Segunda-feira, 22.04.13

Benfica está mesmo muito forte!

Jorge Jesus saiu-se com mais uma boa metáfora, ao dizer que o que faltava ao Benfica até ao fim da época eram várias "etapas de montanha" de alta dificuldade.

Nunca tinha ouvido a comparação entre um final da época de futebol e uma prova de ciclismo, mas parece-me bastante apropriada.

De facto, ontem era mais uma chegada lá no alto, mais uma etapa dura, e o Benfica saiu-se mais uma vez muito bem. Lá estive presente no estádio com o meu filho Duarte, e foi o melhor espectáculo do ano.

Ontem, a Luz estava em grande, eufórica como ainda não a tinha visto esta temporada. Mesmo antes do jogo, já havia "holas", muita cantoria e empolgamento, e o hino foi mais uma vez arrepiante.

Ontem, senti um cheirinho do que era o Benfica que eu recordo, o Benfica do Inferno da Luz, o Benfica que eu vi chegar duas vezes a uma final da Taça dos Campeões Europeus.

Ontem, a força da maré vermelha foi imparável, e apesar do Sporting ter dado uma boa réplica, acho que ninguém tinha qualquer dúvida de qual seria o fim do filme.

O Benfica, este ano, é uma equipa em que é fácil confiar. Qualquer um de nós sente que, mais tarde ou mais cedo, a equipa vai marcar.

É verdade que o Sporting de Jesualdo se portou bem. Comparando este jogo com o da época passada, vencido por 1-0 pelo Benfica, é evidente que a equipa do Sporting tem agora menos talento em campo e também menos experiência, pois faltam Elias, Carrillo, Insua, Jeffren, e isso nota-se lá à frente, onde Capel foi uma nulidade, e Wolfswinkel quase inofensivo.

Mas, para uma equipa tão jovem, o Sporting esteve bastante bem, e conseguiu criar dificuldades ao Benfica. Só que dificuldades não são danos, e o Sporting não provocou danos ao adversário. Um ou outro remate perigoso, mais nada.

O futebol é um jogo onde o talento conta muito e ontem viu-se que o talento era todo do Benfica. Quem tem Matic (que grandíssimo jogo!), Salvio (de pé quente), Lima (que golaço!) e principalmente Gaitán (que jogaço e que jogada para o segundo golo!), não tem nada a temer, a não ser que eles para o ano já cá não estejam!

Agora, faltam as próximas etapas. Istambul, Madeira e Luz com os turcos, são mais três chegadas de alta montanha, dificílimas! A equipa terá de jogá-las a alta rotação em apenas 8 dias...Será dose tripla, mas acredito que temos capacidade para escalar estes picos! 

publicado por Domingos Amaral às 10:21 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quarta-feira, 10.04.13

Um português no topo do mundo (e não é o único!)

Não há nada que os portugueses respeitem e admirem mais do que um português que é reconhecido pelos estrangeiros. 

Cá dentro, os tugas são desagradáveis, criticam-se todos uns aos outros, passam a vida a azucrinar a cabeça dos outros tugas, e nunca admitem que pode haver alguém, nascido em Portugal, que possa ser melhor do que eles a fazer qualquer coisa. 

Porém, mal há um português que vai lá para fora e os estrangeiros o reconhecem, aí os portugueses passam de imediato a adorar essa pessoa, a considerá-lo fantástico e ficam quase comovidos, de olho molhado, quando assitem aos momentos de reconhecimento internacional desses portugueses.

Eu, por exemplo, fiquei inexplicavelmente contente porque Diogo Morgado está a ter imenso sucesso nos Estados Unidos, depois de ter interpretado a personagem de Jesus numa série do canal História. Embevecido, senti uma pontinha de orgulho no rapaz. 

Ele até foi à Oprah! E ela brincou com ele, e até lhe chamou o "hot Jesus", considerando-o muito sexy! Isto é de deixar qualquer português de quatro! A sério, não estou a brincar, fiquei mesmo contente. Até porque é provável que o Jesus original tenha sido giro, tal era o sucesso entre as mulheres, que continuam a rezar por ele mais de dois mil anos depois!

Haja alguém tão bem cotado lá fora. Quer dizer, não pode ser só o Ronaldo, o Mourinho, a Joana Vasconcelos e o Vítor Gaspar. Tem de haver mais portugueses, especialmente que sejam bonitos.

Nós, brinca brincando, estamos no top sexy masculino, com o fashion Mourinho, o star Ronaldo e agora o "hot Jesus"! A única coisa que não percebo é porque é que não falam mais do Durão Barroso!

A beleza masculina dos portugueses, principalmente dos machos, está mesmo a fazer furor no estrangeiro. Ainda há dias, o Financial Times, o mais importante jornal financeiro do mundo, chamava a Passos Coelho o "chearleader" da austeridade, e era um elogio, não era a gozar! Eu imaginei-o logo de pon-pons nas mãos e mini-saia provocante, a dançar no meio de um relvado! 

Enfim, ao menos falam de nós, e toda a publicidade é boa publicidade! 

publicado por Domingos Amaral às 18:20 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quinta-feira, 28.03.13

Sócrates, guerra e paz

José Sócrates veio de Paris para trazer a guerra política a Portugal. Ontem, na RTP, foram feitas verdadeiras declarações de guerra, contra os inimigos do costume e outros. Cavaco, Passos, Seguro, "a direita" em geral, que se cuidem, que ele não brinca em serviço e ataca com contundência.

O principal problema de Sócrates não é porém o que ele diz, mas o que ele é, ou representa. Com o seu estilo agreste, tenso e conflituoso, Sócrates não gera emoções positivas, embora nos dê que pensar. É um estranho alimento para o cérebro, mas não para o coração.

O vínculo emocional com a maioria dos portugueses já se quebrou, e não é com prestações como a de ontem que se recupera. As pessoas ouvem Sócrates, mas dificilmente simpatizam com ele. Estão ainda cansadas do personagem, desgatadas pela sua passagem pelo poder. Não passou tempo suficiente para as emoções se reinventarem.

Sócrates parece uma espécie de ex-marido que tem razão em muito do que diz, mas de quem a mulher já não consegue gostar. Pode temê-lo, ou mesmo respeitá-lo, mas já não o ama, nem o quer. 

Contudo, Sócrates tem razões, e várias. Tem razão quando diz que foi a crise financeira de 2008 que castigou em demasia a economia portuguesa. Tem razão quando diz que fez tudo para evitar o resgate a Portugal, ao contrário do PSD e de Cavaco, que para o atirarem abaixo defenderam o resgate. E tem razão quando diz que foi o chumbo do PEC IV que precipitou o resgate.

Além disso, tem também razão quando diz que o PSD alterou profundamente o memorando negociado com a troika, e que foi isso que precipitou a recessão; ou quando diz que a dívida pública já subiu mais com o PSD, entre 2011 e 2012, do que com ele, entre 2008 e 2010.

Porém, ter razão em muitas questões de fundo não altera nada. A verdade é que Sócrates nunca conseguiu convencer nem os portugueses, nem os outros partidos ou o Presidente da República, das suas razões, e por isso foi derrotado nas eleições. A sua capacidade de liderança e de persuasão estava completamente esgotada em finais de 2010, e ter razão não lhe valeu de nada. 

Um político ou um líder só são bons, não quando têm razão, mas quando conseguem convencer o seu povo a segui-los, independentemente de terem ou não razão. E isso Sócrates deixou de conseguir. Tinha cometido demasiados erros, e tratado mal tanta gente, que os portugueses estavam cansados dele, e já não o desejavam a conduzir os destinos do país. Por isso perdeu.

É evidente que um país no estado em que está, muito pior do que quando Sócrates saiu, lhe dá uma oportunidade imprevista e imprevisível. Mas, não nos iludamos. Ele continua a ser a mesma pessoa de sempre. E ter razão não muda nada.

Se ontem Sócrates, em vez de perder tempo com ataques menores a certos jornais ou certos assessores, tivesse reconhecido mais erros próprios, e sobretudo se tivesse mudado o registo agreste e conflituoso em que fala, talvez as emoções dos portugueses fossem diferentes. Assim, foi mais do mesmo. Igual a si próprio, em guerra com tudo e com todos. E Portugal neste momento não precisa de mais guerra, precisa de calma.

Sim, quando estamos dentro de um buraco, é preciso deixar de escavar. Mas também é preciso deixar de andar aos berros e à estalada com todos, e isso Sócrates não consegue. Veio de Paris para trazer a guerra, mas esbarra com um país que não a deseja. 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:18 | link do post | comentar | ver comentários (11)
Segunda-feira, 25.03.13

O país dos ex-políticos sempre ativos

Está a imaginar um dia abrir a TVE e dar com Zapatero como comentador político? Ou um dia ligar a Fox e aparecer-lhe George W. Bush a perorar sobre os acontecimentos da semana? Ou Sarkozy, por exemplo na TF1, a dar palpites sobre a política francesa?

É provável que isso nunca aconteça em países como Espanha, França ou Estados Unidos da América, mas em Portugal é a coisa mais comum do mundo. Abre-se um canal de televisão qualquer, público ou privado, e lá está um ex-político a elucidar-nos com as suas augustas opiniões relativas ao estado da nossa Nação.

Muda-se de canal, e lá aparece outro ex-político, da mesma ou de outra cor, a presentear-nos com a sua magnífica prosa.

Nas televisões portuguesas há uma verdadeira praga de ex-políticos a darem opiniões, uma overdose de malta que um dia teve a sua oportunidade na política e as coisas não lhe saíram bem, e portanto saltou para os canais televisivos, e passou a massacrar os espectadores com as suas ideias, numa espécie de vingança por não terem tido sucesso como políticos. 

Assim, de repente, e só de memória, eis a lista de ex-políticos que temos de aturar todas as semanas nas televisões portuguesas. Dois ex-primeiro-ministros, Santana Lopes e Sócrates; vários ex-líderes do PSD, como Marques Mendes, Ferreira Leite e Marcelo Rebelo de Sousa.

Há também três ex-bloquistas com sortes diferentes na vida: Francisco Louçã, Fernando Rosas e Daniel Oliveira; alguns políticos do PS, como António Costa e o regressado Jorge Coelho. Outros do PSD, como Paulo Rangel ou Morais Sarmento, e ainda outros do CDS, como Bagão Felix. Isto para não falar nos que estão em pousio há mais tempo mas que também foram políticos, como Pacheco Pereira e Lobo Xavier.

Na verdade, Portugal é o país dos ex-políticos sempre activos. Um político em Portugal não sai da política, nunca sai. Se o obrigam pelo voto a deixar o seu lugar, logo ele se ressuscita a si próprio com a ajuda dos canais de televisão, e entra-nos uns tempos depois pela casa dentro, com um sorriso na cara e uma magnífica opinião sobre o mundo, que obviamente deseja partilhar connosco.

Somos, de facto, um país muito original. No entanto, não deixa de me preocupar a promiscuidade que isto revela entre os canais de televisão e os políticos. Na verdade, parece que há mesmo uma relação muito boa entre a política e o jornalismo televisivo. Boa demais...    

publicado por Domingos Amaral às 10:56 | link do post | comentar | ver comentários (11)
Sexta-feira, 15.03.13

O melhor ano de sempre de Jorge Jesus?

Este arrisca-se a ser o melhor ano de sempre de Jorge Jesus.

Depois da grande desilusão que foi perder um campeonato onde o Benfica chegou a andar com 5 pontos de avanço, e depois de perder dois grandes jogadores no meio-campo - Javi Garcia e Witsel - muitos eram os cépticos, e quase todos desconfiavam das capacidades de Jesus.

Ora, o treinador do Benfica está a responder à altura e, para já, está com resultados fantásticos. Não só lidera o campeonato com 2 pontos de avanço, como se qualificou para os quartos-de-final da Liga Europa, e já tem um pé na final da Taça de Portugal.

Continua a lutar em três frentes, e em 41 jogos oficiais disputados desde Agosto, tem o impressionante registo de 31 vitórias, 8 empates e apenas 2 derrotas, ambas na Champions, contra Barcelona e Spartak.

A percentagem de vitórias do Benfica é neste momento de 85,3% o que é um registo de fazer inveja a qualquer um.

Mas, há muito mais do que isso que deve ser dito sobre Jesus. Ainda se lembram do panorama no início da época? Logo depois de Witsel e Javi terem saído, ouvi e li muitos comentadores a dizerem que o Benfica ficaria de rastos e sem meio-campo; que o Benfica não tinha lateral-esquerdo de jeito e que a adaptação de Melgarejo seria um "flop", etc, etc.

Além disso, Luisão estava castigado durante meses, e Aimar e Carlos Martins tinham lesões que os iam impedir de jogar durante algum tempo.  

Perante este terrível cenário, o que fez Jesus? Pois fez apostas e trabalhou, muito, para conseguir uma nova equipa. No espaço de apenas 7 meses, eis o que ele fez.

Primeiro, "inventou" um lateral-esquerdo de qualidade, Melgarejo. Depois, "inventou" um meio-campo de qualidade, com Enzo Perez e Matic. Conseguiu ainda inventar 3 jogadores portugueses jovens, como André Almeida, André Gomes e Roderick. E, não contente com isto tudo, ainda "inventou" um extremo de grande talento, chamado Ola John.

É claro que eu sei que a época ainda não terminou, Jesus ainda não ganhou qualquer título, e os benfiquistas já estão vacinados contra excessos de euforia. Mas, há que dar os parabéns a Jorge Jesus por tudo o que já fez, que tem sido muito, e muito bom. Na liga Europa, quatro jogos, quatro vitórias. Quem fez melhor?

 

publicado por Domingos Amaral às 10:45 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quinta-feira, 14.03.13

Seja bem vindo Francisco I

Um Papa vindo da Argentina nunca pode deixar de ser uma boa notícia!

E ainda por cima chamado Francisco, um nome muito bonito, que ao ser escolhido deu logo uma dimensão diferente ao novo Papa. É com pormenores destes que se começa a ganhar o coração das pessoas.

Mas, voltemos à Argentina. É um país fascinante e preocupante ao mesmo tempo, e é também uma espécie de laboratório para o que se pode vir a passar na Europa. A crise económica, por lá, dura há mais de cinquenta anos.

A Argentina já passou por tanta coisa, que ainda me espanto como é que têm energia para passar por mais. É bom o Papa vir de lá, é bom "que o tenham ido buscar ao fim do mundo", como ele disse, numa frase que soa a Luís Sepúlveda ou a Vargas Llosa, que não são argentinos mas são da região.

Vindo dessa Buenos Aires que é sempre linda e sempre dorida, acredito que este Papa seja uma nova força, pois compreende muito bem a grave crise económica porque a Europa está a passar.

Também por lá, na Argentina, se praticou esta austeridade dura e cruel, e o resultado foi uma enorme desastre. Depois de quatro ou cinco anos de violentos sacrifícios impostos pelo FMI e pelos "neo-liberais", o desemprego explodiu, a recessão agravou-se, e o país entrou numa espiral depressiva gravíssima, que acabou numa convulsão social e política ainda mais grave.

Em 2001, para espanto do mundo, a Argentina revoltou-se e viveu anos de puro pavor económico. Uma década depois, as feridas da crise ainda não sararam. A Argentina teve muito azar. Primeiro, levou com a loucura da austeridade neo-liberal. Depois, levou com a loucura de um populismo de esquerda do casal Kirsnher, que só agrava a situação.

Francisco I, o novo Papa, viu tudo isto aos seus olhos, as loucuras políticas que a direita e a esquerda argentina têm praticado no país, e sempre criticou ambas. Criticou a austeridade neo-liberal e o FMI, e depois criticou o populismo esquerdista que só tem gerado miséria.

E é também por isso que ele será importante como Papa, porque nos pode mostrar uma terceira forma de estar na política, que tanto critica o capitalismo financeiro desenfreado como o socialismo pateta e torpe.

Seja bem vindo também por isso Francisco I. Que Deus o ajude e a nós também, que bem precisamos. 

publicado por Domingos Amaral às 10:11 | link do post | comentar
Terça-feira, 12.03.13

Também quero ser cardeal!

É em momentos como este que vale a pena ser cardeal! Eu gostava, confesso. Vestido de preto e vermelho, andando lentamente e com a dignidade que o cargo exige, entraria para o Conclave concentrado, motivado por ir participar num momento histórico: a eleição de um novo Papa!

É assim mesmo, aqui repito: nestes momentos épicos eu gostava de ser cardeal! Há uma solenidade na eleição, um misticismo eleitoral fascinante naquelas reuniões à porta fechada, um suspense digno de Hitchcok, uma expectativa no mundo inteiro. Lá dentro, os cardeais; cá fora, os outros. É evidente que eu gostava de estar lá dentro!

A Igreja Católica, é justo reconhecer, tem jeito para estas coisas. Estas superproduções eleitorais fascinam o planeta. Não deve haver nenhuma eleição com tanta audiência. Nem a eleição para a presidência dos Estados Unidos da América fascina tanto o mundo. Um Papa é um Papa.

Todo o ritual da eleição é entusiasmante. Sabemos que eles estão "fechados" dentro do Vaticano, a conversar e a votar; sabemos que vamos saber muito pouco sobre o que se lá passou e ainda bem, pois isso torna as coisas ainda mais misteriosas; e sabemos que um dia, a uma certa hora, vai sair fumo branco de uma chaminé do Vaticano e o mundo inteiro vai sorrir, com uma sensação de felicidade, por saber que há um novo Papa!

Acreditem no que vos digo, mesmo os agnósticos, os ateus e os fiéis de outras religiões assistem com atenção à eleição de um novo Papa, e quando sai fumo branco daquela chaminé também eles, no fundo do seu coração, ficam contentes!

É difícil de explicar porquê, é uma coisa demasiado profunda e irracional para ser bem compreendida, mas há na eleição de um novo Papa uma emoção espiritual positiva que qualquer ser humano, esteja onde estiver, sente. 

Como dizia a revista The Economist esta semana, a igreja Católica é a maior multinacional do mundo, com mais de 1 bilião de consumidores do seu produto, mais de 1 milhão de trabalhadores nos seus quadros, e mais de 10 milhões de voluntários que a ajudam todos os anos. Tem um logo reconhecido em todo o mundo (a cruz), e está a crescer nos mercados emergentes. 

Era bom, para a Igreja e para o mundo, que o novo papa a conduzisse para caminhos ainda mais abertos e modernos. É preciso olhar para o mundo para além da Europa e da América, para as outras religiões, e também para os bocados podres que existem dentro da Igreja Católica. Esperemos que isso seja possível com o novo Papa.

Porém, por agora, deixem-me sonhar em ser cardeal, em caminhar pela praça de S. Pedro, sorrindo e acenando ao público e aos jornalistas, e mantendo o segredo sobre o que se vai passar no Conclave. Sim, deixem-me sonhar em, apenas por uns dias, ser cardeal, entrar na Capela Sistina para ficar sob o olhar dos frescos de Miguel Angelo; e ficar em clausura, feliz por participar na eleição de um novo Papa!

publicado por Domingos Amaral às 10:05 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Segunda-feira, 11.03.13

Socorro, a minha filha é uma fã do Justin Bieber!!!!

A minha filha Carolina tem 14 anos, frequenta o 9º ano, é uma rapariga inteligente e bem disposta, tem óptimas notas, e eu nunca esperei que ela fosse uma fã verdadeiramente fanática do Justin Bieber, mas é. 

Quando eu era mais novo e adolescente, é evidente que gostava muito de ir a concertos e fui a imensos. Mas, nunca fui um fã incondicional de nenhum grupo ou cantor. Nunca fui daqueles que ia na véspera para a porta dos concertos, nem que ia para a fila para comprar bilhetes logo às primeiras horas, essas coisas que os fãs fazem. Muito menos ir esperar os cantores ao aeroporto!

No entanto, nem sempre os filhos saiem aos pais e são como eles. Desde há quase dois meses que em minha casa não oiço falar de outra coisa, a não ser do Justin Bieber. A minha filha Carolina anda em estado catatónico desde que soube que ele vinha a Lisboa dar um concerto, e não pára de surpreender a família.

Primeiro, como falhou a compra dos bilhetes no primeiro dia, e eles esgotaram de imediato, entrou em desespero e não descansou enquanto não comprou um no OLX! Foram dias e dias a trocar mensagens com desconhecidos, a negociar preços, enquanto a família esperava a conclusão de um negócio.

Por fim, lá se conseguiu arranjar um bilhete, e a mãe foi encontrar-se com o vendedor. A minha filha entrou em êxtase! Era tudo o que ela sonhava, e o seu sonho ia finalmente tornar-se realidade.

Ela ia ver o Justin Bieber ao vivo, ia estar apenas a uns metros dele, em frente ao palco! A família, naturalmente, ao sentir a sua felicidade, suspirou. Finalmente, ia acabar o drama doméstico, agora que já havia bilhete.

Nada disso. Com bilhete, duplicou o entusiasmo da minha filha. Nas semanas seguintes, ela passava os dias agarrada ao computador ou ao Ipad, a navegar furiosamente em sites do Bieber (com nomes como BieberFever) ou a procurar promoções de estações de rádio que possibilitavam aos ouvintes ir encontrar-se com o Bieber ao vivo!

Um dia, a minha filha anunciou que o Bieber aceitava namoradas que tivessem nascido até 1997, e ela era pois uma candidata, uma vez que ela nascera em 1998. Eu ia tendo a minha primeira apoplexia de pai. Olhei para ela, estarrecido, e perguntei:

- Mas tu gostavas de ser namorada do Bieber?

Ela olhou para mim como se eu fosse atrasado mental e respondeu:

- Claro pai, é óbvio!

Durante umas horas, não consegui falar. A visão daquele penteado ridículo do Bieber a entrar pela porta de minha casa um dia, de mão dada com a minha filha, não era suportável. Ainda hoje tenho de suster a respiração quando penso nisso.

Mas, se eu pensava que isto era o climax da relação com o Bieber, tive de tirar o cavalinho da chuva. À medida que a data do concerto se ia aproximando, a minha filha ia tomando decisões que me deixavam de cara à banda.

Na semana passada, anunciou que ia viver para a porta do Pavilhão Atlântico, numa tenda, com umas amigas! Em casa, ficámos todos sem saber o que dizer ou fazer. Alguém tentou explicar-lhe que ainda faltava uma semana para o concerto, mas ela mostrou-se irredutível! Ia mesmo, e não se falava mais nisso.

Maneira que, desde sábado, lá está a minha filha à porta do Pavilhão Atlântico a dormir, com mais cem pessoas, todas enfiadas em tendas. As mães e os pais revezam-se para lhes irem fornecer água, comida, e para as levar a casa umas horas para tomarem um duche. 

Mas, ninguém protesta. É impossível negociar ou falar com uma fã do Bieber. Elas não aceitam argumentos racionais. Quando eu tentei explicar-lhe que estava mau tempo, e ela podia apanhar febre e depois não ir ao concerto, ela revirou os olhos e disse-me:

- Pai, vamos para o aeroporto à meia-noite esperá-lo. 

O Bieber...meu Deus, e se ele engraça mesmo com ela, o que faço? O concerto é hoje à noite e eu espero que corra tudo bem, que ela goste e se divirta. Mas, e se ele olha para a minha menina? O que é que eu faço?

  

publicado por Domingos Amaral às 11:09 | link do post | comentar | ver comentários (23)
Terça-feira, 05.03.13

Nem o Chavez morre nem a gente almoça...

Quantas vezes já se disse que Hugo Chavez tinha morrido, ou estava para morrer em breve, ou estava em fase terminal? São tantas que já ninguém acredita. Daí o título deste post, que é uma variação de um provérbio português, cujo significado é evidente. 

Este culto da "quase morte" de Hugo Chavez já dura há mais de ano e meio. Foi no já longínquo ano de 2011 que se soube que Chavez tinha um cancro, e que ia ser tratado. Pouco tempo depois, lá foi ele a correr para Havana, para perto do seu amigo Fidel e dos médicos cubanos, que pelos vistos são muito melhores do que os venezuelanos.

A dada altura, já não consigo precisar quando, pois isto tem sido muito confuso, correu o rumor de que Chavez tinha morrido em Havana. Mas, logo depois houve um desmentido, afinal não era verdade, ele estava vivo!

A confusão não parou por aqui. Houve até um momento em que circulou uma fotografia na net, supostamente de Chavez em estado terminal, já careca e em péssimo estado, só que no dia seguinte houve outro desmentido, e provou-se que a foto não era de Hugo Chavez, mas de outro qualquer pobre coitado.

Entretanto, continuaram as operações e os tratamentos a Chavez, e continuaram também as viagens, de Caracas para Havana, e de Havana para Caracas. Neste momento, por exemplo, alguém sabe onde Chavez está? Sim, pense uns segundos sobre o assunto! Ele está em Havana a ser tratado, ou em Caracas, também a ser tratado? Eu não me lembrava. 

Segundo consegui perceber, hoje está em Caracas, num hospital, mas amanhã pode ser que já esteja em Havana. E está melhor ou está pior? Segundo as notícias, hoje está muito pior, quase a morrer, mas como se sabe no caso de Chavez, pode ser que amanhã já esteja melhor.

Se pensam que estou a brincar, fiquem a saber que o estado de saúde de Chavez é um assunto político sério, e o vice-presidente que o está a substituir já disse que não vai admitir "terrorismo político" sobre as notícias relativas à saúde de Chavez. Não se percebe bem a que tipo de "terrorismo" ele refere, mas é uma declaração impetuosa e relevante.

Talvez a causa disto tudo seja mais simples. Desde que iniciou os seus tratamentos, em 2011, Chavez proibiu qualquer relatório médico de ser revelado em público. Ou seja, não há cá informação científica sobre a sua doença. O que há são rumores, propaganda, contra-propaganda, uma história que nunca mais acaba e onde nunca se sabe o que é verdade e o que é mentira, excelente alimento para este culto da "quase morte" de Chavez .

Se ele morrer um dia destes, vamos finalmente poder almoçar, como diz o provérbio. Nós e os venezuelanos, que já devem estar um bocado fartos desta lengalenga infindável.  

publicado por Domingos Amaral às 16:34 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quarta-feira, 27.02.13

Cristiano Ronaldo é o maior!

Hoje estava para escrever sobre a expectativa com que os portugueses estão, à espera de notícias da "troika", que anda por aí em Lisboa. Contudo, depois pensei um bocado e achei melhor escrever sobre o Cristiano Ronaldo.

Que grande jogo fez ele ontem em Nou Camp! Mais uma vez, Ronaldo calou os críticos e calou também os adeptos do Barcelona, que apesar de terem Messi na equipa, já têm pesadelos permanentes com o nosso Cristiano, pois ele farta-se de marcar golos contra eles.

Ontem, foram mais dois. Um de penalty e outro a concluir uma grande jogada do muito saudoso Di Maria (que falta ele faz ao Benfica...) Ronaldo é assim, é alguém em quem se pode confiar, diz sempre presente, mesmo nos momentos mais difíceis.

Essa é uma das suas mais fortes características, raramente falha ou se esconde nos momentos mais complicados. Está sempre lá, e quando a pressão aumenta, ele aumenta a velocidade e a vontade. A diferença em relação a Messi ontem foi abissal. Onde estava o suposto melhor jogador do mundo que ninguém o viu? Ontem, Messi, o maravilhoso Messi, desapareceu para parte incerta, fartou-se de falhar passes, e parecia um jogador banal e até, em certos momentos, medíocre.

Já Ronaldo, cada vez que tocava na bola, era uma emoção. O que é que ele vai fazer?, perguntava Alex Ferguson, há umas semanas, antes do seu Manchester ir a Madrid jogar com o Real. É a melhor pergunta que se pode fazer quando se vê Ronaldo com a bola nos pés. O que vai sair dali?

Os génios são assim e Ronaldo é um génio. Temos muita sorte de ele ser português, essa é que é a verdade.

Que se lixe a troika, enquanto ele jogar não pensamos nisso!

publicado por Domingos Amaral às 15:32 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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