Terça-feira, 01.04.14

De quem é a culpa quando desaparece um avião?

Se há coisa que me tem espantado nestas últimas semanas é a forma como o mundo inteiro, especialmente a China, tem criticado as autoridades da Malásia. 

Um avião desaparece e a culpa é do Governo da Malásia? 

Ao fim deste tempo todo, as pessoas já deviam ter percebido que estamos perante um dos maiores, senão o maior, mistério da aviação de todos os tempos.

Caiu, não caiu? Despenhou-se no mar, está escondido em terra?

Foram terroristas, foram os pilotos, foi acidente, foi atentado?

A verdade é que, até agora, ninguém tem a certeza de nada, ninguém pode jurar nada, embora seja provável que o avião tenha caído algures no Oceano Índico.

Porém, a forma como se têm apontado os dedos e culpado o Governo da Malásia é injusta e até um pouco absurda.

Eu compreendo o desespero dos familiares, mas também eles têm de se perguntar o que é o Governo da Malásia podia ter feito de diferente, e se isso serviria para alguma coisa?

 

Nos primeiros dias, e até semanas, as críticas ao Governo da Malásia eram que ele tinha sido lento e pouco informativo.

As pessoas, os familiares, a comunicação social, todos criticavam os malásios porque eles não tinham dito "tudo o que sabiam", e porque eram "desorganizados", e só revelavam informação dias depois de a conhecerem.

Como se algum governo do mundo revelasse a informação toda no primeiro dia, e como se eles não estivessem, como todo o resto do mundo, absolutamente no escuro!

Depois, quando se tornou mais evidente que o avião seguira para Sul, o Governo da Malásia veio dizer que quase certamente o avião se tinha despenhado no mar, e não havia sobreviventes.

Logo se levantou um coro de críticas!

Desta vez, a acusação aos malásios era a oposta: eles estavam a ser rápidos e precisos demais!

Como é que eles sabiam que o avião tinha caído, que todos tinham morrido?

Onde é que estavam as provas disso?

 

Os pobres dos malásios, que tiveram o azar e a infelicidade de isto lhes ter acontecido a eles, são criticados porque são lentos ou porque são rápidos, porque não informam ou porque são concisos, porque sim e porque não.

Como se eles tivessem culpa do avião ter desaparecido, e de não ser encontrado!

 

Na verdade, o que me parece afectar todo o mundo, é uma extraordinária arrogância tecnológica.

Seja na China, seja na América, seja em Portugal, ninguém parece aceitar que um mundo onde existem GPS, telemóveis, computadores avançados, ping, satélites, e mil e uma outras maravilhas da tecnologia, um avião possa desaparecer!

É como se fosse inconcebível para o moderno ser humano, habituado a Ipads, youtubes, apps, e GPS no carro, que um avião possa eclipsar-se da nossa vista.

Nós não acreditamos que isso possa acontecer porque isso é uma quebra de confiança brutal na tecnologia e na ciência!

Somos o mundo onde a ciência e a tecnologia se aproximam da perfeição e agora acontece-nos esta desfeita?

 

O Titanic também não podia afundar e afundou. 

O avião mais seguro e moderno não podia desaparecer e desapareceu.

Nós não sabemos tudo, e a nossa civilização, por mais gadgets que faça, continua a falhar.

É uma lição de humildade.

publicado por Domingos Amaral às 11:59 | link do post | comentar
Sexta-feira, 14.03.14

O mistério do avião desaparecido

É a história que me tem fascinado esta semana, a do avião malaio que desapareceu.

Como é que é possível o avião se ter eclipsado sem deixar qualquer rasto?

Não há sinais, comunicações, destroços, vestígios nos satélites ou nos radares.

De repente, de um momento para o outro, um Boeing desaparece, sem um alerta, um aviso, um barulho.

 

As autoridades de todos os países andam perplexas, confundidas, espantadas.

Os malaios fazem tudo o que podem, os chineses ajudam, os vietnamitas contribuem, os americanos interessam-se, mas nada acontece.

Cai aqui, caiu ali, caiu mais longe ou numa zona mais funda?

Ninguém sabe, ninguém descobre, é um vazio tremendo que dura há quase uma semana.

David Gallo, o cientista que descobriu o Titanic, e que ajudou a descobrir o avião da Air France que há uns anos caiu no Atlântico perto do Brasil, chama a este "o maior mistério da história da aviação". 

Nem ele consegue entender porque é que não há sons, vestígios, rastos, e só um zero absoluto para angustiar todos.

 

Como sempre acontece nos mistérios, na ausência de uma descoberta surgem as especulações.

Há quem diga que foi terrorismo, uma bomba, uma explosão, mas os satélites não registam nenhuma anomalia térmica.

Há quem diga que viu um avião a arder, na zona onde ele devia estar a voar, mas os barcos não encontram nenhum destroço no mar, nenhum bocado de carlinga como prova.

Há quem diga que os telemóveis ainda tocam, dias depois, sinal de que podem não estar todos destruídos.

Há quem diga que o avião se afastou muito da rota, e pode estar a mais de 140 quilómetros de distância, embora ninguém consiga explicar porque é o piloto não comunicou que estava a desviar-se.

 

Ao longo da semana, lembrei-me da série Lost, sobre um avião que caiu numa ilha do Pacífico, e que desapareceu do mundo real, passando os sobreviventes a viver num universo paralelo, à parte.

Seria possível isso acontecer ao avião malaio?

Será possível que o avião esteja numa espécie de poço magnético, numa ilha perdida, incapaz de comunicar com o resto do mundo?

É, infelizmente, muito pouco provável.

Histórias como a da série Lost só acontecem na ficção, e o mais certo é o avião malaio estar no fundo do mar.

Mas, há ainda no meu coração uma secreta esperança num milagre desse tipo.

publicado por Domingos Amaral às 10:07 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 11.12.13

O caso do chinês que se suicidou ao fim de 5 horas às compras com a namorada!

A história é verídica e conta-se assim: ao fim de cinco horas às compras com a namorada, num shopping na China, um homem perdeu a cabeça.

Pediu à namorada para parar com aquilo, mas ela não quis. Queria comprar mais um par de sapatos.

Ele, desesperado, disse-lhe que ela já tinha muitos sapatos, sapatos a mais, tantos sapatos que não teria vida para os calçar a todos.

Ela irritou-se, zangou-se com ele, disse-lhe que ele não tinha paciência para ela, nem gostava dela.

Desataram os dois a discutir, azedos e ofensivos. De repente, ele não faz mais nada, vai até à varanda e salta.

Eles estavam no quinto andar de um shopping e por isso ele morreu ao cair. Suicidou-se porque estava farto de andar às compras com ela, não aguentava mais.

É uma história triste, mas qualquer homem compreende aquele chinês.

É esta uma das maiores diferenças entre os dois sexos, as comprinhas. As mulheres adoram-nas, podem passar horas nisso, e os homens normalmente não gostam.

Quer dizer, uma hora, duas no máximo, ainda se aguenta, mas ao fim de quatro horas qualquer homem está capaz de se divorciar, e ao fim de cinco cada um de nós é um suicida chinês em potência.

Os homens não aguentam bem o capitalismo. O capitalismo foi feito a pensar nas mulheres. É para elas, são elas que adoram as compras.

Nós, pela nossa parte, como gostamos delas, temos de aguentar o melhor possível, fingir que gostamos.

Mas, senhoras, tenham dó. Duas horas é o máximo! A partir daí, verifiquem se não estão no quinto andar do shopping, e se estiverem desçam para o rés do chão, pois já ninguém responde por nós.

 

publicado por Domingos Amaral às 11:10 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Sexta-feira, 29.11.13

A euforia bolsista é sinal de que as coisas estão melhores?

As bolsas de todo o mundo andam eufóricas!

Na América, os índices Dow Jones e S&P batem recordes históricos, e o mesmo sucede na Alemanha, com o índice Dax.

No Japão, também o Nikkei tem subido bem, nos últimos meses, e o mesmo se passa em vários países europeus, como França, Espanha ou Portugal, onde os respectivos índices, CAC, Ibex e PSI, têm estado sempre a subir.

O que é que isto quer dizer, que estamos todos a sair da grave crise que assola o mundo desde 2008?

Há várias explicações para este fenómeno geral de euforia bolsista, mas em primeiro lugar temos de separar dois mundos, que devem ser examinados em paralelo.

Há o mundo da alta finança, das bolsas, dos bancos centrais, dos mercados obrigacionistas e de futuros ou matérias primas, e depois há o mundo da economia real, das empresas e das pessoas.

No mundo financeiro, há uma clara melhoria da situação. Os pânicos de 2008 e anos seguintes estão afastados, as taxas de juro estão muito baixas, e o sistema bancário mundial está mais sólido do que há uns anos atrás.

A acção dos três ou quatro bancos centriais mais importantes do mundo (o FED americano, o BCE europeu, o Banco do Japão e o Banco de Inglaterra) tem sido a acertada, com políticas monetárias expansionistas, seja através de compra de títulos, seja de baixas de taxas de juro.

É essencialmente esta política monetária que tem feito subir as bolsas, pois aumenta a liquidez, dá segurança e portanto faz subir o preço dos ativos financeiros (ações, obrigações, etc).

Embora existam diferenças, (as subidas são mais fortes nos EUA do que na Europa, pois o FED é mais activista que o BCE), há uma sensação geral de forte melhoria da alta finança.

Porém, o que é também habitual, pois a alta finança costuma andar mais depressa que a economia, seja a crescer, seja a descer, a verdade é que situação económica geral é ainda frágil.

Na América, há crescimento económico, embora não espectacular, pois o Congresso, dominado pelos republicanos, obriga a permanentes cortes na despesa do Estado, o que traz alguma recessão.

No Japão, também começa a haver melhorias económicas, embora ainda ténues. O mesmo se passa em Inglaterra, e até na China.

Porém, é na Europa que as coisas são mais mistas.

A Europa parece dividida ao meio. Há um grupo de países, liderado pela Alemanha, que está muito bem.

E depois há um grupo de países do Sul, onde se contam Portugal, Itália, Grécia, Espanha, Irlanda e Chipre, que está carregado de problemas, com elevadas dívidas e alto desemprego.

No seu conjunto, a Europa quase não cresce, e ninguém sabe bem como resolver a armadilha em que está apanhada, com muita dívida, desemprego e até deflação, pois aquilo que é bom para a Alemanha é mau para outros países, e aquilo que é bom para o Sul é mau para a Alemanha.

Veremos o que trazem os próximos meses, e se a melhoria financeira que tanto contagia as bolsas traz também alguma melhoria económica, ou se os desequilíbrios se mantém.



 

publicado por Domingos Amaral às 10:25 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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