Sexta-feira, 17.05.13

Novo livro já nas livrarias: "O Retrato da Mãe de Hitler"

Já chegou às livrarias o meu novo livro, com o título "O Retrato da Mãe de Hitler". É mais um romance, e uma continuação de "Enquanto Salazar Dormia", o meu livro que os leitores mais gostaram.

A história passa-se em Lisboa, durante o ano de 1945, logo após o final da 2ª Guerra Mundial na Europa, e é a narrativa da fuga dos nazis através de Portugal e da nossa capital, trazendo com eles muitos tesouros roubados.

Os principais personagens são os mesmos de "Enquanto Salazar Dormia": o narrador, Jack Gil, um luso-inglês que foi espião durante a guerra; e as mulheres por quem ele se apaixonou, Luisinha e Alice. 

No mesmo dia em que Hitler morreu, 30 de Abril de 1945, um coronel das SS chamado Manfred apodera-se de uns tesouros nazis valiosos, roubando um cofre em Munique, dentro do qual estão alguns bens pessoais do próprio Fuhrer, entre os quais uma pistola dourada e o retrato da mãe de Hitler.

Perseguido pelos judeus, Manfred acaba por chegar a Portugal, onde irá tentar vender o seu tesouro aos colecionadores de relíquias nazis.

Jack Gil Mascarenhas Deane já não trabalha para os serviços secretos ingleses e a chegada do seu pai a Lisboa vai alterar a sua vida. O pai é um colecionador de tesouros nazis, e vai obrigar Jack Gil a ajudá-lo na sua demanda pelos valiosos artefactos, que muitos nazis, como Manfred, tentam vender em Lisboa, antes de fugirem para a América do Sul.

Dividido entre o desejo de ajudar o pai e o desejo de partir de Lisboa, Jack Gil está também dividido nos seus amores, pois embora esteja apaixonado por Luisinha, uma portuguesa que adora cinema e acredita na democracia; está perturbado pelo regresso de Alice, o seu amor antigo, uma mulher duvidosa, misteriosa mas entusiasmante, que fora a sua paixão de uns anos antes, e que desaparecera certa noite da sua vida. 

Espero que os leitores gostem tanto deste livro como gostaram de "Enquanto Salazar Dormia". 

publicado por Domingos Amaral às 11:43 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quinta-feira, 13.12.12

Os alemães deviam lembrar-se melhor da sua História!

Sempre que vejo na televisão o ministro das Finanças alemão, o Sr. Schauble, penso que se calhar ele já não se lembra bem da História do seu próprio país, a Alemanha.

Quando fala na dívida pública dos países como Grécia, Portugal e Irlanda, ele nunca quer ouvir falar em "perdão de dívida", nem sequer em "renegociação" ou "reestruturação" da dívida. Para ele, esses países têm de pagar o que devem, e mais nada! Quanta falta de memória...

A História da Alemanha no século XX é uma lição sobre o que se deve e o que não se deve fazer quando a dívida pública atinge valores astronómicos, e o Sr. Schauble, e outros que tais, deviam meditar sobre os ensinamentos que se podem, e devem, retirar do passado.

Logo após o fim da I Guerra Mundial, o tristemente célebre Tratado de Versailles obrigava a Alemanha, que perdera a guerra, a pagar elevadíssimas "reparações". Com sede de vingança, vontade de castigar e muita cegueira, americanos, franceses e ingleses, obrigaram a Alemanha a enormes sacrifícios, fazendo a dívida pública do país crescer para valores astronómicos.

O resultado não foi bonito de se ver. Atrofiada num mar de dívidas, a Alemanha sofreu horrores. Dois surtos de hiperinflação brutais, nos anos 20, e duríssima austeridade, em especial entre 1930 e 1933, aplicada pelo chanceler Bruning, que viria a ficar conhecido como "o chanceler da fome". A recessão, o desemprego e a fome foram de tal ordem, que geraram um caos de onde emergiu uma calamidade maior ainda: Hitler. A austeridade fanática gerou um monstro.

Contudo, europeus e americanos não aprenderam à primeira. Depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, também foram impostas fortíssimas obrigações à Alemanha, uma enorme austeridade que fez crescer brutalmente a sua dívida pública, provocou uma recessão e impediu a recuperação económica.

Só oito anos depois do fim da guerra (!), em 1953, é que o mundo percebeu que esse caminho não funcionava, e decidiu finalmente perdoar a dívida pública alemã. 63 por cento da dívida da Alemanha foi perdoada, naquela que foi uma decisão histórica e que permitiu ao país sair do buraco em que se encontrava, ao mesmo tempo que aplicava o Plano Marshall.

Para quem pense que a história acabou aqui, não é assim. Nos anos 90, depois da reunificação das Alemanhas, o novo país ficou com uma enorme dívida pública, e foi com a ajuda dos europeus que a conseguiu reestruturar, absorvendo assim a Alemanha de Leste.

Há lições a retirar destes casos, em especial para a Alemanha, e a principal é esta: a partir de certo limite, não vale a pena forçar os países a enormes sacrifícios para pagar as suas dívidas, porque isso não resulta. O melhor é perdoar, e recomeçar do zero.

Se há país que sofreu na pele com a teimosia e a estupidez dos credores, esse país é a Alemanha, e por isso mesmo devia saber o que funcionou e o que não resultou. Quem tanto sofreu, não devia ser tão duro com os outros.   

 

publicado por Domingos Amaral às 11:20 | link do post | comentar
Segunda-feira, 12.11.12

Querida Angela Merkel

Ainda te lembras porque é que Hitler chegou ao poder em 1933? Não era má ideia leres uns livros da história do teu próprio país, e talvez assim te recordasses que foi graças às terríveis políticas de austeridade praticadas pelo chanceler Heinrich Bruning, que ficou conhecido pelo sinistro cognome de "chanceler da fome", que Hitler ganhou as eleições em 1933.

Durante apenas três anos, entre 1930 e 1933, a Alemanha viveu uma fortíssima recessão, que gerou um desemprego colossal, e uma parte da população caiu numa atroz miséria, dando origem ao famoso "ovo da serpente", a desordem geral que possibilitou a ascensão de Hitler ao cargo de chanceler da Alemanha. Para os que não sabem, convém sempre lembrar que não foi a hiperinflação dos anos 20 que gerou os nazis, mas sim a austeridade dos anos 30. 

Também em 1930, e é disso que te devias recordar, havia quem dissesse que todos tinham "vivido acima das suas possibilidades" durante a década de 20, e que só com "austeridade" se recuperaria a "confiança" na economia alemã. Infelizmente, nada disso aconteceu, e a recessão económica agravou-se brutalmente, lançando a Alemanha, e a Europa, numa década de horrores.

É por isso que escrevo, para te recordar as profundas semelhanças entre os anos 30 e estes que estamos a viver. Também nessa época se tinha uma crença enorme que, fazendo "ajustamentos" às economias, elas iriam entrar de novo nos carris. Também nessa época se acreditava que, se os países "descessem os seus custos salariais", iriam ser de novo competitivos. Também nesses tempos se dizia que, "se os governos lançassem impostos e cortassem nas despesas" o equilíbrio das suas finanças públicas se recompunha.

Porém, isso nunca aconteceu. Os "ajustamentos" falharam, e só trouxeram miséria aos povos e uma crise geral à Europa. Nesses tempos, tal como agora, toda a gente queria exportar e ninguém queria importar, e todos se esqueceram que se ninguém importa, também ninguém exporta.

A Europa é hoje muito diferente do que era nos anos 30 do século passado, mas quem pensar que as lições dessa época não nos servem está enganado. Todas as tuas opiniões sobre esta crise são, de forma perturbadora, semelhantes às opiniões que existiam nesses tempos negros. Também tu defendes a "austeridade", a "desvalorização salarial", o corte abrupto nos "deficits orçamentais". Também tu te agarras à esperança de que assim a "confiança" voltará aos mercados.

Contudo, a realidade não te dá razão. Há três anos havia uma crise na Grécia, e problemas em Portugal e na Irlanda. Hoje, há uma catástrofe na Grécia, uma crise grave em Portugal, na Irlanda, em Espanha e em Itália, e começam já a chegar fortes problemas a França e até ao teu país, a Alemanha. A crise, em vez de ser contida, expandiu-se, e ameaça de novo a estabilidade do euro. 

A pior coisa que fizeste à Europa foi dividi-la entre países credores e países devedores. Traçaste uma linha, um muro de Berlim financeiro, entre aqueles que "se tinham portado bem" e aqueles "que tinham vivido acima das suas possibilidades". Sem qualquer hesitação ou dúvida, foi criada por ti uma profunda falha tectónica no euro, distinguindo entre os "cumpridores" e os "pecadores". A partir dessa data, algures em 2009, a Europa entrou numa nefasta crise, da qual ainda não se viu livre.

Contigo ao leme, querida Angela, a Europa aproxima-se de um perigoso precipício. Os próximos meses serão terríveis, e talvez em 2013 todos percebam finalmente que foste tu a principal responsável por ter colocado a Europa na boca deste inferno. Nessa altura, todos os que me criticam irão infelizmente ser forçados a reconhecer que foram avisados. 

publicado por Domingos Amaral às 10:49 | link do post | comentar | ver comentários (15)
 

Livros à venda

posts recentes

últ. comentários

  • Li com prazer o seu primeiro volume volume de assi...
  • Caro Domingos Amaral, os seus livros são maravilho...
  • Caro Fernando Oliveira, muito obrigado pelas suas ...
  • Gostei muito dos dois volumes e estou ansiosamente...
  • Bela e sensata previsão!Vamos ganhar a Final?!...
  • A tua teoria do terceiro jogo verificou-se!No enta...
  • Gostei de ler, os 2 volumes de seguida. Uma aborda...
  • Neste momento (após jogo com a Croácia) já nem sei...
  • Não sei se ele só vai regressar no dia 11, mas reg...
  • No que diz respeito aos mind games humildes, é pre...

arquivos

Posts mais comentados

tags

favoritos

mais sobre mim

blogs SAPO

subscrever feeds