Segunda-feira, 11.03.13

Socorro, a minha filha é uma fã do Justin Bieber!!!!

A minha filha Carolina tem 14 anos, frequenta o 9º ano, é uma rapariga inteligente e bem disposta, tem óptimas notas, e eu nunca esperei que ela fosse uma fã verdadeiramente fanática do Justin Bieber, mas é. 

Quando eu era mais novo e adolescente, é evidente que gostava muito de ir a concertos e fui a imensos. Mas, nunca fui um fã incondicional de nenhum grupo ou cantor. Nunca fui daqueles que ia na véspera para a porta dos concertos, nem que ia para a fila para comprar bilhetes logo às primeiras horas, essas coisas que os fãs fazem. Muito menos ir esperar os cantores ao aeroporto!

No entanto, nem sempre os filhos saiem aos pais e são como eles. Desde há quase dois meses que em minha casa não oiço falar de outra coisa, a não ser do Justin Bieber. A minha filha Carolina anda em estado catatónico desde que soube que ele vinha a Lisboa dar um concerto, e não pára de surpreender a família.

Primeiro, como falhou a compra dos bilhetes no primeiro dia, e eles esgotaram de imediato, entrou em desespero e não descansou enquanto não comprou um no OLX! Foram dias e dias a trocar mensagens com desconhecidos, a negociar preços, enquanto a família esperava a conclusão de um negócio.

Por fim, lá se conseguiu arranjar um bilhete, e a mãe foi encontrar-se com o vendedor. A minha filha entrou em êxtase! Era tudo o que ela sonhava, e o seu sonho ia finalmente tornar-se realidade.

Ela ia ver o Justin Bieber ao vivo, ia estar apenas a uns metros dele, em frente ao palco! A família, naturalmente, ao sentir a sua felicidade, suspirou. Finalmente, ia acabar o drama doméstico, agora que já havia bilhete.

Nada disso. Com bilhete, duplicou o entusiasmo da minha filha. Nas semanas seguintes, ela passava os dias agarrada ao computador ou ao Ipad, a navegar furiosamente em sites do Bieber (com nomes como BieberFever) ou a procurar promoções de estações de rádio que possibilitavam aos ouvintes ir encontrar-se com o Bieber ao vivo!

Um dia, a minha filha anunciou que o Bieber aceitava namoradas que tivessem nascido até 1997, e ela era pois uma candidata, uma vez que ela nascera em 1998. Eu ia tendo a minha primeira apoplexia de pai. Olhei para ela, estarrecido, e perguntei:

- Mas tu gostavas de ser namorada do Bieber?

Ela olhou para mim como se eu fosse atrasado mental e respondeu:

- Claro pai, é óbvio!

Durante umas horas, não consegui falar. A visão daquele penteado ridículo do Bieber a entrar pela porta de minha casa um dia, de mão dada com a minha filha, não era suportável. Ainda hoje tenho de suster a respiração quando penso nisso.

Mas, se eu pensava que isto era o climax da relação com o Bieber, tive de tirar o cavalinho da chuva. À medida que a data do concerto se ia aproximando, a minha filha ia tomando decisões que me deixavam de cara à banda.

Na semana passada, anunciou que ia viver para a porta do Pavilhão Atlântico, numa tenda, com umas amigas! Em casa, ficámos todos sem saber o que dizer ou fazer. Alguém tentou explicar-lhe que ainda faltava uma semana para o concerto, mas ela mostrou-se irredutível! Ia mesmo, e não se falava mais nisso.

Maneira que, desde sábado, lá está a minha filha à porta do Pavilhão Atlântico a dormir, com mais cem pessoas, todas enfiadas em tendas. As mães e os pais revezam-se para lhes irem fornecer água, comida, e para as levar a casa umas horas para tomarem um duche. 

Mas, ninguém protesta. É impossível negociar ou falar com uma fã do Bieber. Elas não aceitam argumentos racionais. Quando eu tentei explicar-lhe que estava mau tempo, e ela podia apanhar febre e depois não ir ao concerto, ela revirou os olhos e disse-me:

- Pai, vamos para o aeroporto à meia-noite esperá-lo. 

O Bieber...meu Deus, e se ele engraça mesmo com ela, o que faço? O concerto é hoje à noite e eu espero que corra tudo bem, que ela goste e se divirta. Mas, e se ele olha para a minha menina? O que é que eu faço?

  

publicado por Domingos Amaral às 11:09 | link do post | comentar | ver comentários (23)
Terça-feira, 07.08.12

O coelhinho branco

Todas as noites tenho por hábito contar uma história à minha filha Leonor. Aos três anos, as crianças gostam ainda que a história seja sempre a mesma todos os dias, e assim é com ela. A que lhe conto é sobre um coelhinho branco que anda à procura de uma coelhinha branca, mas que no local onde habitualmente passeia nunca a consegue encontrar. Um dia decide aventurar-se para outro sítio, para tentar encontrá-la, o que acontece sempre. No momento em que o coelhinho vê umas orelhas brancas atrás de uma árvore, a excitação dele transforma-se na excitação da minha filha, que todas as noites celebra esse encontro colocando as suas mãozinhas no alto da cabeça, imitando as orelhas da coelhinha. Depois, o coelhinho e a coelhinha abraçam-se, dançam e vão viver felizes para sempre, não sem antes dar um beijinho, e nesse a momento a Leonor pergunta "onde?" e eu lá respondo "na boca", e ela fica feliz e diz que eles são namorados, e aceita finalmente que é chegada a hora de adormecer. É destes rituais que se faz a vida dos pais.                       

publicado por Domingos Amaral às 11:30 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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