Quarta-feira, 27.02.13

Cristiano Ronaldo é o maior!

Hoje estava para escrever sobre a expectativa com que os portugueses estão, à espera de notícias da "troika", que anda por aí em Lisboa. Contudo, depois pensei um bocado e achei melhor escrever sobre o Cristiano Ronaldo.

Que grande jogo fez ele ontem em Nou Camp! Mais uma vez, Ronaldo calou os críticos e calou também os adeptos do Barcelona, que apesar de terem Messi na equipa, já têm pesadelos permanentes com o nosso Cristiano, pois ele farta-se de marcar golos contra eles.

Ontem, foram mais dois. Um de penalty e outro a concluir uma grande jogada do muito saudoso Di Maria (que falta ele faz ao Benfica...) Ronaldo é assim, é alguém em quem se pode confiar, diz sempre presente, mesmo nos momentos mais difíceis.

Essa é uma das suas mais fortes características, raramente falha ou se esconde nos momentos mais complicados. Está sempre lá, e quando a pressão aumenta, ele aumenta a velocidade e a vontade. A diferença em relação a Messi ontem foi abissal. Onde estava o suposto melhor jogador do mundo que ninguém o viu? Ontem, Messi, o maravilhoso Messi, desapareceu para parte incerta, fartou-se de falhar passes, e parecia um jogador banal e até, em certos momentos, medíocre.

Já Ronaldo, cada vez que tocava na bola, era uma emoção. O que é que ele vai fazer?, perguntava Alex Ferguson, há umas semanas, antes do seu Manchester ir a Madrid jogar com o Real. É a melhor pergunta que se pode fazer quando se vê Ronaldo com a bola nos pés. O que vai sair dali?

Os génios são assim e Ronaldo é um génio. Temos muita sorte de ele ser português, essa é que é a verdade.

Que se lixe a troika, enquanto ele jogar não pensamos nisso!

publicado por Domingos Amaral às 15:32 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 17.10.12

Já leram o memorando da troika?

Sim, é a minha pergunta de hoje: já leram o memorando de entendimento com a troika, assinado por Portugal em Maio de 2011? Eu li, e em pé de página deixo o link para quem o quiser consultar, na sua tradução oficial. São 35 páginas, escritas num português desagradável e tecnocrático, que têm servido a este governo para justificar tudo.

Ainda ontem, com descaramento, um dirigente do PSD dizia que "este não era o Orçamento do PSD, mas sim da troika"! Ai sim? Então eu proponho a todos um breve exercício de leitura. Tentem descobrir, lendo o memorando, onde é que lá estão escritas as 4 medidas fundamentais pelas quais este governo vai entrar para história de Portugal!

Sim, tentem descobrir onde é que lá está escrito que se deve lançar uma sobretaxa no subsídio de Natal de todos os portugueses (decidida e executada em 2011); cortar os subsídios aos funcionários públicos e pensionistas (decidido e executado em 2012); alterar as contribuições para a TSU (anunciada e depois retirada em Setembro); ou mexer nas taxas e nos escalões do IRS, incluindo nova sobretaxa (anunciados no Orçamento para 2013), e definidos pelo próprio ministro das Finanças como "um aumento enorme de impostos"?

Sim, tentem descobrir onde estão escritas estas 4 nefastas medidas e verão que não estão lá, em lado nenhum. Ao contrário do que este Governo proclama, estas 4 medidas, as mais graves que o Governo tomou, não estão escritas no "memorando com a troika"! Portugal nunca se comprometeu com os seus credores a tomar estas 4 medidas! Elas foram, única e exclusivamente, "iniciativas" do Governo de Passos Coelho, que julgava atingir com elas certos objectivos, esses sim acordados com a "troika".

Porém, com as suas disparatadas soluções em 2011 e 2012, o Governo em vez de melhorar a situação piorou-a. Além de subir o IVA para vários sectores chave, ao lançar a sobretaxa e ao retirar os subsídios, o Governo expandiu a crise económica, e acabou com menos receita fiscal e um deficit maior do que tinha. Isto foi pura incompetência, e não o corolário de um "memorando de entendimento" onde não havia uma única linha que impusesse estes caminhos específicos! 

Mais grave ainda, o Governo de Passos e Gaspar, sem querer admitir a sua incúria, quer agora obrigar o país a engolir goela abaixo "um enorme aumento de impostos", dizendo que ele foi imposto pela "troika". Importa-se de repetir, senhor Gaspar? É capaz de me dizer onde é que está escrito no "memorando de entendimento" que em 2013 o IRS tem de subir 30 por cento, em média, para pagar a sua inépcia e a sua incompetência? 

Era bom que os portugueses aprendessem a não se deixar manipular desta forma primária. Foram as decisões erradas deste Governo que, por mais bem intencionadas que fossem, cavaram ainda mais o buraco onde já estávamos metidos. E estes senhores agora, para 2013, ainda querem cavar mais fundo o buraco, tentando de caminho deitar as culpas para a "troika"?

Só me lembro da célebre frase de Luís Filipe Scolari: "e o burro sou eu?"

 

Para ler o memorando vá a:

(http://www.portugal.gov.pt/media/371372/mou_pt_20110517.pdf).

publicado por Domingos Amaral às 14:24 | link do post | comentar | ver comentários (44)
Segunda-feira, 17.09.12

Eu estive lá!

No sábado ao final da tarde, estive na Praça de Espanha e participei na manifestação contra as medidas anunciadas pelo Governo. Descobri, com alguma surpresa, que foi uma manifestação muito mais ampla e numerosa do que muitos pensavam que ia ser. Pelas minhas estimativas, e olhem que eu tenho muita experiência de comícios políticos, manifestações diversas, concertos, idas ao futebol, e portanto sei calcular a dimensão das coisas, estiveram mais de 150 mil pessoas presentes em Lisboa. É muito e é importante também porque foi uma manifestação não partidária - não se viam nem bandeiras nem líderes partidários - e foi mesmo um pouco artesanal, a maioria dos cartazes eram escritos à mão e à pressa. Além disso, o que me surpreendeu também, a grande maioria das pessoas que vi eram jovens, entre os vinte e os trinta, a maior parte deles aparentando ser da classe média, e não eram aquelas tribos "anti-globalização" e de "esquerda radical" que muitas vezes aparecem nas manifestações. A caminhada de sábado foi diferente, e quem não perceber o seu sentido político e cívico está a cometer um grave erro. O que Portugal quis dizer no sábado foi que este caminho é errado, e ainda há tempo de ser invertido.

publicado por Domingos Amaral às 10:49 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Sexta-feira, 07.09.12

Até que enfim, BCE!

Mais de três anos passados desde o início da crise financeira na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu finalmente tornar sua política oficial a compra de dívida pública dos países que estejam com problemas financeiros graves. Três anos! Foram precisos três dramáticos anos, durante os quais se degradou brutalmente a economia da zona euro, e afocinharam numa recessão grave vários países, como a Grécia, a Irlanda, Portugal, a Espanha ou a Itália, para que o BCE aprovasse finalmente o que muitos diziam, desde o ínicio, ser uma fórmula alternativa para sair da crise. Três anos é muito tempo, e muito se destruiu, mas é sempre bom verificar que as boas ideias acabam por prevalecer e as más por ser abandonadas. Esperemos que, talvez daqui a um ou dois anos, os países europeus cheguem também à conclusão que os programas de austeridade draconianos que foram impostos a certos países pela "troika" foram uma fórmula errada de resolver o problema, e mudem as políticas. Só os teimosos persistem obstinadamente por caminhos errados, os inteligentes sabem mudar de ideias a tempo.

publicado por Domingos Amaral às 11:20 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 29.08.12

Credores e devedores

Agora que a "troika" está em Portugal para fazer mais uma das suas avaliações, gostaria aqui de refletir sobre um problema que é quase filosófico. Quando um país, um banco, uma empresa ou uma pessoa pede dinheiro a mais emprestado, e fica com uma dívida demasiado grande que não tem capacidade para pagar, de quem é a culpa? A culpa é do devedor, que pediu o dinheiro emprestado - seja ele um país, um banco, uma empresa ou uma pessoa - ou do credor, seja ele um ou vários bancos, nacionais ou estrangeiros? Quem pediu emprestado é que exagerou no total que pediu, ou quem emprestou é que avaliou mal a situação e emprestou mais do que devia? Salvo casos excepcionais, desastres, mortes ou acidentes imprevisíveis, a mim parece-me que na grande maioria dos casos a culpa é de ambas as partes. Tanto os devedores são culpados, por terem pedido dinheiro a mais, como são culpados os credores por terem emprestado demais. E, quando ambos verificam que a situação chegou a um nível insuportável, a solução deve ser procurada por ambos os lados, e ambos os lados devem assumir perdas e sacrifícios. É isso que se costuma verificar com as pessoas, as empresas e os bancos, no entanto não é isso que se tem verificado na Europa. Desde há três anos para cá, a "troika" e a sra Merkl impuseram o primado de que a culpa é dos devedores e devem ser eles a arcar com todos os sacrifícios e não os credores. É este o espírito das políticas de austeridade que têm sido impostas a países como a Grécia, a Irlanda, Portugal ou a Espanha. Apesar dos credores também terem muita responsabilidade (quem os mandou emprestar tanto dinheiro a países que pelos vistos não tinham possibilidades de pagar de volta esse dinheiro?), apesar disso, são os devedores que estão a fazer os sacrifícios todos, são os povos que estão a ser massacrados com mais e mais impostos e austeridade, enquanto os credores não perdem um tostão e ainda cobram juros. Não só me parece moralmente errado, como pelos vistos não está a resultar em lado nenhum.     

publicado por Domingos Amaral às 15:14 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Sexta-feira, 24.08.12

O governo e o deficit

Esta semana, Vítor Gaspar reconheceu o que já todos sabiam inevitável: o déficit vai ser bem maior do que aquele com que Portugal se comprometeu com a "troika". Apesar de terem existido imensos cortes na despesa, apesar do não pagamento dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos, apesar do enorme aumento dos impostos diretos e indiretos, as contas não vão bater certo no fim. E tal acontece porque, como muitos avisaram, as violentas doses de austeridade dão sempre nisto: a economia entra em espiral negativa, deprime-se, e o resultado é muito mais desemprego (o que aumenta muito a despesa do estado devido aos subsídios de desemprego) e muito menos impostos cobrados, porque com menos actividade há menos receitas do IVA e de outros impostos, como o IA. Isto já se sabia, mas a teimosia europeia é espantosa, e o nosso Governo ainda quis ser mais papista que o Papa. A "troika", inspirada moralmente pela sra Merkl, tem imposto estas políticas de forma brutal a todos os países que já estavam com problemas, e o resultado tem sido sempre o mesmo. Primeiro a Grécia, depois a Irlanda e Portugal, a seguir a Espanha e a Itália, todos estão a ser apertados neste torniquete cruel e inútil. Não conseguem crescer, têm cada vez mais desemprego, e não conseguem pagar as dívidas. E entretanto, o vírus da recessão está a espalhar-se. Com toda a periferia da Europa deprimida, a recessão já está a chegar ao Norte da Europa e à Alemanha, que tinham na exportação para os países do sul um dos seus motores de crescimento. Em breve, toda a Europa estará numa recessão cada vez mais cavada, e só talvez nesse dia os povos percebam que têm de se revoltar contra estas políticas de austeridade que os estão a massacrar. Infelizmente, nesse dia poderá já ser tarde para o euro e para a Europa, e décadas de prosperidade económica terão sido destruídas pelos zelotas da austeridade e pelos magos dos liberalismo radical. Como na Europa já se devia saber, o fanatismo ideológico, qualquer que seja a sua cor, só produz misérias e desastres.      

publicado por Domingos Amaral às 12:42 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quinta-feira, 19.07.12

Agarra o Verão

Nada como uns grandes dias de praia para esquecer os males do país e da vida. Com altas temperaturas e altas ondas, não há cabeça que se lembre da crise económica, dos cortes salariais ou do Relvas. O país visto de uma praia é incomparavelmente mais agradável, eu diria mesmo simpático. E as noites têm sido enormes, quentes e serenas, com tempo para grelhados e feijoadas. Pelo menos isto a troika não nos pode tirar...

publicado por Domingos Amaral às 00:33 | link do post | comentar | ver comentários (2)
 

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