Segunda-feira, 03.12.12

Cortar na despesa não é nada fácil!

Já alguma vez experimentou cortar a sério nas suas despesas pessoais e familiares? A maior parte das pessoas, e ainda bem, não têm de executar este penoso exercício, o que é sinal que não passam por problemas económicos graves. No entanto, nos últimos tempos e devido à crise económica, muitos são os que foram obrigados a esta dura tarefa. Ora, como já devem ter descoberto, não é nada fácil.

Começa-se por cortar onde? Naturalmente, naquilo que é supérfluo, os nossos pequenos luxos contemporâneos. As pessoas compram menos viagens, vão menos vezes jantar fora, compram menos roupa, dvds, coisas assim, e vão menos vezes ao cinema. No entanto, como rapidamente irão perceber, essas não são as principais despesas, e representam pouco no orçamento mensal de cada um, talvez cinco por cento do total.

É aqui que a coisa se complica. Para a maioria das pessoas, existem depois três grandes despesas: a casa, os filhos, e a despesa individual. Ora, é extremamente difícil cortar nestas despesas. Comece-se pela casa. Bem, se há uma prestação ao banco, é complicado renegociá-la, não é certo que o banco aceite, e qualquer alteração demora algum tempo e dá trabalho. No caso em que a casa é alugada, pode-se falar com o senhorio, mas é preciso a sua boa vontade para baixar a renda. É certo que muitos senhorios têm sido compreensivos, mas as poupanças são incertas e limitadas.

E no resto, é ainda mais difícil. Como poupar na água, na luz, no gás? Por mais que uma família se esforçe em apagar as luzes quando não está ninguém naquele quarto; por mais água que se poupe, é difícil conseguir poupanças relevantes. Talvez 10 ou 15 euros em cada conta, de dois em dois meses, mas é pouco.

Acrescente-se as despesas de alimentação, outro agregado fundamental. Bem, é claro que quem fazia compras no El Corte Inglés pode mudar-se para o Minipreço, e poupará certamente bastante dinheiro por mês, talvez 200 euros ou mais, mas a partir daí é difícil baixar. O volume de alimentação de uma família é mais ou menos o mesmo todos os meses, e só com soluções mais drásticas - deixa de haver uma refeição à noite e só se come sopa - é que se conseguirá descer esta despesa de forma considerável.

Para quem tem empregada, há sempre a possibilidade de a dispensar, mas depois a limpeza da casa terá de ser feita pelas pessoas que lá vivem, e as resistências e os conflitos que nascem com essa decisão são enormes. 

Resta a televisão. Quem tem canais pagos, pode sempre cortá-los, mas quem já só tem o serviço básico vai fazer o quê, ficar só com a TDT e os 4 canais abertos que existem? Havendo pouco dinheiro para diversões, a televisão é das poucas coisas com que se podem contar, por isso...

Passemos aos filhos. Se tem os seus filhos no ensino público, a despesa é baixa, são apenas os livros e os transportes. Mas, se já está aí, também não pode cortar mais, certo? E para quem tem os filhos em colégios privados, a escolha é dura: ou os tira de lá, e poupa muito dinheiro por mês (500 a 600 euros por filho); ou os mantém no colégio e não poupa nada. Contudo, tirar os filhos do colégio é uma decisão complicada, pois vai prejudicá-los, retirá-los do seu grupo de amigos habitual, além de ser socialmente difícil de explicar. 

Restam as actividades extra-curriculares das crianças. Mas quem é que tem coragem para dizer à filha que já não há dinheiro para o balllet, ou ao filho de que já não há dinheiro para o rugby? Estas coisas não são nada simples...

Avancemos para o último grupo, as despesas individuais: carro, gasolina, portagens, telemóveis. Como poupar: vende-se o carro e passa-se a andar de autocarro? Ou muda-se para um carro mais baratinho, mas continua-se vulnerável às subidas do preço da gasolina? O mesmo se passa com o telemóvel: quem é que consegue dispensá-lo e voltar ao telefone fixo?

Como se vê, cortar nos custos não é nada fácil. Às vezes, quando toda a gente diz que é essencial cortar na despesa do Estado, eu penso nisto. Se já é tão difícil cada um de nós cortar as nossas despesas, imagine-se num Estado com 700 mil funcionários...

publicado por Domingos Amaral às 12:11 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Quinta-feira, 29.11.12

Uma casa dá tanto trabalho...

Uma casa dá tanto trabalho. É a porta para o terraço que está perra e não quer fechar; o cano do lavatório da cozinha que tem de levar com um gel desentupidor, dia sim dia não, para não se encher de calcário; os brinquedos das crianças espalhados pela sala todas as noites; a porta do frigorífico cujas dobradiças tiveram de ser substituídas; o tapete da sala que estava velho, sujo e cheirava mal; a torneira do bidé que se estragou; o cão que patanha o chão sempre que chove em Lisboa; a box da televisão que se desliga sem ninguém lhe tocar; o estore de um quarto que bloqueou e o estore de outro quarto que ameaça bloquear; o cesto da roupa suja que está gasto pelo tempo; o canudo do rolo de papel higiénico que espera ser trocado por um novo rolo; uma rede pendurada no tecto de um quarto que acabou de ceder e tem de voltar a ser pendurada; o pêlo dos cães que se esconde nos cantos das assoalhadas, como um bandido fugido da prisão que evita ser apanhado; os posters colados nas paredes que estão rasgados e feios; as cortinas da sala que estão a precisar de ser lavadas; os livros para os quais já não há espaço nas prateleiras e têm de ser deitados por cima dos outros; o comando da garagem que necessita de trocar a pilha; a lenha que ainda não foi encomendada apesar de o frio já ter aparecido; a máquina de lavar a loiça que desatou a produzir estranhos barulhos ao ser ligada num programa qualquer; as facas que deviam de ser afiadas; os tupperwares que já não cabem no seu local no armário e caem, sempre em grupo, talvez por solidariedade; as ervas daninhas que crescem impunemente nos canteiros do terraço; as camas dos cães que eles, num acesso de brincadeira irracional, acabaram de destruir à dentada; o despertador de uma criança que toca a estranhas horas e precisa de ser reprogramado; a lista de supermercado onde falta sempre alguma coisa; a televisão que avariou com uma trovoada; as gavetas da mesinha de cabeceira que estão atolhadas de inutilidades que nunca usamos. Uma casa dá tanto trabalho...Contudo ontem, ao pensar nisto, adormeci feliz. 

publicado por Domingos Amaral às 12:35 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Terça-feira, 07.08.12

O coelhinho branco

Todas as noites tenho por hábito contar uma história à minha filha Leonor. Aos três anos, as crianças gostam ainda que a história seja sempre a mesma todos os dias, e assim é com ela. A que lhe conto é sobre um coelhinho branco que anda à procura de uma coelhinha branca, mas que no local onde habitualmente passeia nunca a consegue encontrar. Um dia decide aventurar-se para outro sítio, para tentar encontrá-la, o que acontece sempre. No momento em que o coelhinho vê umas orelhas brancas atrás de uma árvore, a excitação dele transforma-se na excitação da minha filha, que todas as noites celebra esse encontro colocando as suas mãozinhas no alto da cabeça, imitando as orelhas da coelhinha. Depois, o coelhinho e a coelhinha abraçam-se, dançam e vão viver felizes para sempre, não sem antes dar um beijinho, e nesse a momento a Leonor pergunta "onde?" e eu lá respondo "na boca", e ela fica feliz e diz que eles são namorados, e aceita finalmente que é chegada a hora de adormecer. É destes rituais que se faz a vida dos pais.                       

publicado por Domingos Amaral às 11:30 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Carrinhos de Bebé

Já com quatro filhos, tenho naturalmente bastante experiência de carrinhos de bebé e experimentei vários modelos, de várias marcas, ao longo da vida, mas nunca gostei tanto de nenhum como do Yezz, da bébé confort. Mesmo dentro da marca, que tem muitos e variados modelos, nunca encontrei nenhum tão bem pensado como o Yezz. Dobrado, parece apenas uma pequena e leve mochila que pode ser levada às costas - e pode mesmo - mas desdobrado torna-se num equipamento completo que tem a enorme vantagem de ser fácil de guiar e manobrar, sendo muito leve, mas cujas rodas lhe permitem andar em pisos muito variados sem dificuldades. E, coisa a que dou muito valor, é facílimo de abrir e fechar, e facílimo de colocar na mala do carro, o que como todos os pais sabem é qualidade essencial nos tempos que correm. Fiquei freguês.

publicado por Domingos Amaral às 11:16 | link do post | comentar
Sexta-feira, 08.06.12

Bela carrinha

É uma belíssima carrinha, a nova 508 SW da Peugeot. Na tradição da magnífica 407 SW (eu tive uma e sei bem do que falo), aprece agora esta nova aposta da marca francesa, da qual é impossível não gostar. O design é muito bem conseguido e o tecto panorâmico mantém a imagem da marca. Será que é desta que a Peugeot consegue concorrer mais acima? 

publicado por Domingos Amaral às 17:07 | link do post | comentar
Segunda-feira, 04.06.12

Bela Comédia

É uma das melhores comédias dos últimos anos, e dos poucos programas de televisão que vale mesmo a pena. Chama-se "Modern Family", passa na Fox Life, já na terceira temporada, e é a história de uma família que parece disfuncional mas que lá vai funcionando o melhor que pode. Destaques especiais para o "casal gay", provavelmente o "casal gay" mais bem conseguido de sempre em televisão, juntamente com a sua filha adoptada; para as crianças, em especial Luke e Manny; e claro para a mulher-troféu Sofia Vergara, uma colombiana a fazer o papel de colombiana, e a atingir o seu mais bem conseguido momento desde que aterrou em Hollywood há mais de dez anos. Mas, o brilho destes personagens não existiria sem o patriarca Jay, a sua filha quase-histérica e o marido quase-burro, ou as duas raparigas adolescente - a fútil e a intelectual - que criam um universo familiar hilariante e principalmente muito original.

publicado por Domingos Amaral às 18:07 | link do post | comentar
 

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