um "namorico" é a antecâmara do "namoro", quando ainda não se conhecem os pais do outro. Um "namorico" pode ter sido "caldo" ou "engate", mas nunca será um "caso", porque não há qualquer perigo, nem ele nem ela são casados, não há terceiros para atrapalhar.

Ainda mais inovador que todos estes estados é o conceito de "fuckfriend". Como o nome indica, é quando se anda a foder com amigos. Há homens que têm amigas com quem dormem de vez em quando, e há mulheres que têm amigos com quem dão umas voltas quando a elas lhes apetece (a eles apetece-lhes sempre, como se sabe). Nos "fuckfriend", pode já ter existido "caldo", "engate", "caso", "namorico" e até "namoro", mas agora as coisas estão diferentes, os dois precisam de algum espaço (o que obviamente significa que andam a foder com outras pessoas mas não querem que ninguém os chateie por causa disso), mas ainda gostam de se tocar, de se beijar, e quando há tempo e as circunstâncias o permitem, dão mais uma voltinha. É uma relação altamente moderna, embora o nome seja um bocadinho ajavardado. Mas pronto, não se pode ter tudo.

 

 

 

publicado por Domingos Amaral às 11:00 | link do post | comentar | ver comentários (9)
 

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