Quinta-feira, 29.05.14

Um Casamento de Sonho: a história

É hoje o lançamento do meu novo livro, "Um Casamento de Sonho".

Espero que muitos leitores possam estar presentes, e terei o prazer de autografar todos os livros aos que o desejarem.

Mas, para aqueles que estão fora, ou que não podem ir hoje, por mil e uma razões diferentes, aqui deixo um pequeno resumo da história.

 

"Um Casamento de Sonho" é a história da minha geração, nos últimos vinte anos.

Quem não se casou um dia numa quinta, numa bela festa, onde se dançou até às tantas?

Quem não saiu à noite, não namorou, não se emocionou quando lhe nasceram os filhos?

Quem não passou por crises de amor, separações, traições, divórcios?

Quem não comprou casa, fez viagens a ilhas, quem não sofreu com a crise económica?

"Um Casamento de Sonho" é a história dos nossos namoros, dos nossos casamentos, dos nossos filhos que nasceram, das nossas ambições profissionais, da nossa forma de viver, e também a história das nossas desilusões, das nossas separações ou divórcios, dos nossos falhanços e perdas.

Sim, é a história da maneira como vivemos e amámos e fomos felizes e fomos infelizes nos últimos vinte anos, das mudanças e das modas, das manias e das novidades, mas também das políticas e das economias em que vivemos.

 

É claro que todas as personagens são inventadas, o livro não é uma autobiografia, não é a minha vida em história, nem a de ninguém em particular.

Mas, apesar de serem inventadas, estas personagens vivem o que nós vivemos, e por isso são parecidas connosco. 

Há histórias de amor muito bonitas, que acabam bem, e histórias de amor menos bonitas, que acabam mal.

E há outras histórias de amor que não acabam, e continuam a durar.

Há pessoas felizes e há pessoas perdidas, há pessoas fiéis e há pessoas infiéis, há mulheres modernas e outras menos modernas, há homens convencidos e outros mais inseguros, e depois há os que andaram por aí.

 

"Um Casamento de Sonho" é a história de um grupo de amigos, da Constança e do Leonardo, do Rafael e das suas várias namoradas, da Patrícia e do Miguel, do Guilherme e da Ana, e de como as suas ligações entre eles foram evoluindo ao longo de vinte anos, passando por crises, reconciliações ou afastamentos.

É a história de amigos que se zangaram, que se traíram, mas também de amigos que foram leais sempre e nunca abandonaram os seus amigos.

É igualmente a história das suas famílias, pais, irmãos, tios e tias, e do quanto as famílias são essenciais para se compreender a maneira de ser e o estilo de vida dos portugueses.

 

Mas, "Um Casamento de Sonho" é também a história recente de Portugal, da sua política e do seu desencanto, e da sua economia com as suas ilusões e desilusões.

É a história de como a economia condiciona a vida das pessoas.

Quando na economia nascem dívidas, no amor nascem dúvidas, e muitos conflitos surgem.

Os afectos não são imunes às crises, nem aos momentos bons.

Quando tudo corria bem, era fácil ter um casamento feliz, mas será assim quando tudo na vida nos corre mal, e à nossa volta há uma crise brutal?

É sobre tudo isso o meu livro, mas é sobretudo uma história de amor e amizade, ou melhor dizendo, de vários amores e de várias amizades.  

publicado por Domingos Amaral às 10:45 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quarta-feira, 28.05.14

Se Seguro ficar, o PS comete um hara-kiri

Por mais que António José Seguro a tente evitar, aproxima-se a batalha entre ele e António Costa.

Seguro teve a sua hipótese, e até teve um resultado honroso nas autárquicas.

Não foi bom, mas também não foi mau.

Porém, nas europeias, o resultado do PS é péssimo.

O maior partido da oposição não consegue ganhar votos quando os partidos do Governo são tão mal vistos.

Com o descontentamento que existe em Portugal com este Governo, com os problemas sociais e económicos que existem, com o desemprego alto, com uma dívida pública altíssima, com os impostos mais altos de sempre, mesmo assim o PS não cresce.

Pelo contrário, o PS perde votos!

E não os perde para o Bloco de Esquerda, ou seja, não os perde porque não foi suficientemente à esquerda.

 

A única explicação que se encontra para o fenómeno é a liderança fraca e pouco entusiasmante de Seguro.

Os socialistas não acreditam nele, e muitos até preferiram olhar para o lado, e votar em Marinho Pinto ou em Rui Tavares.

E, quando assim é, toda a gente percebe que o problema está na liderança, não nas ideias.

Seguro não tem carisma, não tem consistência, e não entusiasma ninguém nas hostes socialistas, quanto mais fora delas.

Nas próximas semanas, pode tentar tudo para evitar o Congresso ou as directas, pode usar todos os expedientes dos estatutos e todos os subterfúgios, que isso não adia o essencial.

E o essencial é que, como mostrou uma sondagem da TVI logo no dia das eleições, com Seguro à frente, o PS arrisca-se a perder as eleições em 2015, ficando atrás de Passos e Portas.

É essa terrível possibilidade de derrota que está a aterrar o PS.

Os partidos odeiam perder, e se estão convencidos que o líder os levará à derrota, esse líder tem os dias contados.

É isso que se passa hoje no PS: com Seguro, os socialistas podem perder!

 

Com este cenário, é natural que António Costa vá ganhando cada vez mais apoios, e que se crie uma onda positiva que o leve à liderança. 

Costa representa uma forte possibilidade de vitória, enquanto Seguro representa uma forte possibilidade de derrota.

Mas, para além de poder vencer, Costa tem outras vantagens quando comparado com Seguro.

Tem experiência política, já foi ministro e é presidente da Câmara de Lisboa há vários anos (Seguro não foi nada).

Tem carisma e mais senso político, bem como simpatia e humanidade.

E, pormenor importante, Costa tem muito mais capacidades do que Seguro para fazer alianças com outras forças políticas, seja à sua esquerda, seja à sua direita.

Nem Marinho Pinto, nem Rui Tavares, nem o Bloco, gostariam de se aliar a Seguro, numa frente de centro-esquerda.

Mas, com Costa é provável que todos gostassem de se aliar, caso seja necessário.

 

À direita, as pessoas pensam da mesma maneira.

Se em 2015 for necessário um governo de Bloco Central, quem preferem as pessoas de direita que esteja à frente do PS?

Preferem um governo onde estão Passos e Portas, e o primeiro-ministro é Seguro?

Ou um governo onde o número um é António Costa?

E os mercados, e os parceiros sociais, os empresários ou os sindicatos?

Será que não é evidente para todos que António Costa é um político que dá mais confiança do que o pobre Seguro?

 

Nas próximas semanas, é sobre isto que os socialistas devem refletir.

Portugal está num momento complicado da sua história, e com o centro-direita tão descredibilizado, o próximo primeiro-ministro tem de gerar confiança aos portugueses todos, sejam eles de esquerda ou de direita.

Parece-me evidente que António Costa está muito mais bem preparado que Seguro para ser essa pessoa.

Se o aparelho do PS não perceber e rejeitar Costa, como é possível, o PS cometerá um trágico hara-kiri. 

publicado por Domingos Amaral às 11:30 | link do post | comentar
Terça-feira, 27.05.14

A austeridade é a mãe de todos os radicalismos

A dívida pública portuguesa voltou este ano a subir, e já ultrapassa os 130% do PIB.

Quanto mais pagamos, em juros e amortizações, mais devemos.

É a armadilha da dívida em todo o seu esplendor dramático, um local terrível para um país estar.

Mas, não era imprevisível, pelo contrário.

Quem tenha lido este blog, já sabe que houve dezenas de países que caíram nesta situação nos últimos cinquenta anos.

Perante uma forte recessão económica, os países optam por fazer austeridade dura, o que só agrava as suas contas, e mesmo que as exportações cresçam, não conseguem crescimento económico muito forte.

Assim, com a dívida já grande, o PIB cai com a austeridade, e a dívida no final é ainda maior.

Quanto mais se paga, mais se deve.

 

Foi quase sempre assim nas dezenas de "programas de ajustamento" que foram aplicados a muitos países por esse mundo fora.

E Portugal e Irlanda não são excepções.

Podem ter "regressado aos mercados", mas as suas dívidas públicas são hoje muito maiores do que eram há 4 anos atrás.

Se o problema era a "dívida excessiva", e foi com isso que se justificou a austeridade, o que dizer agora, que a dívida é maior do que era?

O que dizer agora, quando é agora bem mais difícil pagar a dívida do que era há quatro anos?

Há alguém que acredite mesmo que será possível Portugal e Irlanda pagarem esta dívida nos próximos 50 anos?

Mesmo que o nosso crescimento fosse superior a 4% ao ano, isso seria difícil, quanto mais com crescimento que anda à volta de 1% ao ano.

 

A verdade é esta: as políticas de austeridade não resultam.

Pelo contrário, só agravam a armadilha da dívida.

A confiança dos mercados é importante, mas não altera o essencial: a dívida assim não pode ser paga, é impossível.

Isto, já muitos sabiam há quatro ou cinco anos.

Krugman, De Grauwe, Soros, Stiglitz, até Rogoff, todos eles eminentes economistas, já tinham dito que isto ia acabar como está a acabar: com uma dívida ainda maior e mais difícil de pagar.

Porém, a Europa de Merkel e seus seguidores passou quatro longos anos obcecada pela "austeridade" e os resultados estão à vista.

Não há crescimento económico que se veja (excepto na Alemanha, claro); o desemprego alastra; a deflação é um perigo real; os partidos extremistas de direita ou de esquerda crescem; e há um desencanto geral com a Europa, que pode levar ao seu desagregamento.

E tudo isto para quê?

 

Basta olhar para os Estados Unidos para perceber qual devia ter sido o caminho.

Obama recusou-se a fazer austeridade, e limitou-se a aumentar os impostos aos mais ricos.

O FED está há quatro anos a ajudar a economia com estímulos monetários, e ninguém quer ouvir falar em austeridade.

Compare-se com o que aconteceu na Europa, com a austeridade draconiana, e com a inércia do Banco Central Europeu, e está explicado porque é que a Europa está à deriva, triste e paralisada. 

 

E Portugal está também paralisado, e com o sistema político à beira da desagregação.

É isto o que a austeridade faz aos países: mata-os por dentro.

Que depois nasçam monstros, ninguém se pode admirar.

As Marines Le Pen, as Auroras Douradas, o Beppe Grillos e outros, são os filhos bastardos da austeridade. 

A austeridade é a mãe de todos os radicalismos europeus, foi nela que eles se amamentaram.

Veremos o que acontece à Europa quando eles crescerem e forem grandes...

 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:23 | link do post | comentar
Segunda-feira, 26.05.14

Estas eleições foram um desastre para Passos e Seguro

O país votou e uma coisa é certa: o centro-direita teve a maior derrota de sempre, em 40 anos de democracia.

PSD e CDS-PP, mesmo juntos, não chegam aos 30 por cento, o que é uma derrocada brutal.

Não é inesperada, mas talvez poucos pensassem que chegasse tão longe.

Aqui está a resposta a 3 péssimos anos de governação, carregados de erros graves e de falta de juízo.

Para regressar aos mercados, não devia ter valido tudo, mas para este Governo tudo valia e tudo se fazia.

Os portugueses deram uma resposta clara: estes senhores não prestam.

 

Porém, e essa é que é uma das relevantes surpresas, o PS é também um grande derrotado da noite.

Bem podem Seguro e Assis cantar vitórias de Pirro, a verdade é que, no momento mais negro do centro-direita, o PS em vez de ganhar votos, perde votos!

A queda do PS é quase tão forte como a queda dos partidos do Governo.

Seguro tem muito menos votos e percentagem do que Ferro Rodrigues, e mesmo do que o tão odiado Sócrates há três anos!

Em vez de ter conseguido criar uma onda positiva a seu favor, capitalizando nos erros do Governo, Seguro consegue a proeza de afastar gente do PS!

 

Que o Governo vai continuar, e vai continuar a governar mal, é certo, pois Passos não tem capacidade para mais.

Mas, que o PS não perceba que Seguro não é alternativa, é bem mais grave.

Estamos a um ano e pouco das legislativas, e uma vantagem tão curta como a que Seguro teve ontem não serve para nada.

Se a economia melhorar nos próximos meses, é mesmo provável que a coligação de centro-direita ainda recupere votos, e Seguro fica em cada vez pior situação.

A julgar pelos resultados de ontem, há ainda uma possibilidade de Seguro perder as eleições, o que parecia quase inimaginável há meses.

Como pode o PS aceitar que, com um Governo tão mau e tão impopular, o PS não encante ninguém?

Não estará na altura do PS perceber que não vai a lado nenhum com um líder tão fraco e tão incapaz de motivar o eleitorado?

 

É tempo pois dos socialistas refletirem.

Ao contrário do que ontem disse Assis e repetiu Seguro, a liderança do PS está em causa.

Com um líder tão incompetente, é tempo de pensar noutro.

Mais cedo do que se esperava, chegou a hora de António Costa.

Se o PS não perceber isso, depois não se queixe... 

publicado por Domingos Amaral às 10:35 | link do post | comentar
Sexta-feira, 23.05.14

Com Champions e Rock in Rio quem vai votar?

Provavelmente, nunca houve em Lisboa um fim de semana assim.

No sábado, temos por cá a final da Champions, no Estádio da Luz, onde estarão milhares de espanhóis, vindos de Madrid e não só.

Para mim, o maior problema não será o trânsito, mas sim a segurança.

Real e Atlético são clubes da mesma cidade, há uma rivalidade fortíssima entre ambos, os adeptos odeiam-se mutuamente, e vai ser um bocado complicado que não existam algumas escaramuças nas ruas de Lisboa.

Imaginem por exemplo que Benfica e Sporting se iam defrontar a Madrid...

Ainda por cima, da última vez que vá vieram, os adeptos do Atlético de Madrid não foram propriamente meigos, e ainda me lembro dos confrontos em Alvalade.

 

Esperemos que a polícia portuguesa, que tem bastante experiência nestas coisas, consiga evitar que os espanhóis se engalfinhem uns nos outros...

Mas, mal acabar a final da Champions, cujos festejos vão durar pela noite fora, começa a malta toda a correr para o parque da Belavista.

Pois é, logo no domingo lá começam os concertos no Rock in Rio, e haverá mais ruas fechadas, mais trânsito, mais malta a andar pela cidade.

Economicamente, tudo isto é muito positivo, mas para muitos moradores será o fim de semana perfeito para ir para fora.

 

O problema são as eleições, que por acaso também calham no Domingo.

O que fazer? Votar ou ir para fora?

Ainda por cima, com o centro-direita envergonhado com os resultados da governação de Passos, e o centro-esquerda nada entusiasmado com Seguro, o mais provável é que o PCP de Jerónimo seja a única força com razões para festejar no Domingo à noite.

A acreditar nas sondagens, nem a derrota de Passos e Portas será muito forte, nem a vitória de Seguro será muito intensa, e por isso as coisas ficarão mais ou menos na mesma.

António Costa terá um fim de semana em grande, com a sua cidade a viver momentos altos, de futebol e música, mas parece-me que ainda não é desta que serão criadas as condições para ele chegar a líder do PS...

publicado por Domingos Amaral às 11:14 | link do post | comentar
Quinta-feira, 22.05.14

Um Casamento de Sonho: novo livro!

Caros amigos e amigas, aqui vos deixo o convite para o lançamento do meu novo livro, "Um Casamento de Sonho". Será no dia 29 de Maio, quinta-feira, pelas 19h, na Feira do Livro. Quem quiser aparecer será muito bem vindo!

publicado por Domingos Amaral às 13:22 | link do post | comentar
Segunda-feira, 19.05.14

Seguro: mais um a fazer promessas prematuras!

Certamente entusiasmado com as boas sondagens, seja para as europeias, seja para as legislativas, António José Seguro já anda a fazer promessas.

E claro, promete que vai descer o IRS e o IVA, para ver se ganha mais votos.

No caso do IRS, promete descer ou mesmo eliminar a sobretaxa, e no caso do IVA promete voltar a descer a taxa para o sector da restauração, para os 13% anteriores a Passos.

Ambas as promessas são boas ideias, mas parece-me a mim que é muito prematuro o líder do PS fazer propostas tão específicas. 

Daqui até meados de 2015, altura em que Seguro poderá regressar ao poder, muita água ainda irá correr, e é cedo demais para estas ideias.

 

Por um lado, se as coisas piorarem, é bem possível que Seguro não possa fazer nada do que prometeu quando lá chegar.

O que é perigoso, pois mais uma vez teremos um político a gerar expectativas erradas, prometendo algo que depois não poderá cumprir.

Mas, e se as coisas melhorarem muito até 2015?

Bom nesse caso, Passos Coelho vai começar exactamente por fazer coisas muito semelhantes, descer sobretaxa do IRS ou descer o IVA, e vai roubar as bandeiras de Seguro antes de ele as usar.

Em qualquer dos casos, Seguro sairá sempre a perder. Quanto mais prometer e quanto mais específico for, mais problemas cria a si próprio.

 

Tal como muitos políticos pelo mundo fora, Seguro poderá ganhar se mostrar que quer um caminho diferente, mas não entrar em detalhes.

Obama ganhou com o célebre "Yes we can", que era apenas um estado de espírito, e nunca falou em taxas de imposto.

É assim que se ganha bem, sem se comprometer com ideias específicas, para não ter de desiludir depois.

Desde há mais de 10 anos, os políticos que venceram as eleições em Portugal foram sempre obrigados a fazer o contrário do que prometeram.

Foi assim com Barroso, Sócrates e Passos Coelho.

Todos prometerem que iam fazer isto e não iam fazer aquilo, e acabar por não fazer isto e fazer aquilo.

Com isso, o sistema político perdeu credibilidade e os eleitores desiludiram-se.

Portanto, talvez Seguro devesse aprender essa lição, para não ser mais um a iludir descaradamente o país, só para vencer eleições. 

publicado por Domingos Amaral às 11:45 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 16.05.14

Vem aí a recessão em W?

Muitos economistas falam dela, mas poucos a viram!

Chama-se recessão em W, e é um fenómeno económico raro, mas possível de acontecer em Portugal por estes tempos.

Observem um W.

No início, há uma queda abrupta descendo pelo primeiro V abaixo.

Foi o que se passou em 2012, com uma contração económica violenta em Portugal, aumento do desemprego e tudo a falhar.

Depois, toca-se no fundo e volta-se a subir, acompanhando o V.

Foi o que se passou em Portugal durante o ano de 2013, com melhorias claras da situação económica, queda no desemprego e crescimento do PIB.

No entanto, em vez de se continuar a melhorar, há de repente uma inversão económica, e volta-se a descer, caindo no segundo V.

É a chamada recessão em W, que no fundo é uma dupla recessão.

 

Será que isso nos vai acontecer em 2014?

A julgar pelos números do primeiro trimestre isso pode já estar a acontecer, pois o crescimento voltou a ser negativo.

A economia voltou a parar um pouco, e os bons resultados parecem estar a diminuir.

As exportações também desceram, e aqui há um dado curioso: sempre que alguém falava que o crescimento da exportações se devia à Galp e à Autoeuropa, o Governo enfurecia-se, e dizia que era toda a economia que estava a exportar mais!

Agora que houve uma queda nas exportações como a explica o Governo?

Foram a refinaria da Galp e a Autoeuropa que caíram de produção...

O argumento é válido para o mal, mas não para o bem.

Estranho conceito...

 

Mas voltemos à recessão. Será que vamos cair a pique em 2014?

As previsões não apontavam para aí, mas sabemos que muitas vezes as previsões são mais desejos que realidades.

O Governo, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu, o Banco de Portugal, a OCDE, todos eles desejam ardentemente que Portugal cresça e recupere, e por isso fazem previsões entusiasmantes.

Porém, como todos sabemos, todas as previsões destas magnas instituições já falharam redondamente no passado, sobretudo em 2012 e 2013.

Falharam para cima, e falharam para baixo, e portanto não é certo que não voltem a falhar.

Para mais, a situação na Europa não está nada melhor, ao contrário do que apregoa Barroso por aí.

A crise europeia não acabou, a Europa não cresce, os preços estão a cair e há deflação, a banca continua cheia de problemas e sem poder dar crédito.

Em finais de Maio, haverá eleições europeias, e sabe-se lá o que vai sair dali. 

E a Leste, entre a Ucrânia e a Rússia, há instabilidade também. 

 

Deveria ser absolutamente evidente para todos a necessidade de uma política europeia mais activa, fosse do BCE, fosse da Comissão.

O BCE tem de intervir em força, com estímulos monetários; e os Governos têm de abandonar esta nefasta via da austeridade, e depressa. 

Se isso não for feito, a Europa continuará a patinar, anémica e sem força para se levantar, e os seus cidadãos continuarão desiludidos.

Por cá, as pessoas que não pensem que só porque saímos do programa de ajustamento terminou o calvário.

Não terminou, e pode até ter aumentado muito o risco de tudo piorar.

Lembrem-se uma coisa: a velocidade a que tudo muda é muito grande.

Há um ano, ninguém pensava em "saída limpa".

Daqui a um ano, quem sabe se não estaremos a lamentar a "entrada suja"...

 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:09 | link do post | comentar
Quinta-feira, 15.05.14

Um dia a maldição vai acabar

Há noites em que tudo conspira para não sermos felizes.

Já íamos para Turim sem 3 príncipes da bola (Enzo, Markovic, Salvio), e sem 2 escudeiros reais (Fejsa e Sílvio), e aos quinze minutos ainda ficamos mais frágeis, sem um jogador que já tinha amarelado dois sevilhanos, um por cada corrida que dera.

Jesus ainda insistiu com ele, mas via-se que Suleimani já não podia mais. 

Saiu e o Benfica passou a ficar ainda mais estranho, com Maxi na ala.

 

Na primeira parte, a equipa parecia perdida, excepto no fim, quando ainda teve duas hipóteses de marcar.

Depois, entrou em cena a dificuldade dos avançados, desinspirados na hora dos matadores.

Mas, foi mais uma ou duas vezes Beto que salvou os de Sevilha.

Se houve penalties ou não, não sei, ao vivo é difícil de ver, é tudo tão rápido, mas parece-me que o árbitro foi mais um elemento da conspiração.

E, por cada minuto que passava, o Sevilha sentia-se mais forte, pois sabia que nos penalties teria mais hipóteses.

Há equipas que já jogam com essa vantagem, e ontem foi um caso assim.

 

Portanto, a maldição começou a mexer com os jogadores, e com o público do Benfica, e quando fomos para os penalties, os de Sevilha já faziam a festa antes deles serem marcados, e os da Luz pareciam calados, amedrontados.

O receio cola-se e espalha-se como um vírus, e das bancadas chegou à relva.

E tudo acabou mais uma vez sem glória, porque não fomos capazes de marcar um golo, nem mostrar força mental suficiente para vencer as contrariedades.

Um dia, a maldição de Bela Guttman irá terminar, mas para que esse dia chegue é fundamental uma força tremenda, quase sobre-humana, para ultrapassar esse medo profundo que existe no coração dos benfiquistas.

Talvez essa maldição só acabe quando alguém que eu conheço bem for presidente do Benfica.

publicado por Domingos Amaral às 14:54 | link do post | comentar
Terça-feira, 13.05.14

A caminho de Turim

Amanhã, se Deus quiser, estarei em Turim para assistir à final da Liga Europa. 

Será a primeira final a que vou desde o longínquo ano de 1983, onde assisti na Luz à segunda mão da final da Taça UEFA.

De então para cá, vi as outras finais na televisão, mesmo a do ano passado.

Mas, desta vez não resisti. Consegui bilhetes, marquei avião, e lá estarei com o meu querido filho Duarte, no estádio onde fomos felizes há duas semanas.

 

Uma final fica sempre para a história. Quem não se lembra das finais onde estiveram equipas portuguesas, onde esteve a seleção?

Quem não se lembra das épicas finais da Champions, fossem quem fossem os finalistas?

Sim, lembramo-nos sempre, ganhem os nossos ou não.

É evidente que ganhar uma final é uma coroação gloriosa, mas estar lá já é inesquecível.

E o Benfica, pela segundo ano consecutivo, está lá.

 

É o Benfica o favorito, como dizem muitos?

Numa final nunca há favoritos, mas há equipas que à partida são consideradas mais fortes.

No entanto, nem sempre os mais fortes vencem.

Que o diga Portugal, que perdeu contra a Grécia.

Que o diga o Bayern de Munique, que perdeu duas Champions consecutivas, contra equipas que todos consideravam menos fortes que os alemães, o Inter e o Chelsea.

 

Agora, que o Benfica, pelo que já fez, e pela equipa que tem, é mais forte que o Sevilha, isso parece-me claro.

O plantel do Benfica, nos sites da especialidade, está avaliado em 189,2 milhões de euros, enquanto o do Sevilha vale 112,4 milhões.

A folha de salários anuais do Benfica anda pelos 48 milhões de euros, enquanto a do Sevilha anda pelos 40 milhões.

Há mais jogadores de qualidade no Benfica (Oblak, Garay, Luisão, Gaitan, Lima, Rodrigo, Cardozo, Ruben Amorim) do que no Sevilha (Beto, Reyes, Bacca, Rakitic e o lateral esquerdo que não recordo agora o nome).

No ranking da UEFA, que leva em consideração os últimos cinco anos de competições europeias, o Benfica está em 6º, enquanto o Sevilha se fica pela 25ª posição.

 

Nas respectivas Ligas, o Benfica ficou em 1º, foi campeão com 85% de percentagem de vitórias, enquanto o Sevilha deverá ficar em 5º, com uma percentagem de vitórias de 58%.

Em 30 jogos, o Benfica marcou 58 golos e sofreu 18, enquanto que em 37 jogos o Sevilha marcou 66 golos e sofreu 51, o que revela uma defesa bastante vulnerável!

Em termos de Liga Europa, e comparando apenas os resultados desde os oitavos de final, pois o Benfica esteve na Champions durante a fase de grupos, temos que o Benfica venceu 6 jogos e empatou 2, apresentando uma percentagem de vitórias de 87,5%, marcando 14 golos e sofrendo apenas 4.

Já o Sevilha, nos mesmos oito jogos, venceu 4, empatou 1 e perdeu 3, uma percentagem de vitórias de 56,25%, tendo marcado 13 golos e sofrido 10.

Além disso, o Sevilha só eliminou o Bétis nos penalties, e só eliminou o Valência no último minuto dos descontos, enquanto o Benfica nunca esteve em desvantagem em nenhuma das quatro eliminatórias.

 

Observando estes resultados e números, podemos dizer que o Benfica parece mais forte, mas agora terá de o provar na final.

O Sevilha parece ter uma defesa mais frágil, mas tem um ataque capaz de provocar estragos, e tem uma capacidade psicológica muito forte, pois aguenta bem e recupera, mesmo em situações muito difíceis.

O único ponto fraco que encontro neste Benfica é a célebre maldição de Bela Guttman, o treinador húngaro que um dia saiu zangado da Luz, dizendo que sem ele o clube nunca voltaria a vencer finais europeias.

A verdade é que de então para cá, perdeu sete finais, e a maldição parece estar viva.

Mas, como todos sabemos, em todas as histórias em que existem maldições há sempre um príncipe encantado que um dia aparece e quebra a maldição.

Aquilo que espero é que Jesus e os jogadores sejam os príncipes encantados do Benfica e acabem com esta história infantil de uma vez por todas!

Lá estarei, emocionado, a assistir à Segunda Grande Batalha de Turim, e mais uma vez, espero que o meu Benfica saia vencedor.

 

publicado por Domingos Amaral às 12:25 | link do post | comentar
 

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