Segunda-feira, 17.06.13

Prefere ter dívidas ou ter desempregados?

A pergunta que dá o título a este post é a pergunta que devemos todos fazer sobre Portugal e sobre a Europa.

O que é mais grave para um país ou para a Europa, ter dívidas ou ter desempregados?

Desde Setembro de 2009, data em que a senhora Merkel venceu as eleições na Alemanha, a resposta da Europa foi simples: não é aceitável ter dívidas!

Os países mais fortes, com a Alemanha à cabeça, foram peremptórios: não pagavam as dívidas dos países mais pobres! 

Quem se endiviou demais, que pague pelos seus erros, foi esta a máxima exemplar da Europa, com Merkel a ser a cara desta direção geral. 

Depois, um pouco por todo o Sul da Europa, os "merkelianos" tomaram conta do assunto, e começaram a impôr doses cavalares de austeridade.

Parecia simples: se tens dívidas a mais, deixa de gastar, corta nas despesas e paga o que deves!

Simples, mas estúpido. Aos "merkelianos", apaixonados pela austeridade, escapou um pequeno mas muito importante detalhe. É que um país não é um família, e uma União Europeia não é uma quintarola qualquer.

Ao começarem a praticar austeridade todos ao mesmo tempo, primeiro na Europa do Sul e depois mesmo no norte, na Holanda, na França, na Finlândia e até na Alemanha, os "merkelianos" esqueceram os efeitos "sistémicos" que isso iria trazer a todos. 

Parecia muito fácil dar ordens austeras à Grécia, impôr a Portugal e à Irlanda umas "troikas" exigentes. A coisa ia ao sítio de certeza.

Porém, só com o passar do tempo os "merkelianos" descobriram que massacrando as pequenas partes, um dia o todo ia também sofrer.

E foi isso que aconteceu. A recessão, em vez de ser localizada, expandiu-se como um vírus. A austeridade, tão bela e virtuosa, transformou-se numa ceifeira de empregos e empresas. Os Estados mirraram, algemados pela sra Merkel e pelos seus papagaios locais, como Gaspar e Passos.

Quatro anos depois, a Europa descobre o paradoxo que o economista Irving Fisher descobriu há mais de 80 anos: se todos cortarem nos gastos, nos salários e nas despesas ao mesmo tempo, todos ficam mais pobres!

Olha-se hoje para a Europa, do Atlântico até aos fiordes, de Paris a Atenas, e o que se vê é um mar de desempregados, um lago recessivo onde ninguém faz mais do que boiar, tentando não naufragar.

É este o legado da Sra Merkel e dos seus seguidores, é esta a herança da austeridade. Em pânico com as dívidas, os europeus geraram um monstruoso e arrepiante desemprego. É isso que preferem? Preferem ter desempregados aos magotes em vez de dívidas?

Sempre aqui escrevi que Merkel foi a pior coisa que aconteceu à Europa em muitas décadas. Uma mulher lenta de raciocínio, uma pata choca com uma moral de merceeira, sem qualquer visão lúcida sobre o destino comum da Europa.

Só peço a Deus, todos os dias, que os alemães corram com ela. Caso contrário, o desastre não vai parar. No seu cérebro de foca mal amestrada, a sra Merkel nunca irá perceber que é muito mais grave para a Europa ter desempregados do que ter dívidas. 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:33 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Sexta-feira, 14.06.13

A esquizofrenia económica e mediática do Governo

Qualquer estudante de Economia sabe que a psicologia dos povos é tão ou mais importante para a economia do que as decisões reais dos governos. 

Desde Keynes até aos pensadores das expectativas racionais, todos estão de acordo que os "estados de alma" de um povo, o seu optimismo e pessimismo, a sua esperança ou a sua descrença no futuro, podem determinar o andamento da economia.

Não é pois de estranhar que os Governos tentem, com os seus discursos, influenciar a psicologia de um país. Por vezes com avisos, como o de Cavaco, com o célebre "gato por lebre"; ou o de Barroso, com o não menos célebre "o país está de tanga". 

Por outras, há uma intenção clara dos políticos de tentar inverter as expectativas, passar do pessimismo ao optimismo. Foi isso que vez Vítor Gaspar, quando há uns dias atrás proclamou bem alto: "este é o momento do investimento"!

Porém, estes discursos psicológicos têm de ser coerentes. Se o discurso visa "arrefecer" a economia, tem de se ser consistente durante uns tempos. Se, pelo contrário, o discurso visa "reanimar" a economia, não se pode dar boas notícias à segunda-feira e más notícias à sexta.

Ora, é precisamente essa coerência que não vejo neste Governo. Tão depressa Passos diz que "as condições de financiamento estão a melhorar", como diz que "o desemprego vai continuar a aumentar". 

Num dia fala-se em "voltar a crescer", passados dois dias fala-se em "cortes substanciais nos salários e nas pensões". De manhã acorda-se a dizer que há "sinais muito positivos na receita fiscal", e à tarde decide-se não pagar os subsídios de férias porque "não há dinheiro".

Esta permanente montanha-russa de boas e más notícias mostra bem o descontrole comunicacional do Governo. Como acreditar que "este é o momento do investimento" quando se anuncia ao mesmo tempo profundos "cortes nas pensões e nos salários"? Como acreditar que há "sinais encorajadores" quando o desemprego bate recordes todos os meses?

Cada semana que passa fico mais convencido que este Governo teve um ataque agudo de esquizofrenia económica, é um Governo bipolar, que anda a deixar os portugueses à beira de um ataque de nervos.

E as coisas não parecem estar a melhorar. Há dois dias, por exemplo, Passos Coelho zurziu no FMI por este ter feito umas críticas à União Europeia, e Cavaco chegou a pedir a saída do FMI da "troika".

Porém, apenas um dia depois, o Governo confirmou que vai levar à prática todas as medidas que o FMI propôs para cortar na despesa. Em que é que ficamos? Então o FMI é duvidoso, mas fazemos o que ele manda?

É natural que o país ande confundido. Nestes altos e baixos permanentes, vivemos entre crenças que duram uns dias e depressões que duram umas semanas. Como os infelizes pais de um filho esquizofrénico, estamos esgotados e sem saber em quem acreditar.

 

publicado por Domingos Amaral às 11:22 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Terça-feira, 11.06.13

Viva a Feira do Livro, e obrigado aos meus leitores!

Se há coisa que faz bem ao ego de um escritor é ir à Feira do Livro de Lisboa e bater todos os recordes pessoais de autógrafos!

Para mim, este foi o melhor ano de sempre na Feira do Livro. Fui lá por três vezes, e dei autógrafos como nunca antes tinha dado.

Nos dois sábados que lá estive, passei mais de duas horas e meia a autografar livros. É impossível não ficar agradecido às centenas de leitores que me procuraram este ano, e que tão bem me fizeram.

Há mais de dez anos que vou, todos os anos, um ou dois dias à Feira do Livro. Já tive anos bons, anos assim-assim, anos maus, e tive mesmo um ano muito mau. 

Das vezes que me corria mal, ficava umas horas deprimido, com a sensação de que ninguém gostava dos meus livros.

Mas, esses dias foram importantes para aprender a blindar o ego a essas volatilidades. O sucesso e o insucesso vão e voltam. Sei que não devemos deslumbrar-nos com o que de bom acontece, nem entristecer-nos quando as coisas não nos correm bem. O importante é tentar, tentar sempre, e continuar a escrever.

Mas, quando as coisas nos correm bem, como este ano, é impossível não sentir uma enorme satisfação interior, e uma sensação de gratidão para com tanta gente que me procurou.

Um escritor sem leitores faz pouco sentido, e um escritor com leitores ilumina-se e prossegue, mais forte e mais crente em si mesmo.

É por isso que agradeço a todos os que me incentivam e me estimulam para continuar. Na Feira do Livro, olhar nos olhos das pessoas é o que nos aumenta a alma. 

É claro que ter um novo livro ajuda. "O Retrato da Mãe de Hitler" foi este ano um dos livros mais vendidos na Praça Leya, e isso encheu-me de orgulho.

É por isso também que tenho de agradecer publicamente a todos os que para isso contribuiram, em especial a equipa da minha editora, Casa das Letras, que tudo tem feito para me fazer crescer enquanto escritor. Obrigado a todos.

E já agora, uma palavra para todos os que se envolvem na Feira do Livro de Lisboa. Dos promotores às editoras, dos autores aos que vendem nos pavilhões, todos estão de parabéns, a Feira este ano foi um sucesso!

 

publicado por Domingos Amaral às 11:29 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Sábado, 08.06.13

Feira do Livro: sessão de autógrafos hoje, às 15h

Hoje, vou estar na Feira do Livro, para mais uma sessão de autógrafos.

A partir das 15h, na Praça Leya, em frente à minha editora, Casa das Letras, lá estarei para assinar o meu novo livro "O Retrato da Mãe de Hitler". 

Convido todos a passarem por lá esta tarde, é um bom programa num dia em que não vai dar para ir à praia!

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publicado por Domingos Amaral às 11:14 | link do post | comentar
Quinta-feira, 06.06.13

A minha profunda desilusão pessoal com Passos Coelho

Fez esta semana dois anos que Passos Coelho venceu as eleições, e dois anos chegaram para o considerar uma das maiores desilusões da minha vida política.

Conheci Passos Coelho em meados da década de 90. Eu era jornalista, n´O Independente, e a minha tarefa era dedicar-me ao Parlamento. Conversava com deputados de todos os partidos, e guardo boas recordações de muitos deles, entre os quais Passos Coelho.

À data, Marcelo liderava o PSD, Marques Mendes era presidente do Grupo Parlamentar, e tinha em Passos Coelho um fiel e dedicado vice-presidente. Na Assembleia da República, Mendes e Passos formavam uma boa dupla. Eram empenhados, lúcidos, e eram também bem dispostos.

Por várias vezes, almocei e jantei com os dois, e dava-me bem com eles. Reservando a necessária distância, imposta pelos cargos deles e pelo meu trabalho, conseguimos desenvolver uma boa relação, de respeito e estima.

No caso de Passos Coelho, formei desses tempos uma boa opinião. Era preparado, atento, e era também simpático, cordial. Além disso era, tal como Mendes, divertido, e parecia bem com a vida.

Embora os tempos nos tenham afastado, quando Passos Coelho se tornou líder do PSD, acreditei que tinha todas as características para convencer o país das suas ideias, e para chegar a primeiro-ministro de Portugal.

Para mais, o seu discurso até vencer as eleições era acutilante, verdadeiro e parecia confiável. Com o país já farto da arrogância de Sócrates, e com a situação europeia a degradar-se a olhos vistos, Passos emergia como uma solução, e pelo que conhecia dele, era fiável.

Embora me pareça que o PSD foi precipitado a rejeitar o famoso PEC IV, pois trocava um ganho de curto prazo (a derrota de Sócrates) por um sarilho de médio prazo (governar Portugal sujeito a uma resgate da troika), acreditei que Passos Coelho o fazia pelas razões que à época explicou ao país.

É fundamental relembrar isto, pois é essa a fonte da minha desilusão. Passos, até vencer as eleições, sempre defendeu que a "austeridade" era o caminho errado. Mais: prometeu não subir impostos, nem cortar salários, subsídios ou pensões!

A sua posição fundamental era a defesa intransigente de um corte na "despesa do Estado"! O seu discurso era a "reforma do Estado", o "corte nas gorduras", as "reformas estruturais", o ataque aos interesses e ao desperdício do Estado!

Inocente e iludido, como muitos, acreditei nele. Apesar de Portugal já ter vistos dois filmes semelhantes, pois tanto Barroso como Sócrates tinham prometido não subir os impostos e depois fizeram-no; apesar disso, eu acreditei que Passos Coelho seria diferente, que se ia manter fiel às suas promessas e às suas prioridades. 

Quando tomou posse como primeiro-ministro, interpretei o "ir para além da troika" como ambição reformista, e desejo de alterar mais regras e comportamentos no Estado, para além do que já estava combinado com a "troika". Nunca me passou pela cabeça que esse "ir além da troika" fosse o que veio a ser.

Nos meses seguintes, já sentado em São Bento, Passos Coelho deu a maior cambalhota política a que Portugal assistiu e fez tudo ao contrário do que prometera.

Prometera não subir impostos e subiu! Prometera não cortar subsídios e cortou! Prometara não cortar salários e cortou! E prometera cortar a sério na despesa do Estado, reformando-o, e...não cortou, nem o reformou em quase nada.

Ou seja, fez o que prometera não fazer e não fez o que prometera fazer!

Para além disso, e para minha grande surpresa, alinhou a 100 por cento pelas teorias da Sra Merkel, impondo alegremente uma "austeridade violenta", e acreditando com a fé de um fanático que isso ia dar bom resultado.

Para quem o conhecia pessoalmente, como eu conhecia, e para quem criara boas expectativas sobre ele, como eu criara, esta conjugação de faltar à palavra, executar piruetas políticas, revelar fezadas infantis e mostrar puras incompetências, danificaram de forma absoluta a ideia que tinha dele.

Hoje, posso dizer que Passos Coelho me enganou, me desiludiu e considero-o mais um político em que não confio, porque não tem palavra, não tem lucidez e não tem competência para o lugar que ocupa.

Mas, o mais grave não é isso, nem a minha desilusão pessoal é muito relevante para Portugal. O mais grave é que Portugal julgou que, ao livrar-se de Sócrates ia para melhor, e foi para pior.

Passos Coelho colocou Portugal num buraco negro bem mais fundo do que aquele que já existia. A recessão é profundíssima, o desemprego assustador, a dívida colossal.

É verdade que a culpa não é só dele. Merkel, Schauble, Rehn e Gaspar são igualmente responsáveis pela desgraça que assola a Europa e Portugal.

Mas, desses eu nunca esperei grande coisa. Nunca me iludiram e, portanto, nunca me desiludiram.  

publicado por Domingos Amaral às 10:18 | link do post | comentar | ver comentários (20)
Quarta-feira, 05.06.13

O problema do meu nome Domingos

É um dos pequenos tormentos da minha vida, o meu nome. Nunca consegui bem perceber porquê, mas há imensa gente que não consegue fixar o meu primeiro nome, Domingos.

O problema não está no Amaral, o segundo nome. Esse todos o conseguem dizer. É um nome aberto, sonante, expansivo, e não confunde ninguém. O problema está no primeiro nome, Domingos, que tanta gente troca.

Ainda há dias, recebi pelo correio para aí a centésima carta destinada ao...Diogo Amaral. Quer dizer, a carta era destinada para mim, para o escritor e jornalista e economista. Mas não para mim, como Domingos.

É algo que me persegue desde pequeno. Já a minha professora de música, a minha querida Salomé (que nome fantástico para uma professora de música!), me trocava o nome.

Tinha eu quatro ou cinco anos, e ela dizia "então Diogo, pode cantar o dó-ré-mi?" E eu encolhia os ombros e, antes de me atirar à cantoria, lá resmungava: "não sou Diogo, sou Domingos".

É evidente que a maior parte das confusões se gera porque o meu pai se chama Diogo. Daí que, concluem as pessoas, é evidente que eu me chamo também Diogo. É uma confusão compreensível, há imensos rapazes que têm o mesmo nome do pai.

Mas, se as pessoas pensam que é a única confusão, estão enganadas. Há umas semanas atrás, num encontro no Chapitô, fui apresentado como o escritor...Ricardo Amaral!

Ricardo? Porquê Ricardo? Não é que eu não goste do nome, que gosto. E até tenho um bom amigo chamado Ricardo, mas não consegui perceber a ligação.

Onde está a conexão secreta entre mim e o nome Ricardo? Não há, na árvore geneológica dos meus Amarais, nenhum Ricardo! E também não conheço nenhum famoso, nenhuma celebridade chamada Ricardo Amaral!

E já que falamos em celebridades, diga-se que o actor Diogo Amaral também tem a sua quota de responsabilidade nesta questão do meu nome. É que já me aconteceu chamarem-me Diogo Amaral porque pensavam que eu era o actor e escritor...

Foi uma espécie de 2 em 1, um Diogo e um Domingos acabavam sendo um único Diogo. Diga-se, para que fique escrito, que o Diogo Amaral não é da minha família, não temos qualquer relação de parentesco, mas pelos vistos estamos irmanados para a eternidade!

Só que as confusões não ficam por aqui. Aqui há uns tempos, uma revista social fez uma reportagem comigo e chamou-me...Gonçalo Amaral! Sim, Gonçalo. Quem terá sido o inspirador de mais esta trapalhada?

Na época, falava-se muito de um inspector da PJ que investigou o caso Maddie, e que se chamava Gonçalo Amaral. Terei sido confundido com ele?

Enfim, é por estas e por outras que já pensei em alterar ligeiramente o meu nome. Em vez de Domingos Amaral usaria um nome de guerra mais moderninho, tipo "DF Amaral", uma coisa assim a modos que a meio caminho entre a JK Rowling e o MC Hammer. 

Infelizmente, tenho a sensação que já deve existir um DJ qualquer com um nome parecido, por isso é melhor ficar quieto. 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:35 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Terça-feira, 04.06.13

Michael Douglas, o cancro na garganta e o sexo oral

O célebre ator Michael Douglas, que já vai na bonita idade de 68 anos, explicou recentemente ao jornal inglês Guardian que o cancro na garganta que o afecta se deve a ter praticado muito...sexo oral.

O jornalista que o entrevistou pensava que a doença de Douglas se devia à sua vida de excessos, ao consumo de álcool e de drogas, mas o actor refuta essa interpretação, dizendo: "Não! Sem querer ser muito específico, este tipo de cancro em particular foi causado por HPV, que na verdade advém do cunnilingus"!

Nem mais! O delicioso da frase é aquele subtil "sem querer ser muito específico", onde cabem mil e uma especulações possíveis. O HPV ou vírus do papiloma humano, é de facto o causador dos cancros do colo do útero, e suspeita-se que já existem muitos casos como o de Douglas, mas mesmo assim...

O que é estranho nesta declaração é a sombra que ela deita sobre a mulher de Douglas, a não menos famosa actriz Cahterine Zeta-Jones. Se Douglas diz que contraiu este cancro devido ao sexo oral, isso coloca apenas duas possibilidades, ambas desagradáveis.

Ou bem que Douglas contraiu a doença porque Zeta-Jones tem esse vírus dentro dela, o que é um sarilho para o casal pois nesse caso não temos apenas um problema medicinal, mas sim dois problemas medicinais.

Ou então Douglas contraiu a doença a praticar sexo oral com outras mulheres, confessando assim em público a sua absoluta infidelidade à mulher, o que é sem dúvida uma forma sofisticada de a enxovalhar e humilhar. 

Seja como for, há aqui um ensinamento a retirar. A partir de agora, qualquer homem terá de incluir no seu interrogatório sexual prévio às mulheres a terrível questão: "e como vai isso de papiloma?"

publicado por Domingos Amaral às 11:49 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Segunda-feira, 03.06.13

Mário Soares e a união das esquerdas e do povo unido

Quando um governo de direita vira demasidado à direita e ainda por cima governa mal, não é de estranhar que a esquerda vire à esquerda e se comece a unir.

É a isso que temos estado a assistir nos últimos meses: uma progressiva união das esquerdas, juntando socialistas, comunistas, bloquistas, sindicalistas e ainda alguns radicais.

Além da Grândola e de Mário Soares, que tudo tem feito para patrocinar esta "frente popular" do século XXI, a cola que une a esquerda é a terrível crise económica em que este governo mergulhou o país, mas sobretudo uma rejeição ideológica fortíssima da postura deste PSD.

Passos Coelho não só pratica um neo-liberalismo de retórica, o que irrita a esquerda; como sobretudo parece ter uma permanente postura de afrontamento da Constituição, provocando um cisma no consenso geral que antes existia sobre os princípios fundamentais do regime.

Este ataque ideológico à Constituição e ao seu representante jurídico, o Tribunal Constitucional, não é ilegítimo, mas é um terrível erro político conjuntural.

Com tanta dificuldade que este Governo tinha para enfrentar, não se percebe que tenha escolhido intencionalmente uma luta ideológica e anti-Constituição, numa época em que o mais necessário era a existência de alguns consensos nacionais para enfrentar as dificuldades.

Mas, Passos Coelho não parece ter muito bom senso. No meio da tempestade financeira e económica, escolheu abrir ainda mais frentes de guerra, e promover uma luta contra a Constituição e contra alguns dos seus princípios.

O resultado não tem sido bonito de ver. Além de ter mergulhado o país numa profunda crise económica, Passos Coelho está a conseguir o que ninguém antes em Portugal tinha conseguido: unir as esquerdas. 

Os sinais são cada vez mais evidentes. E não, não são apenas os apelos de Mário Soares, alguns compreensíveis, outros evidentes excessos e excitações. 

São sobretudo as aproximações entre a UGT e a CGTP, os encontros de esquerda onde se vêem pela primeira vez socialistas, comunistas e bloquistas juntos; e uma lenta, mas segura, aproximação nos discursos e nas ideias.

É ainda possível declarar, com sobranceria, como fazem muitas pessoas de direita, que Soares está velho e já não risca nada.

E é possível também proclamar que Seguro não tem "carisma", nem nunca será o líder pelo qual a esquerda anseia.

É verdade, pelo menos por agora. Mas, cada dia que passa a esquerda está mais próxima da união, está maior e a crescer.

Um dia destes será indiferente quem a lidera, porque a união faz a força. 

publicado por Domingos Amaral às 10:23 | link do post | comentar | ver comentários (9)
 

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