Os dias negros do liberalismo económico à portuguesa

O liberalismo económico à portuguesa tem vivido anos negros.

A banca explodiu em crises variadas, golpadas e falências.

BCP, Banif, Caixa, BPI, todos foram ajudados pelo Estado, para evitar sarilhos colossais.

BPN e BPP faliram em grande, e o BES, que orgulhosamente rejeitara a ajuda da troika, estilhaçou-se em mil pedaços.

 

A PT, essa multinacional atlântica de grande potencial, meteu-se num desastroso negócio com a Oi, e torpedeada pelo BES, está à deriva, à beira de ser vendida como filial da Oi.

A Jerónimo Martins, até há anos tão bem sucedida, vive grave crise na Polónia, e cai a pique na bolsa.

A Sonae, com o seu estilo próprio, e a sua força industrial, vive dias dolorosos, e a Optimus já se enfiou debaixo da asa dos angolanos, na Nos.

Resta o quê, ao liberalismo português? Há a pasta de papel, os azeites, e uma ou outra construtora civil de grande porte, mas o resto é uma miséria.

 

Aqui há vinte anos, não havia ninguém que não defendesse a gestão privada, as privatizações, a superioridade dos privados sobre os públicos.

Olhava-se para as empresas públicas e apontava-se o dedo aos tenebrosos prejuízos que todos pagávamos.  

Clamava-se por venda a privados, e em muitos casos elas foram feitas.

Porém, vinte anos depois, o que vemos nós?

Tragédias, falências, necessidade de dinheiros públicos, uma salganhada sem nome.

 

A gestão privada é melhor que a pública, como sempre defenderam os liberais?

A gestão pública é melhor que a privada, como sempre alegaram os socialistas e comunistas?

Aos 47 anos, a resposta que consigo dar a ambas as perguntas é: são ambas más, mas não há melhor. 

A vida económica do mundo sempre foi feita de desgraças e falências e má gestão, enquanto pelo meio vão existindo alguns fenómenos bem sucedidos. 

Privadas ou públicas, as gestões raramente evitam as crises, e quase sempre são responsáveis pelas tragédias. 

Sempre foi assim e assim será.

 

A PT, por exemplo, foi durante muitos anos uma péssima empresa pública, que nos tratava muito mal a todos, seus clientes.

Quando passou a totalmente privada, deu-lhe a louca e em poucos anos rebentou-se. 

Voltar a ser pública não resolverá nada, mas também não acredito que vá melhorar muito com outros privados.

Os seres humanos são quase sempre tolos, sejam gestores públicos ou gestores privados. 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:24 | link do post | comentar