Segunda-feira, 14.04.14

A Ucrânia vai partir-se ao meio!

Tudo aponta para uma solução dividida: metade da Ucrânia, com capital em Kiev, fica do lado Ocidental.

Será a Ucrânia do Oeste, ou West Ucrânia.

O resto separa-se e será a nova Ucrânia de Leste, ou East Ucrânia.

O lado ocidental aprofundará as suas ligações à Alemanha e à Polónia, obrigando a União Europeia a defender o novo país, que talvez se integre no futuro no espaço europeu.

O lado oriental, de maioria russa, encostará ainda mais ao oriente, ao Império de Putin, tal como já acontece com a Bielorússia e outros satélites.

O problema mais grave, claro está, serão as pessoas.

Haverá famílias divididas ao meio, cidades divididas ao meio, e o que farão as pessoas que ficarem do lado de lá, ou de lado de cá, consoante o ponto de vista?

Será que ambos os lados conseguirão aceitar que há pessoas que podem querer passar de um lado para o outro?

A fronteira vai transformar-se num local perigoso, pois vai passar a ser aí que se vão travar as lutas.

A Ucrânia já é um palco de uma luta feroz e silenciosa, a luta entre a Alemanha e a Rússia.

Uma, a Alemanha, tem dinheiro, mas não tem armas.

Outra, a Rússia, tem armas, mas não tem muito dinheiro.

Nenhuma quer a guerra, mas ambas querem a Ucrânia, e portanto travarão a guerra por interpostas pessoas ou realidades.

Mas, como nem Europa nem América podem travar uma guerra na Ucrânia, Putin vai insistir e minar o frágil poder de Kiev.

Não há solução a não ser a divisão.

Uma federação ucraniana não duraria muito tempo, até rebentar.

As divisões são muito profundas, e até históricas, pois durante séculos existiram duas ucrânias diferentes.

É o mais provável que aconteça, e não deve durar muito.

Mas, até que isso aconteça, vamos ter preocupações, tiros, sangue, mortos e muitos distúrbios. 

publicado por Domingos Amaral às 10:52 | link do post | comentar
Sexta-feira, 29.11.13

A euforia bolsista é sinal de que as coisas estão melhores?

As bolsas de todo o mundo andam eufóricas!

Na América, os índices Dow Jones e S&P batem recordes históricos, e o mesmo sucede na Alemanha, com o índice Dax.

No Japão, também o Nikkei tem subido bem, nos últimos meses, e o mesmo se passa em vários países europeus, como França, Espanha ou Portugal, onde os respectivos índices, CAC, Ibex e PSI, têm estado sempre a subir.

O que é que isto quer dizer, que estamos todos a sair da grave crise que assola o mundo desde 2008?

Há várias explicações para este fenómeno geral de euforia bolsista, mas em primeiro lugar temos de separar dois mundos, que devem ser examinados em paralelo.

Há o mundo da alta finança, das bolsas, dos bancos centrais, dos mercados obrigacionistas e de futuros ou matérias primas, e depois há o mundo da economia real, das empresas e das pessoas.

No mundo financeiro, há uma clara melhoria da situação. Os pânicos de 2008 e anos seguintes estão afastados, as taxas de juro estão muito baixas, e o sistema bancário mundial está mais sólido do que há uns anos atrás.

A acção dos três ou quatro bancos centriais mais importantes do mundo (o FED americano, o BCE europeu, o Banco do Japão e o Banco de Inglaterra) tem sido a acertada, com políticas monetárias expansionistas, seja através de compra de títulos, seja de baixas de taxas de juro.

É essencialmente esta política monetária que tem feito subir as bolsas, pois aumenta a liquidez, dá segurança e portanto faz subir o preço dos ativos financeiros (ações, obrigações, etc).

Embora existam diferenças, (as subidas são mais fortes nos EUA do que na Europa, pois o FED é mais activista que o BCE), há uma sensação geral de forte melhoria da alta finança.

Porém, o que é também habitual, pois a alta finança costuma andar mais depressa que a economia, seja a crescer, seja a descer, a verdade é que situação económica geral é ainda frágil.

Na América, há crescimento económico, embora não espectacular, pois o Congresso, dominado pelos republicanos, obriga a permanentes cortes na despesa do Estado, o que traz alguma recessão.

No Japão, também começa a haver melhorias económicas, embora ainda ténues. O mesmo se passa em Inglaterra, e até na China.

Porém, é na Europa que as coisas são mais mistas.

A Europa parece dividida ao meio. Há um grupo de países, liderado pela Alemanha, que está muito bem.

E depois há um grupo de países do Sul, onde se contam Portugal, Itália, Grécia, Espanha, Irlanda e Chipre, que está carregado de problemas, com elevadas dívidas e alto desemprego.

No seu conjunto, a Europa quase não cresce, e ninguém sabe bem como resolver a armadilha em que está apanhada, com muita dívida, desemprego e até deflação, pois aquilo que é bom para a Alemanha é mau para outros países, e aquilo que é bom para o Sul é mau para a Alemanha.

Veremos o que trazem os próximos meses, e se a melhoria financeira que tanto contagia as bolsas traz também alguma melhoria económica, ou se os desequilíbrios se mantém.



 

publicado por Domingos Amaral às 10:25 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 28.08.13

Espero que a América não se engane outra vez

Os americanos parecem decididos: a Síria usou armas químicas, e isso é inaceitável.

Para a punir, prepara-se um ataque, provavelmente à bomba, e alguns dizem que será já sexta-feira.

Mas, será que as provas são inatacáveis?

Os americanos já juraram ao mundo uma vez que havia mísseis no Iraque, e enganaram-se.

Invadiram, sem mandato da ONU, e geraram um caos durante anos, que ainda dura.

E das armas não se viu nada...

Agora, há igualmente muita incerteza. Que há uma guerra civil trágica e assassina, ninguém tem dúvidas.

Que o regime sírio tem armas dessas e as pode usar a qualquer hora, também é certo e seguro.

Mas, que as tenha já usado, não é assim tão sólido.

Há uns meses, também se gerou um "bruaaa" semelhante e depois foi falso alarme, truque de propaganda dos rebeldes.

Não tenho qualquer simpatia pelo facínora da Síria, como não tinha pelo do Iraque ou da Líbia, mas tenho simpatia pela América.

E não gosto de ver o país enxovalhado e descredibilizado, como o deixou George Bush, provavelmente o pior presidente dos últimos 100 anos.

Se há coisa que Barack Obama tem feito bem é recuperar o prestígio perdido da América.

Cumpriu o que prometeu, fosse no Iraque, fosse no Afeganistão.

Continuou a dar luta aos terroristas, matando Osama Bin Laden no seu covil.

Ajudou os líbios a verem-se livres do seu ditador, mas sem ter de enviar tropas ou bombardear cidades.

E, na Palestina, tem obrigado Israel a uma postura diferente, menos belicosa.

Passo a passo, a América tem recuperado a sua credibilidade, a sua moral, e perdido a arrogância estúpida dos tempos de Bush.

É esse activo que não se deve desperdiçar.

Para bombardear a Síria não basta a suspeita, é preciso a certeza absoluta de que foi cometido um crime contra a humanidade.

Devemos apoiar, até certo ponto, quem luta contra o fim da ditadura síria, mas é preciso cuidado.

O Médio Oriente é como as areias movediças, imprevisível, traiçoeiro, sufocante. Os amigos de hoje são os inimigos de amanhã.

Dar "tau-tau" no ditador, mandando-lhe umas bombas para os palácios, não resolve nada.

Sobretudo se ninguém tem a certeza se houve ou não uso de químicos.

Talvez fosse melhor esperar pelos relatórios dos inspectores da ONU...

publicado por Domingos Amaral às 10:54 | link do post | comentar | ver comentários (7)
 

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